O que preciso saber antes de comprar um telescópio?

No último Olhar Espacial, o entrevistado Sandro Coletti contou a história dos telescópios e como escolher um de alta qualidade, evitando os piores O post O que preciso saber antes de comprar um telescópio? apareceu primeiro em Olhar Digital.

Abr 15, 2025 - 00:27
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O que preciso saber antes de comprar um telescópio?

Todas as sextas-feiras, ao vivo, a partir das 21h (pelo horário de Brasília), vai ao ar o Programa Olhar Espacial, no canal do Olhar Digital no YouTube. O episódio da última sexta-feira (11) (que você confere aqui) tratou sobre a história dos telescópios, como eles são produzidos e qual os detalhes que os amantes da astronomia têm que ficar de olho na hora de escolher o melhor instrumento de observação.

A última edição do programa contou com a presença do produtor de telescópios Sandro Coletti. Em entrevista ao apresentador Marcelo Zurita, o artesão contou como essas ferramentas astronômicas surgiram e qual a importância de Galileu e Newton em sua evolução. Além disso, explicou como é sua oficina de produção e quais detalhes fazem um bom telescópio.

“Há mais de quatro séculos, a invenção do telescópio revolucionou a nossa visão do universo, abrindo uma janela para o cosmos e revelando os seus segredos mais profundos”, comentou Zurita.

Zurita e Sandro Coletti no Olhar Espacial
Marcelo Zurita e Sandro Coletti no Olhar Espacial. (Imagem: Olhar Digital)

Telescópios: um acidente revolucionou a ciência

A origem dos telescópios foi acidental, segundo explicou Coletti. No começo do século XVII, o ótico holandês Hans Lippershey observava seu filho brincando com algumas peças de vidro. De repente, o garoto alinhou uma lente de distância focal comprida com outra mais curta, que colocou perto do olho. Assim, ele percebeu que poderia ampliar objetos distantes.

Logo, Lippershey começou a produzir e vender um objeto que juntava as duas lentes. Inicialmente, os compradores o usavam para observações terrestres, colaborando para o avistamento de pedaços de terra em meio ao oceano, durante as navegações.

Tudo mudou quando o astrônomo Galileu Galilei soube dessa nova invenção. O cientista logo fez questão de criar sua própria versão, o “galileoscópio”, e mirou o instrumento para o céu noturno. Suas descobertas foram tão grandes que houve conflito entre os novos conhecimentos e os pensadores da época, levando Galilei a se retratar.

Pintura em que Galileu Galilei mostra seu telescópio para figuras do clero
Galileu sofreu resistência às suas ideias. (Imagem: Henry-Julien Detouche)

Mesmo com tamanho progresso, o astrônomo ainda usava uma lente de baixa qualidade. Segundo Coletti, o pouco refinamento da produção limitava a observação espacial a objetos muito brilhantes, fazendo com que alguns astros fossem difíceis de se estudar.

Anos depois, o matemático Johannes Kepler trouxe modificações para a ferramenta. Ele trocou a lente ocular de Galilei por uma biconvexa convergente, o que aumentou o campo de observação, mas deixou a imagem de ponta cabeça.

“Os instrumentos melhoraram de forma muito lenta nessas primeiras décadas do telescópio como instrumento cientifico”, comentou Coletti.

Foi no século XVIII que pesquisadores começaram a testar novas combinações de lentes. Porém, uma falha atrapalhava suas observações: a aberração cromática. Ela acontece quando a luz atravessa a lente de vidro e as ondas se dispersam de tal forma que as bordas da imagem ficam com uma “sombra” colorida, geralmente vermelha e roxa.

Newton mudou tudo

O físico Isaac Newton trocou as lentes por espelhos em seus testes, o que abriu um novo caminho para a construção de telescópios. Essa alteração resolveu a aberração cromática porque a luz não atravessa o espelho e assim não se decompõe.

Ele conseguiu chegar em imagens nítidas principalmente por poder calcular a medida das peças e ser especialista em óptica. O aprimoramento foi tão grande que reflete na técnica de produção de telescópios até hoje.

“Não consigo conceber uma solução mais extraordinária que o telescópio de Newton”, constatou o entrevistado.

Um telescópio de madeira com uma esfera em baixo. Uma réplica do projeto original de Newton
Réplica em madeira do Telescópio de Newton. (Imagem: Andrew Dunn / Wikimedia Commons)

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Como reconhecer um telescópio de qualidade?

Coletti comenta que, para além das lentes, a parte mecânica é fundamental.”95% de um telescópio é mecânico”, disse ele.

Em sua oficina, a maioria das ferramentas é voltada para o desenvolvimento de uma boa estrutura de metal para o instrumento. “Não basta ter apenas um espelho de qualidade, você tem que ter uma mecânica muito forte, estável e precisa”, explicou o produtor.

O entrevistado e Zurita observaram algumas falhas que telescópios à venda têm apresentado. Segundo eles, é importante ficar atento ao espelho secundário, que é plano e reflete a imagem do espelho curvado maior, que fica voltado para o céu.

Coletti mostrou alguns testes que fez com uma luz monocromática sobre os espelhos. Assim, ele conseguiu demonstrar as falhas da peça com uma técnica inventada por Newton. “Deve ser a segunda pior superfície óptica de ser feita. Plano não tem tolerância, ou ele é plano, ou não é”, disse o produtor.

Outro problema dos telescópios de produção industrial é a falta de estabilidade. Segundo Coletti, não é normal o instrumento tremer muito, o que prejudica a observação e pode acabar afastando as pessoas da prática.

Vale a pena fazer telescópios?

Coletti comentou que fica horas se dedicando a produção de peças e agora está produzindo um focalizador novo. Para a comunidade de produtores e interessados, ele posta vídeos ensinando a resolver problemas recorrentes na fabricação e dá dicas.

“Você aprende tanta coisa fabricando telescópios: mecânica, óptica, materiais… Tudo é muito legal”, disse o entrevistado.

Sandro Coletti divulga seu trabalho pelo Instagram: @sandrocoletti. Por lá também é possível entrar em contato com o produtor e adquirir seus telescópios.

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