O Melhor Amigo | Crítica
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O cinema cearense tem se consolidado como um dos mais vibrantes e autênticos do Brasil, e Allan Deberton, com sua sensibilidade ímpar, tem se destacado como um de seus mais talentosos representantes. Em O Melhor Amigo, o cineasta que já encantou com Pacarrete (2019) volta a explorar as complexidades dos sentimentos humanos, desta vez mergulhando em uma história de amor que pulsa ao som de hits nostálgicos das décadas de 80 e 90. O resultado é uma experiência que não apenas aquece o coração, mas também convida o espectador a revisitar memórias e se identificar com as inquietações emocionais de seus personagens.
Inspirado em seu curta homônimo de 2013, Deberton expande a trama para aprofundar a jornada emocional de Lucas (Vinicius Teixeira), um arquiteto frustrado com seu relacionamento atual com Martin (Léo Bahia). Ao optar por uma viagem solitária para Canoa Quebrada — um refúgio paradisíaco que simboliza liberdade e introspecção — Lucas encontra mais do que paisagens deslumbrantes: ele revive sentimentos há muito adormecidos ao reencontrar Felipe (Gabriel Fuentes), uma antiga paixão da faculdade. A narrativa, repleta de silêncios eloquentes e diálogos carregados de subtexto, constrói com delicadeza o dilema interno do protagonista, dividido entre as dores do passado e a incerteza do futuro.
Um dos grandes trunfos de O Melhor Amigo é como Allan Deberton insere a música como fio condutor da narrativa. Em vez de apenas pontuar momentos específicos, as canções moldam as emoções dos personagens e servem como gatilho para suas decisões. As batidas envolventes de “Melô do Piripipi” e “Conga Conga”, interpretadas pela própria Gretchen em uma participação especial deliciosa, não apenas injetam energia na trama, mas também evocam um sentimento de libertação e autodescoberta. Essa relação íntima com o cancioneiro popular brasileiro confere ao filme uma identidade forte, capaz de dialogar tanto com o público jovem quanto com aqueles que viveram intensamente as décadas retratadas.
Outro aspecto notável é a ambientação. As areias douradas e falésias avermelhadas de Canoa Quebrada são mais que um simples pano de fundo; elas funcionam como metáfora para os altos e baixos emocionais dos protagonistas. O olhar cuidadoso de Deberton transforma a praia cearense quase em um personagem, reforçando a sensação de que Lucas e Felipe estão navegando não apenas pelas belezas naturais, mas também pelos próprios sentimentos. É nesse cenário que Vinicius Teixeira e Gabriel Fuentes brilham, demonstrando uma química admirável que dá credibilidade à relação de seus personagens. Ambos retratam com sensibilidade as angústias, inseguranças e desejos reprimidos que permeiam suas trajetórias.
O Melhor Amigo é, acima de tudo, um filme sobre reencontros — com o passado, com os próprios sentimentos e com as diversas formas de amar. Allan Deberton entrega uma obra vibrante, que celebra a música, os afetos e a coragem de se redescobrir. Divertido, envolvente e emocionalmente sincero, o longa reafirma o talento do diretor cearense e consolida sua capacidade de narrar histórias que tocam o espectador com autenticidade e paixão.
Com distribuição da Sinny Comunicação, O Melhor Amigo estreia amanhã nos cinemas.
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