Nvidia (NVDA) puxa queda de bolsa americana; no Brasil, Orçamento de 2026 parece mais ‘obra de ficção’: Confira os destaques desta quarta-feira (16)
Os mercados globais atuam nesta quarta-feira (16) sob pressão com a queda de ações americanas. Veja mais. O post Nvidia (NVDA) puxa queda de bolsa americana; no Brasil, Orçamento de 2026 parece mais ‘obra de ficção’: Confira os destaques desta quarta-feira (16) apareceu primeiro em Empiricus.

O dia começa sob pressão nos mercados globais, puxada principalmente pela queda das ações americanas — e, no epicentro do movimento, está a Nvidia (NVDC34). A gigante de semicondutores recua com força após a nova ofensiva de Donald Trump, que proibiu a empresa de vender seu chip H20 para a China, aprofundando a guerra comercial com Pequim. A medida pode custar até US$ 5,5 bilhões em receita, arrastando consigo o sentimento de todo o setor de tecnologia. Nem mesmo o crescimento acima do esperado do PIB chinês no primeiro trimestre foi capaz de mudar o humor dos investidores: o pessimismo predomina. As bolsas europeias recuam, os futuros americanos apontam para baixo, e o fechamento asiático também foi negativo.
Na agenda do dia (16), os holofotes se voltam para as vendas no varejo dos EUA e, sobretudo, para mais uma fala de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, que pode oferecer pistas sobre os próximos passos da política monetária americana em meio ao atual cenário de disfunção comercial (resta saber se ele será mais ou menos “dovish” em relação aos próximos passos, considerando o risco de desaceleração e choque inflacionário). Enquanto isso, o Brasil observa o caos tarifário internacional e, de quebra, precisa digerir o Projeto de Orçamento de 2026 — um documento que, ao que tudo indica, mantém a tradição recente de desconexão com a realidade fiscal.
· 00:52 — Ficção orçamentária: o roteiro de 2026 já começou a ser escrito
No Brasil, os mercados voltaram a sofrer ontem (15), pressionados principalmente pela queda de pesos pesados ligados a commodities — reflexo direto da crescente incerteza em torno da guerra comercial global. A aversão ao risco foi generalizada: o real perdeu força e a curva de juros ganhou prêmio adicional, em mais um dia típico de fuga para a segurança. Para hoje, o foco doméstico se volta à apresentação do orçamento para 2026 — um documento que parece mais uma obra de ficção.
A peça projeta uma meta de superávit primário de 0,25% do PIB, com uma faixa de tolerância que vai de zero até 0,50% do PIB, o que corresponde a R$ 68,5 bilhões. Na prática, o governo estima um superávit de R$ 38,2 bilhões em 2026, dos quais R$ 34,3 bilhões estariam dentro da meta. O problema? O governo sequer conseguiu mostrar como pretende entregar o resultado de 2025, quem dirá o de 2026.
Além disso, o número apresentado só é viável porque parte de um artifício contábil: o desconto de R$ 55,1 bilhões em despesas que não entram no cálculo da meta, notadamente os precatórios. Sem esse artifício, o quadro seria de um déficit de R$ 16,9 bilhões. Vale lembrar que esse expediente tem prazo de validade: a partir de 2027, os precatórios voltam a ser computados integralmente no resultado primário. O governo até ensaia uma tentativa de prorrogar o “jeitinho”, mas qualquer extensão nesse sentido seria mais uma pedalada disfarçada de tecnicalidade.
Mesmo em 2024, paira uma névoa de desconfiança sobre a capacidade de cumprir as metas de arrecadação — seja pela frustração com receitas esperadas, seja pelas premissas de crescimento econômico que soam mais otimistas do que realistas. O diagnóstico não surpreende: uma combinação de receitas superestimadas com despesas subestimadas resulta em um orçamento que, no fundo, carece de credibilidade. No fim das contas, todos sabem que o problema fiscal brasileiro não será resolvido agora — e nem pelo atual governo. O horizonte realista para qualquer ajuste estrutural só se abre em 2027, e isso dependerá, essencialmente, da eleição de uma chapa genuinamente reformista e comprometida com o reequilíbrio das contas públicas. Até lá, seguiremos com o fiscal como nosso velho calcanhar de Aquiles.
· 01:44 — Vai flexibilizar ou não?
Nos Estados Unidos, a pressão sobre os mercados acionários voltou a ganhar fôlego. O S&P 500, em particular, chamou atenção ao registrar um cruzamento técnico desfavorável: sua média móvel de curto prazo rompeu para baixo a média móvel de longo prazo — um sinal clássico de perda de tração, conhecido no jargão como death cross. É a primeira vez que esse padrão se repete desde março de 2022, e costuma ser interpretado como um indício de fraqueza adicional no curto prazo.
No entanto, nem tudo está perdido. Historicamente, em 80% das ocasiões em que esse cruzamento ocorreu, o índice retomou sua trajetória de alta no prazo de 12 meses. Em outras palavras, o curto prazo pode continuar desconfortável, mas o médio e longo prazo ainda guardam espaço para recuperação — caso a história se repita, claro.
O pano de fundo, no entanto, é de crescente apreensão. O temor de uma recessão por conta da guerra comercial se espalha com mais intensidade entre analistas, gestores e empresários. A percepção de que a economia americana caminha para uma estagnação em 2025 já não é marginal — ela vem ganhando corpo nos modelos.
Na agenda do dia, os dados de vendas no varejo prometem ajudar a calibrar as expectativas para o consumo, que ainda responde por cerca de 70% da economia americana. Também teremos nova fala do presidente do Federal Reserve, Powell, que pode lançar alguma luz sobre o rumo da política monetária em meio a esse cenário instável. Enquanto isso, a temporada de resultados segue em curso, com os investidores cada vez mais atentos não apenas aos números, mas aos sinais prospectivos dados pelas companhias (os famosos guidances para os próximos anos).
· 02:33 — Esperando a ligação
O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que a “bola está no campo da China”. Agora, começa a ficar mais claro o que será exigido para que Pequim volte à mesa de negociações. Parece haver disposição para dialogar — desde que os “termos corretos” sejam oferecidos. E esses termos, como era de se esperar, envolvem mais do que tarifas e tabelas. Pequim quer ver gestos concretos de boa-fé. Isso inclui, por exemplo, a suspensão de declarações hostis por parte de membros do gabinete americano e uma demonstração de respeito institucional mínima — algo que anda em falta na retórica recente da Casa Branca. A diplomacia chinesa também deseja que Washington designe um interlocutor claro, com autoridade direta e respaldo inequívoco de Trump, para conduzir as conversas. Ou seja, não basta sentar à mesa: é preciso que quem sente fale em nome do presidente — e seja levado a sério.
A realidade é que o destino da economia global e a estabilidade dos mercados financeiros passam, em grande medida, pela capacidade das duas maiores potências mundiais de evitarem uma escalada prolongada na guerra comercial. Trump, por ora, insiste que o primeiro movimento precisa vir da China. Mas, considerando o acúmulo de atritos, o desgaste diplomático e a falta de avanço nas conversas mais relevantes até aqui, soa pouco provável que Pequim se apresse em atender essa expectativa. A União Europeia, que também busca compreender o rumo dessa nova geopolítica comercial, já expressou frustração: há pouca clareza quanto à estratégia da Casa Branca — e menos ainda quanto aos seus objetivos finais. Em outras palavras, não se trata apenas de negociar; trata-se de entender com quem, de fato, se está tentando negociar. E esse, talvez, seja o obstáculo mais espinhoso do momento.
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· 03:29 — Até lá, o clima segue tenso…
Enquanto o impasse persiste, Pequim eleva o tom. O mais novo movimento veio com um recado direto à indústria aeronáutica americana: companhias aéreas chinesas foram orientadas a suspender a aceitação de entregas de novos jatos da Boeing. A China Southern Airlines, uma das maiores operadoras aéreas do planeta, cancelou a compra de dez aeronaves — um golpe significativo para a fabricante norte-americana, cuja presença no mercado asiático já vinha sendo enfraquecida. A empresa, que opera mais de 900 jatos comerciais e transportou 165 milhões de passageiros apenas em 2024, é uma peça central no setor global de aviação. O impacto é claro. E o recado, ainda mais. Como se não bastasse, Pequim também instruiu as transportadoras locais a evitarem a aquisição de peças de reposição fabricadas nos EUA. Trata-se, evidentemente, de uma retaliação deliberada em meio à escalada comercial com Washington. Em contrapartida, nomes alternativos ao oligopólio tradicional da aviação comercial — como a brasileira Embraer — podem emergir como beneficiários indiretos.
A ofensiva chinesa, no entanto, não se limita ao setor aéreo. Recentemente, o país reforçou as restrições à exportação de minerais de terras raras, um movimento com implicações potencialmente ainda mais profundas. Vale lembrar: os chamados “metais de terras raras” — um grupo de 17 elementos — não são necessariamente escassos em termos absolutos, mas sua extração e processamento são complexos, ambientalmente danosos e altamente concentrados na China. Esses metais desempenham papel central em cadeias produtivas estratégicas, especialmente em tecnologias de ponta. Servem como insumo essencial na fabricação de veículos elétricos, semicondutores avançados, turbinas eólicas, mísseis de última geração, equipamentos de telecomunicações e até lâmpadas de LED.
Desde o primeiro mandato de Donald Trump, a China já sinalizava disposição para usar seu quase monopólio sobre essas matérias-primas como ferramenta geopolítica. Agora, com a suspensão de exportações e a imposição de tarifas retaliatórias, esse instrumento volta à mesa. A mensagem de Pequim é clara: pode não vencer uma guerra tarifária na retórica, mas pode sabotar silenciosamente setores inteiros da economia americana — inclusive alguns ligados diretamente à segurança nacional. O temor é que, além de comprometer cadeias produtivas críticas, essa estratégia possa minar a prontidão militar dos EUA. Afinal, há armas sofisticadas que não saem da prancheta sem ítrio, lantânio ou neodímio — e quase todos eles passam pela China. Não é apenas uma disputa comercial, é uma Nova Guerra Fria.
· 04:17 — Bom para os europeus
A perda de credibilidade dos EUA começa a se converter, de forma cada vez mais evidente, em ganho para a Europa. O euro opera em seu nível mais forte dos últimos três anos, enquanto os títulos soberanos alemães de 10 anos superaram os Treasuries na semana passada — com a maior diferença de retorno já registrada entre ambos. Já as bolsas europeias, embora também afetadas pelo ambiente de guerra comercial, têm demonstrado uma resiliência notavelmente superior à dos índices americanos.
Trata-se de um efeito colateral direto da aversão crescente às políticas comerciais erráticas e destrutivas da Casa Branca, que vêm corroendo lentamente os alicerces do chamado “excepcionalismo americano”. Investidores globais, diante da volatilidade em Washington, têm buscado alternativas mais previsíveis — e o Velho Continente, ainda que longe de perfeito, volta a ser percebido como porto relativamente seguro.
Essa rotação de confiança ganha ainda mais força com a recente guinada da Alemanha, que decidiu destravar investimentos bilionários em infraestrutura e defesa. O gesto não apenas altera a perspectiva de longo prazo da maior economia da zona do euro, como também reforça a ideia de que, em um mundo onde os EUA parecem cada vez mais dispostos a sabotar suas próprias instituições, é a Europa que começa a se reposicionar — ainda que timidamente — como herdeira da racionalidade ocidental.
· 05:01 — A máquina ainda roda — e com força: ela segue gerando caixa
Com o petróleo em queda livre diante do tarifaço de Trump, vale revisitar a tese em Petrobras (PETR4) — e, principalmente, entender até onde esse movimento pode ir. A pergunta que se impõe é: qual é o limite para a desvalorização do barril?
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