Novo obscurantismo impulsiona autocracias

A historiadora Anne Applebaum escreve na piauí deste mês sobre como a herança do Iluminismo – que lutou contra a irracionalidade e produziu Estados democráticos baseados no predomínio da lei – está sendo jogada no lixo pelos profetas do Novo Obscurantismo, que em todo o mundo andam espalhando soluções mágicas, superstição e medo. “Entre eles, estão charlatões da saúde e influenciadores que desenvolveram ambições políticas; fãs do movimento quase religioso QAnon; e membros de vários partidos políticos de toda a Europa que são pró-Rússia e antivacina e, em alguns casos, também promovem o nacionalismo místico”, escreve Applebaum. A historiadora aponta que esse Novo Obscurantismo atingiu inclusive os mais altos escalões da política dos Estados Unidos. As recentes nomeações de Donald Trump servem de exemplo dessa virada. O novo presidente americano escolheu como diretora da Agência de Segurança Nacional a política Tulsi Gabbard, que mantém relações com uma seita dissidente do movimento Hare Krishna e é apologista do ditador russo Vladimir Putin. Para o cargo de diretor do FBI, Trump optou por Kash Patel, que ajudou a promover a Warrior Essentials, empresa que vende antídotos tanto para a Covid como para vacinas contra a Covid. E, para o Departamento de Saúde e Serviços Humanos, o escolhido foi Robert F. Kennedy Jr., que, além de apologista de Putin, é inimigo das vacinas e do flúor. The post Novo obscurantismo impulsiona autocracias first appeared on revista piauí.

Fev 18, 2025 - 18:10
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Novo obscurantismo impulsiona autocracias

A historiadora Anne Applebaum escreve na piauí deste mês sobre como a herança do Iluminismo – que lutou contra a irracionalidade e produziu Estados democráticos baseados no predomínio da lei – está sendo jogada no lixo pelos profetas do Novo Obscurantismo, que em todo o mundo andam espalhando soluções mágicas, superstição e medo. “Entre eles, estão charlatões da saúde e influenciadores que desenvolveram ambições políticas; fãs do movimento quase religioso QAnon; e membros de vários partidos políticos de toda a Europa que são pró-Rússia e antivacina e, em alguns casos, também promovem o nacionalismo místico”, escreve Applebaum.

A historiadora aponta que esse Novo Obscurantismo atingiu inclusive os mais altos escalões da política dos Estados Unidos. As recentes nomeações de Donald Trump servem de exemplo dessa virada. O novo presidente americano escolheu como diretora da Agência de Segurança Nacional a política Tulsi Gabbard, que mantém relações com uma seita dissidente do movimento Hare Krishna e é apologista do ditador russo Vladimir Putin. Para o cargo de diretor do FBI, Trump optou por Kash Patel, que ajudou a promover a Warrior Essentials, empresa que vende antídotos tanto para a Covid como para vacinas contra a Covid. E, para o Departamento de Saúde e Serviços Humanos, o escolhido foi Robert F. Kennedy Jr., que, além de apologista de Putin, é inimigo das vacinas e do flúor.

“Para os americanos, a fusão da pseudoespiritualidade com a política significa se afastar de alguns de seus princípios mais profundos, como o de que a lógica e a razão levam a um bom governo, que o debate baseado em fatos leva a boas políticas, que a governança prospera à luz do Sol e que a ordem política reside em regras, leis e processos, não em carisma místico”, observa Applebaum. “Os adeptos do Novo Obscurantismo romperam com os ideais dos fundadores dos Estados Unidos, que se consideravam, todos eles, homens do Iluminismo.”

 

O Novo Obscurantismo se espalha para além das fronteiras americanas. Na Alemanha, tanto a política de esquerda Sahra Wagenknecht quanto o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD) promovem o ceticismo em relação às vacinas e às mudanças climáticas, incentivam o nacionalismo tipo “sangue e solo” (adotado pelos nazistas) e a retirada do apoio alemão à Ucrânia. Em toda a Europa Central, a fascinação pelas runas e a magia popular se alinha com a xenofobia de direita e com o paganismo de esquerda. “Líderes espirituais estão se tornando políticos, e políticos se desviaram para o ocultismo”, diz a historiadora.

Assinantes da revista podem ler a íntegra do texto neste link.

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