Itamaraty sai em defesa da Palestina e acusa Israel de violar cessar-fogo
Texto divulgado pela diplomacia condena 'violações israelenses' na Faixa de Gaza: 'presença continuada de Israel no Território Palestino Ocupado é ilícita'

O Itamaraty divulgou, nesta segunda, uma dura nota em que acusa Israel de violar os termos do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza.
O texto foi divulgado depois de uma reunião do Mecanismo de Consultas Políticas Bilaterais Brasil-Palestina, envolvendo a secretária-geral do Itamaraty, embaixadora Maria Laura da Rocha, e a ministra de Estado dos Negócios Estrangeiros e Expatriados do Estado da Palestina, Dra. Varsen Aghabekian Shahin.
Segundo a nota, os representantes brasileiros e palestinos na conversa “discutiram a situação na Palestina, expressaram preocupação com a fragilidade do cessar-fogo na Faixa de Gaza e condenaram violações israelenses a esse acordo, em particular a suspensão da entrada de ajuda humanitária e energia elétrica”.
“Concordaram sobre a urgência de alcançar acordo para a cessação permanente das hostilidades, incluindo a retirada completa das forças israelenses do território, a libertação de reféns israelenses e prisioneiros palestinos detidos em violação ao direito internacional, assim como a definição de mecanismo robusto que garanta o acesso desimpedido de ajuda humanitária”, segue o texto.
Leia o comunicado:
A Secretária-Geral do Ministério das Relações Exteriores da República Federativa do Brasil, Embaixadora Maria Laura da Rocha, e a Ministra de Estado dos Negócios Estrangeiros e Expatriados do Estado da Palestina, Dra. Varsen Aghabekian Shahin, conduziram, em Brasília, em 17 de março de 2025, a V Reunião do Mecanismo de Consultas Políticas Bilaterais Brasil-Palestina.
Discutiram a situação na Palestina, expressaram preocupação com a fragilidade do cessar-fogo na Faixa de Gaza e condenaram violações israelenses a esse acordo, em particular a suspensão da entrada de ajuda humanitária e energia elétrica. Concordaram sobre a urgência de alcançar acordo para a cessação permanente das hostilidades, incluindo a retirada completa das forças israelenses do território, a libertação de reféns israelenses e prisioneiros palestinos detidos em violação ao direito internacional, assim como a definição de mecanismo robusto que garanta o acesso desimpedido de ajuda humanitária. Manifestaram apoio ao Plano de Recuperação, Reconstrução e Desenvolvimento de Gaza, adotado pela Liga dos Estados Árabes em 4 de março de 2025, e coincidiram sobre a necessidade de o governo do Estado da Palestina retornar a Gaza.
Expressaram sua preocupação com a situação na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, em vista da contínua expansão de assentamentos israelenses ilegais, ataques de colonos israelenses contra civis palestinos, ameaças de anexação e intensificação de operações militares israelenses em cidades e campos de refugiados palestinos, que levaram ao deslocamento forçado de dezenas de milhares de palestinos.
Recordaram a opinião consultiva da Corte Internacional de Justiça de 19 de julho de 2024, que concluiu que a presença continuada de Israel no Território Palestino Ocupado é ilícita e deve ser terminada o mais rapidamente possível.
Reiteraram o forte apoio a inicitativas voltadas à implementação da opinião consultiva e da Resolução ES-10/24 da AGNU e decidiram cooperar na preparação da vindoura Conferência Internacional de Alto Nível para a Solução Pacífica da Questão da Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados, em junho.
Ressaltaram que a Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA) é insubstituível e rejeitaram todas as tentativas de impedir suas atividades no Território Palestino Ocupado.
Discutiram os temas mais importantes da agenda bilateral e concordaram em aprofundar a cooperação em vários campos. Decidiram realizar reuniões do Mecanismo de Consultas Políticas Bilaterais anualmente, a fim de intercambiar opiniões sobre questões regionais e internacionais de interesse comum. Também concordaram em promover contatos entre instituições acadêmicas e organizações de seus países especializadas na área de relações internacionais e política externa e em incentivar contatos entre instituições culturais e da sociedade civil assim como cooperação entre instituições do setor privado de seus países.
A Embaixadora Maria Laura da Rocha reafirmou o forte apoio do Brasil à consecução dos direitos legítimos do povo Palestino, incluindo o direito à autodeterminação, com base na solução de dois estados.