Ibovespa e bolsas europeias em alta, telefonema de Trump e Putin, novos ataques em Gaza: veja os destaques desta terça-feira (18)

Enquanto o mundo foca na ligação entre Donald Trump e Vladimir Putin nesta terça-feira (18), a bolsa brasileira alcançou novas altas no pregão anterior. O post Ibovespa e bolsas europeias em alta, telefonema de Trump e Putin, novos ataques em Gaza: veja os destaques desta terça-feira (18) apareceu primeiro em Empiricus.

Mar 18, 2025 - 15:29
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Ibovespa e bolsas europeias em alta, telefonema de Trump e Putin, novos ataques em Gaza: veja os destaques desta terça-feira (18)

O grande evento do dia é a aguardada ligação entre Donald Trump e Vladimir Putin, um telefonema que pode determinar os rumos da guerra na Ucrânia após mais de três anos de conflito. Os líderes europeus, no entanto, não escondem seu pessimismo – e com razão. Ainda que haja uma chance de Putin colocar na mesa algumas demandas “aceitáveis”, o histórico de negociações do Kremlin sugere que qualquer concessão virá acompanhada de um preço alto. Um dos principais trunfos russos nesse jogo pode ser a redução de sanções, o que, caso entre na negociação, abriria espaço para um alívio geopolítico imediato, mas com implicações incertas no longo prazo.

Enquanto isso, porém, o outro front de tensão global segue se deteriorando. Os ataques noturnos em Gaza voltam a acontecer, empurrando para cima os preços do petróleo e comprometendo a já frágil perspectiva de um cessar-fogo na região. Ou seja, mesmo que o telefone toque em Moscou e um acordo na Ucrânia avance, ainda há pólvora suficiente para manter o prêmio de risco geopolítico elevado.

No mercado, o otimismo prevalece. As principais bolsas europeias avançam pela terceira sessão consecutiva, impulsionadas por dados positivos de sentimento empresarial e a crescente possibilidade de aprovação da reforma fiscal. O bom humor já vinha sendo sinalizado na véspera e encontrou eco na Ásia, onde as praças acompanharam o movimento positivo do Ocidente. No fim das contas, o mercado segue aquele velho padrão: se o caos for administrável, a festa continua.

· 00:53 — Subindo até onde?

No Brasil, ultrapassamos novamente a marca dos 130 mil pontos, impulsionados pelo otimismo global com os estímulos chineses, como já discutimos ontem (17). O efeito foi especialmente positivo para as commodities, mas o sentimento de apetite ao risco se espalhou por todo o mercado: o dólar recuou para abaixo de R$ 5,70, os juros na curva cederam, e as ações cíclicas domésticas ganharam fôlego na Bolsa.

Além do pano de fundo externo, hoje (18) começa a reunião de política monetária do Banco Central, que amanhã, após o fechamento do mercado, deve elevar a Selic em 100 pontos-base, levando a taxa para 14,25% ao ano. A grande incógnita não está na decisão em si, mas no tom do comunicado: a sinalização deve apontar para uma desaceleração no ritmo de alta da Selic em maio. Já a Selic terminal ainda é uma questão aberta e dependerá da inflação e da atividade nos próximos meses.

O problema, como sempre, é que o governo segue se esforçando para atrapalhar qualquer avanço. O flerte com medidas heterodoxas continua, tentando “pisar no acelerador” enquanto mantém o freio de mão puxado. O risco imediato é até onde Lula está disposto a dobrar a aposta para tentar reverter a queda de popularidade — e essa é a variável que pode definir até onde os ativos locais podem chegar antes de encontrar um teto. O mercado já precifica uma provável mudança do pêndulo político em 2026, mas o caminho até lá ainda é longo e turbulento.

Em Brasília, o desarranjo segue firme: ainda não temos um orçamento aprovado para o ano, mas, enquanto isso, o governo apresenta formalmente sua proposta de ampliação da isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil mensais, ao custo de R$ 27 bilhões anuais — um rombo fiscal patrocinado por um governo sem qualquer credibilidade em matéria de responsabilidade fiscal. Para compensar, a proposta deve prever aumento de imposto para quem ganha acima de R$ 50 mil e a taxação de dividendos.

Já debatemos diversas vezes os méritos de uma reforma tributária da renda, mas o problema não é a ideia em si — é a forma desastrosa como está sendo conduzida. O governo simplesmente decide isentar mais de 90% da população, enquanto amplia subsídios para o Minha Casa, Minha Vida. Não há organização, não há foco, e parece que Brasília já se agarrou à única ideia que lhe restou: a isenção. Pior ainda, é uma ideia ruim. Imaginem a frustração de só ter um plano e ele ainda ser equivocado. Deve ser desolador. A estrada para 2026 promete ser ainda mais acidentada.

 · 01:46 — Problemas com crescimento

Nos EUA, o mercado segue obcecado com os sinais de crescimento — ou a falta deles. Os dados de vendas no varejo divulgados ontem (17) indicam uma economia ainda resiliente, mas já dando sinais de desaceleração. A Pesquisa de Manufatura Empire State do Fed de Nova York reforçou essa percepção ao mostrar uma queda acentuada na atividade empresarial em março. Esses números não são exatamente um bom presságio para o crescimento econômico em 2025.

O foco agora recai sobre os gastos do consumidor, que representam a espinha dorsal do PIB americano. Se os consumidores começarem a apertar os cintos, as empresas — especialmente aquelas do setor de consumo — terão que abandonar o conforto dos últimos anos e voltar a se preocupar com eficiência operacional e expansão de margens. O problema? As últimas semanas já mostraram o que acontece quando a dúvida sobre o crescimento se infiltra no mercado: tanto o S&P 500 quanto o Nasdaq Composite entraram em território de correção, e o risco de recessão voltou ao radar.

A correção no valuation das Magnificent 7 (as sete gigantes da tecnologia) também não passou despercebida. Os múltiplos, agora no menor nível desde 2022-2023, já começam a atrair investidores, mas a cautela persiste. Para piorar o cenário, a OCDE revisou para baixo as projeções de crescimento dos EUA para este ano e o próximo. A organização reduziu suas expectativas para a maioria dos países desenvolvidos e projetou uma desaceleração global para 3,1% em 2025 e 3% em 2026.

No entanto, nem tudo é tragédia. A desaceleração pode acabar pavimentando o caminho para cortes de juros do Federal Reserve no segundo semestre. O banco central americano inicia hoje sua reunião de política monetária, que será concluída amanhã — e, embora a manutenção dos juros seja praticamente certa, o que realmente importa será o tom do comunicado e as projeções econômicas que o acompanham. Se o Fed sugerir que os cortes ainda estão na mesa, o mercado pode enxergar uma luz no fim do túnel. Se não houver recessão, pode ser um caminho…

· 02:32 — Testando convicção

A Nvidia (NVDC34) abriu sua conferência anual na segunda-feira, reunindo um exército de engenheiros, cientistas e executivos da elite da tecnologia e das finanças. Mas o grande espetáculo acontece na terça-feira à tarde, quando o CEO Jensen Huang sobe ao palco para seu aguardado discurso. E, se tem uma coisa que Huang sabe fazer, além de liderar a empresa mais valiosa do setor, é transformar anúncios de novos produtos e parcerias em eventos quase messiânicos para o mercado.

A expectativa gira em torno de cinco pontos cruciais: i) atualizações sobre o Blackwell, a CPU de última geração da Nvidia; ii) detalhes sobre seu sucessor, o Blackwell Ultra; iii) a estratégia da empresa para integrar componentes ópticos e acelerar a performance de redes; iv) novidades no campo do raciocínio de IA e sua evolução; e v) o estágio atual da Nvidia na corrida da computação quântica. Dependendo do que for revelado, o mercado pode reagir forte — para cima ou para baixo.

E essa reação ganha ainda mais relevância considerando o desempenho recente das ações. Depois de um rali insano, a Nvidia passou por uma correção, o que, sob algumas óticas, pode ter deixado o papel relativamente “barato”. A empresa agora negocia abaixo de um desvio padrão da média de cinco anos nos múltiplos de preço sobre lucros e valor da firma sobre Ebitda. Ou seja, se Huang entregar boas notícias e a Nvidia reacender o otimismo do mercado, o evento pode ser o gatilho perfeito para uma nova pernada de alta. Caso contrário, a pressão sobre o valuation pode aumentar. De qualquer forma, uma coisa é certa: a Nvidia segue como o nome mais quente do jogo de IA e semicondutores — e o mercado sabe disso.

· 03:28 — Tensão no Oriente Médio

Durante a noite, Israel lançou uma nova ofensiva contra alvos terroristas do Hamas na Faixa de Gaza, ameaçando o cessar-fogo que havia interrompido, por meros 15 meses, a escalada do conflito. Os ataques foram os mais intensos desde que as partes chegaram a um acordo temporário em janeiro, mas a trégua já parecia um castelo de cartas prestes a desmoronar. O primeiro-ministro israelente Benjamin Netanyahu justificou a ação alegando que o Hamas se recusou a aceitar os termos israelenses para modificar o acordo de cessar-fogo e libertar os reféns restantes — segundo Israel, dos cerca de 60 prisioneiros que ainda estão em Gaza, apenas 25 estariam vivos.

A Casa Branca manifestou apoio à decisão de Israel, mantendo sua postura de alinhamento estratégico no conflito. Até o momento, não há relatos de retaliação direta do Hamas, o que pode indicar que o grupo ainda espera manter algum tipo de negociação para restabelecer o cessar-fogo. Mas, independentemente do próximo movimento, a relativa calmaria que pairava sobre o Oriente Médio nas últimas semanas já foi pulverizada. O mercado, como sempre, reage rápido ao risco geopolítico. O preço do barril de petróleo amanhece em alta, refletindo a tensão renovada na região, que também viu ataques recentes contra os Houthis no Iêmen. O jogo de xadrez geopolítico continua — e, como de costume, o tabuleiro nunca fica parado por muito tempo.

· 04:15 — Tração europeia

As principais bolsas europeias seguem em alta, embaladas pelo otimismo com a votação de reformas econômicas na Alemanha. O parlamento alemão deve decidir hoje sobre um pacote de aumento nos empréstimos que pode não apenas impulsionar a maior economia da região, mas também criar um efeito cascata de crescimento.

O plano, defendido tanto por conservadores da democracia cristã quanto pelos sociais-democratas, prevê a criação de um fundo de € 500 bilhões voltado para infraestrutura e um relaxamento das regras de gastos em defesa — um movimento que, como venho destacando há meses, representa uma verdadeira guinada estrutural.

A ampliação dos investimentos públicos em defesa e infraestrutura, mesmo que ocorra de forma gradual, tende a fortalecer o crescimento econômico da zona do euro. E se uma mudança desse porte está acontecendo no eixo franco-alemão, pode apostar que será replicada em outras economias europeias — pelo menos naquelas que ainda dispõem de algum espaço fiscal, o que definitivamente não é o caso de todos.

O efeito imediato? Uma resposta acelerada dos demais países do euro, elevando seus próprios gastos militares e de infraestrutura para acompanhar o novo paradigma. Para o mercado, essa reconfiguração abre espaço para um novo ciclo de valorização das ações europeias, uma tese que já recomendei por aqui e que vem rendendo bons resultados em 2025. E o melhor: ainda há margem para que essas apostas continuem avançando, especialmente do ponto de vista de valuation. O jogo está só começando.

· 05:07 — O novo paradigma europeu

A explosão dos gastos militares pelo mundo, especialmente na Europa, tem sido um dos principais motores da valorização do setor de defesa. Mais um episódio dessa tendência veio nesta semana, com Reino Unido e União Europeia buscando um novo pacto de segurança. Para que a parceria avance, será necessário o aval unânime dos 27 estados-membros — o que, convenhamos, não será tarefa fácil…

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