Gravação assustadora de orcas imitando voz humana deixa pessoas aterrorizadas

As orcas, conhecidas como “baleias assassinas”, são criaturas que despertam tanto fascínio quanto respeito nos seres humanos. Com até 9 metros de comprimento e uma impressionante habilidade de caça, elas dominam os oceanos como predadoras de topo.

Capazes de enfrentar tubarões-brancos e até mesmo de encalhar voluntariamente para capturar focas, essas gigantes marítimas carregam uma aura de força e estratégia. Mas além da reputação temível, há um lado surpreendente nelas: uma inteligência extraordinária que as coloca entre os animais mais astutos do planeta.

A complexidade social das orcas é um dos pilares de seu sucesso. Elas vivem em grupos chamados pods, que funcionam como verdadeiras famílias unidas por laços que podem durar décadas. Cada pod desenvolve técnicas de caça únicas, transmitidas de geração para geração. Alguns usam ondas para derrubar focas de blocos de gelo, enquanto outros coordenam ataques em grupo para cercar presas rápidas, como os atuns. Essa transmissão de conhecimento não só revela capacidade de aprendizado, mas também uma sofisticada cultura coletiva.

Mas a inteligência desses cetáceos vai além das estratégias de sobrevivência. Estudos mostram que as orcas possuem um sistema de comunicação próprio, com dialetos específicos para cada pod. Sons variados — como cliques, assobios e pulsos — são usados para coordenar caçadas, alertar sobre perigos ou fortalecer conexões sociais. Recentemente, porém, pesquisadores descobriram que essa habilidade vocal pode ir além: algumas orcas são capazes de imitar sons humanos, incluindo palavras simples.

Um exemplo notável é o caso de Wilkie, uma orca fêmea que participou de um estudo pioneiro em 2018. Treinadores a ensinaram a reproduzir palavras como “olá”, “um, dois” e “tchau”, além do nome de sua cuidadora, “Amy”. Em gravações divulgadas, é possível ouvi-la emitir sons que se aproximam da fala humana, embora com um tom grave e distorcido, resultado da anatomia diferente de suas cordas vocais. O experimento, publicado na revista Proceedings of the Royal Society B, incluiu até um momento curioso: Wilkie aprendeu a imitar o som de uma “raspberry” — aquela zoada de língua que lembra flatulências —, mostrando certa irreverência em seu repertório.

Para os cientistas, a imitação não indica que as orcas compreendam o significado das palavras, mas demonstra uma flexibilidade vocal impressionante. Josep Call, coautor do estudo, explica que a capacidade de copiar sons desconhecidos — como termos humanos — revela um mecanismo de aprendizado baseado na escuta e na prática. Isso sugere que, assim como os humanos, elas usam a imitação para adquirir novas habilidades, um traço raro no reino animal. A descoberta abre portas para entender como a comunicação desses animais evoluiu e como estruturas sociais complexas influenciam seu desenvolvimento cognitivo.

As reações do público aos áudios de Wilkie variaram entre o encantamento e o humor. Enquanto alguns ouvintes descreveram os “olás” da orca como “um pouco assustadores”, comparando-os a vozes sobrenaturais, outros celebraram a conexão inusitada entre espécies. Nas redes sociais, comentários destacaram desde o lado cômico — “Isso é a coisa mais engraçada e arrepiante que já ouvi!” — até a emoção de testemunhar a riqueza da vida marinha: “Isso me faz acreditar na magia do nosso planeta”.

Apesar do fascínio gerado, especialistas reforçam que a imitação vocal é apenas uma faceta da inteligência das orcas. Na natureza, elas exibem comportamentos como cuidar de membros feridos do pod, ensinar filhotes a caçar e até “brincar” com presas antes do abate — ações que indicam planejamento e empatia. Em cativeiro, já foram observadas resolvendo problemas complexos, como abrir portões subaquáticos, usando observação e tentativa-erro.

Essa combinação de força, astúcia e sociabilidade coloca as orcas em um lugar único na cadeia alimentar oceânica. Enquanto predadoras, mantêm o equilíbrio de ecossistemas marinhos, controlando populações de outras espécies. Como animais altamente comunicativos, desafiam nossa compreensão sobre a evolução da linguagem. E, agora, como imitadoras de sons humanos, elas nos lembram que a linha que separa nossa espécie dos outros seres vivos pode ser mais tênue — e mais surpreendente — do que imaginamos.

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