Google banca ex-funcionários em casa para impedir que migrem para os rivais

Big tech impede profissionais de IA de atuarem na concorrência por até 1 ano, segundo site. Vice-presidente do setor na Microsoft chama prática de "abuso de poder". Google banca ex-funcionários em casa para impedir que migrem para os rivais

Abr 9, 2025 - 02:29
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Google banca ex-funcionários em casa para impedir que migrem para os rivais
Resumo
  • Google DeepMind impõe cláusulas de não concorrência de até 12 meses a ex-funcionários no Reino Unido, como forma de proteger interesses sensíveis.
  • Na prática, muitos profissionais estariam sendo pagos para permanecer em casa durante esse período.
  • O vice-presidente de IA da Microsoft, Nando de Freitas, disse que medida é um “abuso de poder” e que colegas querem se livrar das restrições.

O Google DeepMind, braço de pesquisas avançadas em inteligência artificial da big tech, está impondo cláusulas de não concorrência consideradas “agressivas” a seus funcionários no Reino Unido, de acordo com informações do Business Insider

Em alguns casos, os termos impedem que cientistas e engenheiros de IA atuem em empresas concorrentes por até 12 meses após saírem do Google — mesmo que já tenham outra proposta de trabalho.

Por que o Google DeepMind impõe essas cláusulas?

Um porta-voz do Google afirmou ao Business Insider que os contratos da DeepMind estão “em linha com os padrões de mercado” e que as cláusulas de não concorrência são usadas de forma seletiva para proteger interesses sensíveis da empresa.

Em 2023, esse tipo de prática foi proibida nos Estados Unidos pela Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês). Mas, no Reino Unido — onde fica a sede do DeepMind —, esses acordos são permitidos, desde que considerados razoáveis para proteger os “interesses legítimos” do empregador. 

A duração das cláusulas varia conforme o cargo e o envolvimento com projetos que são considerados críticos pela DeepMind, segundo o site. Pesquisadores que trabalharam no Gemini, por exemplo, informaram acordos de não concorrência de seis meses.

Durante esse tempo, muitos são colocados na chamada “licença-jardim”, medida comum no Reino Unido em que o funcionário é afastado, mas continua recebendo salário. Na prática, muitos profissionais estariam em uma espécie de limbo: são pagos para não trabalhar, mas também não poderiam contribuir para o avanço do setor em nenhuma outra empresa.

Chefe da Microsoft critica cláusulas do Google

Em uma publicação recente no X, Nando de Freitas, vice-presidente de IA da Microsoft e ex-diretor do DeepMind, afirmou que “toda semana” recebe mensagens de ex-colegas procurando formas de se livrar dessas restrições.

“Acima de tudo, não assinem esses contratos”, escreveu. “Nenhuma corporação americana deveria ter tanto poder, especialmente na Europa. É abuso de poder, que não justifica nenhum fim”.

Com informações do Business Insider

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