Geração Z em Portugal diz ‘não’ à chefia intermédia. Será o fim da liderança tradicional?
O relatório da Robert Walters revela que a Geração Z portuguesa valoriza flexibilidade, autonomia e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.


A Robert Walters Portugal anunciou os resultados divulga os resultados da sua pesquisa mais recente, revelando uma tendência crescente entre os profissionais da Geração Z em Portugal: uma rejeição significativa aos cargos tradicionais de chefia intermédia.
Assim, o estudo, realizado em 2025, revela que 45% dos jovens portugueses com formação superior e experiência profissional estão a evitar ativamente as funções de gestão intermédia.
O relatório da consultora de recrutamento especializado, Robert Walters, revela que a Geração Z portuguesa valoriza, acima de tudo, flexibilidade, autonomia e equilíbrio entre vida pessoal e profissional, tendo pouca ou nenhuma inclinação para seguir o caminho tradicional de liderança, historicamente, associado a níveis elevados de stress, responsabilidades desproporcionais e limitações de tempo pessoal.
“Para a Geração Z, a chefia intermédia muitas vezes não representa uma ambição de carreira, mas antes uma carga administrativa com pouca recompensa,” afirma David Ferreira, Country Head da Robert Walters.
“Este grupo de profissionais prefere um percurso de carreira mais autónomo, focado no desenvolvimento de competências e no seu crescimento pessoal, ao invés de gerirem equipas e estarem sujeitos às pressões associadas à gestão.”
Os dados mostram que, enquanto 30% dos profissionais da Geração Z reconhecem que poderão assumir cargos de chefia intermédia no futuro, 15% rejeitam completamente essa possibilidade.
Entre os principais motivos estão a falta de autonomia, a excessiva burocracia e a dificuldade em equilibrar trabalho e vida pessoal.
55% dos inquiridos consideram os cargos de chefia intermédia demasiado stressantes e sem retorno proporcional, apontando também a falta de poder de decisão e autonomia como fatores dissuasores e o reduzido interesse em gerir equipas.
Embora os profissionais mais jovens rejeitem o modelo tradicional de chefia, a pesquisa indica que, para 85% das empresas em Portugal, a chefia intermédia continua a ser vista como um elemento essencial na estrutura organizacional.
No entanto, para que os cargos de gestão sejam atrativos para as novas gerações, as organizações terão de repensar o papel dessas funções, oferecendo mais autonomia, melhores oportunidades de desenvolvimento pessoal e ambientes de trabalho mais colaborativos.
“As empresas precisam de evoluir as suas estruturas de gestão, passando de modelos hierárquicos tradicionais para modelos mais horizontais e colaborativos, que se alinhem com os valores e as expectativas da Geração Z,” explica David.
“As organizações que conseguirem adaptar-se a estas novas exigências terão vantagens claras na atração e retenção de talento jovem, tornando-se mais ágeis e competitivas.”
A pesquisa também revela uma mentalidade empreendedora crescente entre os jovens profissionais. Muitos preferem trabalhar de forma autónoma, desenvolver projetos próprios e exercer funções mais criativas e colaborativas, em vez de se dedicarem a funções de gestão de equipas.
A Geração Z está a redefinir a forma como o trabalho é encarado e como as empresas devem organizar as suas estruturas para atrair este novo perfil.
“A Geração Z procura mais do que uma simples estabilidade profissional; eles querem fazer a diferença, trabalhar de forma mais flexível e com maior propósito,” conclui o Country Head. “Este é um desafio e uma oportunidade para as empresas repensarem a forma como gerem o talento e as suas estruturas hierárquicas.”