Fora do governo, Lupi ainda faz sombra ao sucessor na Previdência
Interlocutores do governo e integrantes do PDT dizem que saída do partido da base teve influência direta do ex-ministros

Novo ministro da Previdência, Wolney Queiroz era, até a explosão do escândalo do INSS, o braço-direito de Carlos Lupi na pasta. Demitido, o agora ex-ministro passou a usar a influência que ainda possui no ministério para boicotar o governo do qual fazia parte e o trabalho de seu ex-auxiliar.
Além de reconhecer que Lupi mantém olhos e ouvidos na Previdência, pedetistas creditam ao cacique a rebelião pedetista, que anunciou, nesta terça, o desembarque da base aliada de Lula. Se Lupi quisesse ajudar, teria segurado o PDT na base e atuado para melhorar o clima no ministério ao seu sucessor. Não foi o que ocorreu. “Mandou os assessores dele que estão no ministério travarem a gestão e fez a bancada da Câmara sair da base do Lula”, diz um interlocutor do ministério.
Não é que o PDT vá se unir ao bolsonarismo nas votações do Congresso, mas a porteira foi aberta para todo tipo de negociata e composição — e o preço para o Planalto obter apoio pedetista, a partir de agora, subiu. “Lula tinha várias opções nessa crise, mas escolheu castigar o Lupi, um aliado fiel”, reclama um pedetista ao Radar.
O PDT está longe de ser uma força relevante no Parlamento. Num cenário de votações apertadas, no entanto, os 17 votos do partido podem fazer toda diferença aos interesses de Lula. No Planalto, auxiliares do presidente passaram a terça-feira tentando reduzir a tensão. Para um interlocutor do presidente, a reação do PDT é destinada a mostrar solidariedade a Lupi. “Não é um rompimento definitivo”, diz.