Fed mantém juros e intensifica alertas sobre riscos da política comercial de Trump; no Brasil, Selic vai a 14,75% – veja o que mais pode ecoar no noticiário desta quinta-feira (8)

Mercados ao redor do mundo avaliam a decisão do Federal Reserve de manutenção da taxa de juros. Leia mais. O post Fed mantém juros e intensifica alertas sobre riscos da política comercial de Trump; no Brasil, Selic vai a 14,75% – veja o que mais pode ecoar no noticiário desta quinta-feira (8) apareceu primeiro em Empiricus.

Mai 8, 2025 - 14:06
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Fed mantém juros e intensifica alertas sobre riscos da política comercial de Trump; no Brasil, Selic vai a 14,75% – veja o que mais pode ecoar no noticiário desta quinta-feira (8)

Os mercados internacionais amanhecem avaliando a mais recente decisão do Federal Reserve, que — sem surpresas — manteve as taxas de juros inalteradas. O que pesou mesmo foi o tom adotado: duro, pouco conciliador, reforçando a ideia de que os juros seguirão elevados por mais tempo. A autoridade monetária americana sinalizou que ainda é cedo para qualquer gesto de afrouxamento, especialmente diante das incertezas crescentes geradas pela nova rodada de tarifas da administração Trump, cujos efeitos concretos sobre a economia ainda estão por vir.

Enquanto isso, por aqui, o Copom pode ter encerrado o ciclo de aperto monetário, em decisão que foi acompanhada de uma comunicação mais branda — e comedida — do que o habitual. Em contraste com o Fed, o Banco Central brasileiro parece já enxergar espaço para respirar, mesmo que discretamente, o que reforça a percepção de que as trajetórias de juros nos dois países seguirão em direções opostas nos próximos meses.

O corte promovido hoje pelo Banco da Inglaterra ajuda a amenizar o ambiente, ao lembrar que o movimento de normalização monetária ainda tem adeptos em algumas das principais economias globais. E, para apimentar ainda mais a manhã, o presidente Trump convocou uma coletiva de imprensa para anunciar o que chamou de “primeiro grande acordo comercial” de seu novo mandato. O parceiro ainda não foi revelado, mas as apostas recaem sobre o Reino Unido — o que explicaria, em parte, o bom humor nos mercados europeus nesta abertura.

Com isso, os ativos de risco iniciam o dia sustentados por um viés mais positivo, embalados pela recuperação na Ásia, abertura firme das bolsas europeias e alta moderada nos futuros americanos. Mas com o Fed jogando água fria nas expectativas de corte imediato, a cautela continua sendo o nome do jogo.

· 00:57 — Dovish hike?

O Ibovespa encerrou o pregão de ontem (7) praticamente estável, refletindo um mercado em compasso de espera diante das decisões simultâneas de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos. A cautela prevaleceu, como seria de se esperar em um dia de Super Quarta, em que tanto o Copom quanto o Federal Reserve trouxeram atualizações sobre seus próximos passos. Aliás, o presidente do Fed, Jerome Powell, reforçou que não há urgência para cortar os juros. Pior: reconheceu que as novas tarifas impostas pela gestão Trump podem pressionar a inflação para cima e enfraquecer o mercado de trabalho. A fala teve impacto imediato sobre o câmbio, com o dólar ganhando força diante da perspectiva de juros elevados por mais tempo, o que naturalmente atrai fluxo para os ativos americanos (ruim para o real).

Por aqui, o Copom subiu a Selic em 50 pontos-base, levando a taxa básica para 14,75% ao ano — o maior patamar em duas décadas (parabéns aos envolvidos). Mas o que realmente importou foi o tom do comunicado: embora o comitê tenha mantido a porta entreaberta para novos ajustes (se vier, será residual de 25 pontos), a ausência de um forward guidance explícito e a linguagem suavizada indicam que o ciclo de aperto pode ter chegado ao fim. Isso, apesar de todos os desafios ainda sobre a mesa: inflação corrente elevada, expectativas desancoradas, cenário fiscal bagunçado e ambiente externo carregado. A leitura predominante é que o BC começa a deslocar o foco — ainda que timidamente — da inflação para a atividade. Um corte de juros no fim do ano já entra no radar, mesmo sem que a inflação esteja confortavelmente em rota de convergência para a meta. Não é um cenário impecável, longe disso. Mas também não é desastroso, desde que a autoridade monetária mantenha sua bússola técnica em mãos e não se deixe contaminar por pressões políticas ou populistas. A credibilidade não pode sair pela porta…

· 01:46 — Sem tergiversar

Nos EUA, o Federal Reserve manteve inalterada a taxa de juros no intervalo entre 4,25% e 4,5%, como esperado — mas o foco não esteve no movimento, e sim no tom. Em meio à crescente pressão trazida pela nova escalada tarifária promovida por Donald Trump, a autoridade monetária optou por intensificar seus alertas sobre os riscos que se acumulam no horizonte econômico. O presidente do Fed, Jerome Powell, foi direto: não há pressa para cortar juros em um ambiente em que a política comercial pode simultaneamente alimentar a inflação e corroer o crescimento.

A retórica do Fed revela o desconforto com o impasse. O duplo mandato da instituição — manter a inflação sob controle e o emprego em alta — está sob risco de colisão. Tarifas em larga escala, como as desenhadas pela Casa Branca, tendem a encarecer produtos e contrair a atividade, um coquetel indigesto para qualquer banco central. Powell reconheceu esse dilema ao afirmar que, com o desemprego ainda baixo e a demanda razoavelmente firme, o melhor é aguardar: o custo de se esperar é baixo.

Na prática, o Fed comprou tempo para observar os desdobramentos da guerra comercial. A estabilidade nas taxas atuais serve como uma espécie de escudo passivo até que o impacto das medidas protecionistas de Trump seja melhor compreendido — e devidamente quantificado. O silêncio tático do Fed é sinal de prudência estratégica.

Ainda vejo espaço para cortes na segunda metade do ano, especialmente se os dados de atividade mostrarem enfraquecimento. Mas até lá, o caminho promete ser ruidoso, volátil e permeado de ruídos geopolíticos. Em suma: o Fed está de prontidão e o mercado, por ora, precisa se acostumar com essa postura mais contida.

· 02:35 — Vem novidade comercial por aí

China e Estados Unidos vão à mesa de negociações neste fim de semana, em território neutro: a Suíça sediará o primeiro encontro comercial de alto nível entre os dois países desde que o presidente Donald Trump resolveu transformar tarifas em arma de política externa, impondo alíquotas de até 145% sobre produtos chineses. A resposta de Pequim, previsivelmente, veio na mesma moeda. Agora, caberá ao secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, e ao representante comercial Jamieson Greer tentar desatar esse nó ao lado de seus equivalentes chineses. As expectativas, porém, devem ser calibradas. Trump já adiantou que não há qualquer intenção de aliviar as tarifas antes de arrancar concessões. A China, por sua vez, classificou os EUA como “valentões” e deixou claro que não aceitará que o diálogo seja apenas uma fachada para mais coerção econômica. O tom do embate é de confronto, não de conciliação.

Enquanto isso, Xi Jinping corre para reforçar suas trincheiras. Em uma tentativa de blindar a economia antes das conversas, o líder chinês anunciou uma série de medidas para sustentar os mercados, acelerar a inovação tecnológica e aliviar o sufoco das pequenas e médias empresas. A leitura é clara: se o cenário piorar, a China quer estar menos vulnerável. Nos bastidores, especula-se que Trump pode oferecer uma trégua temporária de 90 dias, suspendendo boa parte das tarifas — exceto aquelas relacionadas ao fentanil — e reduzindo a alíquota média de três dígitos para algo em torno de 20%. Ao mesmo tempo, os EUA devem anunciar hoje um acordo comercial com o Reino Unido, em uma jogada geopolítica que mira dois alvos com uma tacada: mostrar força antes do embate com a China e criar um modelo de negociação para outros países que queiram se alinhar à cartilha comercial da atual Casa Branca.

· 03:28 — Sinais de uma economia já fragilizada

Os operadores logísticos dos EUA vêm acionando o sinal de alerta: as importações estão despencando, e, caso o atual curso não seja revisto, o risco de desabastecimento pode deixar o campo da hipótese já nas próximas semanas. O motivo é conhecido — e grave: as tarifas de 145% impostas por Donald Trump sobre produtos chineses vêm estrangulando o comércio bilateral entre as duas maiores economias do planeta. A demanda por mercadorias chinesas colapsou, e os embarques marítimos entre os dois países encolheram 65% em apenas três semanas após a entrada em vigor das novas tarifas, no início de abril. O impacto imediato já é visível: cerca de 80 viagens de cargueiros foram canceladas só neste mês, um número 60% superior ao registrado no auge da disrupção logística provocada pela Covid-19.

No Porto de Los Angeles — principal hub de entrada de produtos chineses nos EUA —, a previsão é de uma queda de 30% nas chegadas de navios na próxima semana, em comparação ao mesmo período do ano passado. Dado o peso da China como fornecedora global de itens essenciais — de eletrônicos a utensílios domésticos —, a mensagem é clara: se a postura tarifária não for moderada, os consumidores americanos devem se preparar para prateleiras vazias e uma nova onda de escassez, com contornos semelhantes àquela enfrentada no auge da pandemia. Nesse contexto, uma pausa estratégica de 90 dias nas tarifas, a partir das negociações marcadas para o fim de semana, não seria apenas bem-vinda — seria urgente. Trata-se de uma janela para aliviar pressões sobre as cadeias de suprimento e dar tempo à diplomacia para encontrar uma saída minimamente racional para a escalada entre as duas potências.

· 04:13 — Um novo mercado de trabalho?

Tudo indica que a dinâmica entre empresas e força de trabalho está prestes a entrar em uma nova fase menos humana. Para ilustrar, a Shopify, referência global em soluções de e-commerce, divulgou recentemente um memorando interno que dá o tom dessa transição: a empresa só contratará novos funcionários caso os gestores comprovem que a inteligência artificial não consegue executar a tarefa em questão. Sim, o ônus da prova agora recai sobre o ser humano.

Em meio à corrida por eficiência e ganhos de produtividade, muitas empresas vêm testando o uso da IA como suporte às operações. Mas o anúncio da Shopify explicita um passo além — da experimentação ao corte. A mensagem é clara: se a máquina consegue fazer, a contratação está fora de cogitação. É uma guinada pragmática, que acena menos para o futuro e mais para um presente em reconfiguração acelerada.

Embora ainda existam discussões válidas sobre os limites éticos, regulatórios e de segurança desse tipo de abordagem, o mercado parece mais interessado nos ganhos marginais de produtividade do que nas externalidades. A nova diretriz da Shopify não deixa de ecoar o velho mantra do Vale do Silício: move fast and break things — só que agora, quem pode acabar quebrado é o modelo tradicional de emprego.

· 05:09 — Entre tropeços e sinais vitais

Na semana passada, a Gerdau (GGBR4) apresentou um conjunto de resultados pressionado — como já era esperado em um cenário global de excesso de aço — mas que, ainda assim, surpreendeu positivamente o mercado. A receita líquida alcançou R$ 17,3 bilhões no 1T25, alta de 7,2% frente ao trimestre anterior. O desempenho foi impulsionado pela valorização do dólar e pelo aumento no volume de vendas, especialmente na América do Norte, onde a reaplicação das tarifas da Seção 232 colaborou para o escoamento do produto. Diante do ambiente externo conturbado, é razoável questionar se a posição ainda se justifica.

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