“Despertou dores reais”: Kiara Felippe fala sobre cena sensível de ‘Beleza Fatal’
Após seu primeiro papel em novela, a atriz comenta cena delicada, relação com a beleza e a pressão estética

Kiara Felippe nasceu para atuar. Basta assistir à sua chegada às novelas, em Beleza Fatal, para ser fisgado pelo talento da atriz. Ao dar vida à Andrea, professora de dança que se envolve amorosamente com o personagem de Murilo Rosa e vive uma relação nada saudável com o de Marcelo Serrado, Kiara traz uma camada sensível e complexa à trama.
Em entrevista à CLAUDIA, a atriz, que também é parceira da Vult, fala sobre a novela, a pressão estética e sua relação com a beleza.
Kiara fala sobre a pressão estética
Trabalhar com atuação é também negociar com a própria imagem – e isso cobra seu preço. Se mulheres cisgênero já relatam a pressão para se encaixar em padrões de beleza, esse problema se intensifica para mulheres trans, que precisam corresponder a expectativas sociais de feminilidade para terem sua identidade validada.
“Só por ser uma pessoa trans/travesti essa cobrança já existe. Até mesmo na sutileza do ‘nossa, você é tão bonita’, que muitas vezes vem com a profundidade do ‘você é tão bonita que nem parece … [trans]'”, comenta Kiara. Ter silicone, curvas, rosto, voz e cabelo correspondentes ao que se espera de uma mulher é quase uma obrigação para quem pertence a esse grupo.
Ao mesmo tempo em que são pressionadas a modificar o corpo para se encaixar nesses padrões, muitas delas não têm acesso aos procedimentos estéticos necessários para alcançar essa imagem. Não por acaso, recorrem a clínicas com preços mais baixos, mesmo diante dos riscos, para realizar intervenções invasivas.
Apesar de o SUS oferecer cirurgias de afirmação de gênero, o processo é restrito e pode durar anos. “É uma realidade precarizada onde a própria sociedade nos empurra para as margens da escassez e demandas, pois quem impõe o que é feminino, masculino, binário é a sociedade fazendo com que nos submeta a várias coisas”, opina a artista.

Cena sensível de Kiara, em ‘Beleza Fatal’, mexeu com a atriz
A experiência dessas mulheres se cruza com a de Andrea. Em uma cena de Beleza Fatal, Átila impede Tomás de realizar uma cirurgia plástica na professora de dança, motivado por preconceito. A gravação foi desafiadora. “Despertou gatilhos e dores reais. Mas senti que era fundamental mostrar essa realidade através da arte, para conscientizar a sociedade brasileira.”
A personagem de Kiara deu rosto a questões profundas, mas não foi só isso. “Meu maior ganho foi atingir outros espaços, expandir minha arte, e a mensagem que a Andrea passou foi a humanização e naturalização dos afetos com pessoas trans/travesti.”
Ainda há um longo caminho para que o audiovisual trate com mais frequência e responsabilidade pautas como essa. Mas o final de Andrea aponta para um novo horizonte.
“Vejo uma redenção do audiovisual, retratando o final feliz de uma personagem como a Andrea. E fez com que não só eu, enquanto Kiara, mas muitas pessoas, não só também pessoas LGBTs, mas a sociedade brasileira conseguisse ver uma nova narrativa para personagens como a Andrea. Achei de extrema importância retratar o casamento dessa maneira, com essa sutileza, com essa personalidade, nada cristão também, do jeito dela, e foi lindo.”
Como é a rotina de beleza de Kiara
Longe das telas, lidar com a beleza também faz parte da rotina. Seu skincare envolve limpeza, hidratação e proteção e depois uma maquiagem básica só para correção. Seus produtos favoritos envolvem gloss, máscara de cílios e batom vermelho.
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