Designer tem que fazer faculdade? Minha perspectiva

Por que a faculdade, especialmente de design, foi importante para a minha carreira?Lâmpada explodindo em cores. Fonte: INSPIEntre 3 e 6 meses (dado tirado da minha cabeça) a discussão sobre a necessidade de fazer faculdade para se tornar um UX Designer volta à tona. Muita gente defende que é possível aprender tudo sozinho, enquanto outros acreditam que a formação acadêmica é fundamental.Eu não quero — e nem consigo — encerrar esse debate, mas compartilhar como a faculdade foi crucial para minha trajetória. Vou destacar os principais aprendizados que levo até hoje e como eles me ajudaram a crescer como designer e como profissional.­Aprender a falar em públicoAntes da faculdade eu era uma porta para falar em público e hoje eu já consigo tocar várias conversas com executivos e gerentes com uma certa facilidade. Não, isso não é impossível (mas também não é fácil).A faculdade me colocou em situações onde eu precisava falar em público e defender minhas decisões de design — se não eu era jubilado.E não era só falar por falar: eu precisava convencer, explicar, embasar. Isso me deu segurança para discutir ideias em ambientes cada vez mais complexos. Hoje, em uma reunião estratégica, eu consigo expor e argumentar meu ponto de vista sem travar (pelo menos na maioria das vezes rs).­Ser uma pessoa mais crítica, aprender a criticar (e receber crítica)Na faculdade tem muita atrocidade e design amaldiçoado, especialmente o seu. E tá tudo bem, eu acho.Ali é o lugar de errar, testar e aprender. Nesse ambiente, você precisa desenvolver a habilidade de criticar o design dos outros (sem ser um troglodita, claro) e, talvez mais importante, aprender a receber críticas sem surtar.Aliás, uma coisa é fato: você pode passar semanas estudando, quebrando a cabeça, e sempre terá um querido que vai soltar: “hm, acho que tá faltando algo…”. No início é frustrante, mas com o tempo você aprende a filtrar esses feedbacks, extrair o que é útil e usar isso para melhorar seu trabalho.Normalmente vai faltar um tchan no seu design (Meme criado no Imgflip)­Aprender a fazer ciênciaPra mim, essa é uma das partes mais valiosas.Se a gente pensar que o design anda lado a lado com o método científico, a faculdade acaba sendo uma grande aliada profissional.Quem já precisou escrever trabalhos acadêmicos sabe que tudo gira em torno de: contexto, hipótese, desenvolvimento e validação. Se isso não é o dia a dia de um designer, eu não sei o que é.A cada novo projeto, você precisa levantar um problema, formular perguntas, testar soluções, validar com usuários e ajustar conforme os resultados. É basicamente aplicar o método científico em ciclos infinitos.Visão simplificada do método cartesiano (Fonte: Colaborae)­Design é Design, ora oraDesign de experiência é diferente de design gráfico/marca/industrial etc? Sim. Mas todos são design? Sim também.Então isso significa que saber métodos/processos de design de outras disciplinas ajudam em UX? Of course, my horse (do português: sim).Uma das maiores lições da faculdade foi entender que, independentemente da área de atuação, o cerne do design é resolver problemas de forma estruturada. Conhecer abordagens de outras disciplinas (como design industrial, gráfico ou de serviços) expande seu repertório e te torna um designer mais completo.Design é, antes de tudo, processo. E é justamente essa forma de pensar que, muitas vezes, outras áreas têm dificuldade de compreender (mas isso é tema para outra conversa rs).Imagem que mostra a intersecção do processo executado pelas áreas do design gráfico, design de informação e design industrial (Fonte: Freitas, Coutinho e Waechter (UFPE), “Análise de Metodologias em Design”.)Pra reforçar, Bomfim (1995) define a metodologia de design como “a disciplina que se ocupa da aplicação de métodos a problemas específicos e concretos”. E isso não é algo restrito ao UX — é sobre design como um todo.Eu realmente acredito que a faculdade te ajuda a ser um designer melhor, mas não acredito que isso se restrinja somente a faculdade de design.Afinal, conheço vários designers incríveis que vieram da computação, comunicação, arquitetura e até engenharias.O mais importante é que a faculdade te ensina a pensar, a estudar e te da muito networking.E se quiser trocar mais ideias, chama no LinkedIn.ReferênciasBOMFIM, Gustavo A. (1995). Metodologia para desenvolvimento de projetos. João Pessoa: Editora Universitária/UFPBColaborae — Método CartesianoFREITAS, Ranielder Fábio de; COUTINHO, Solange Galvão; WAECHTER, Hans da Nóbrega. Análise de Metodologias em Design: a informação tratada por diferentes olhares. Universidade Federal de Pernambuco.Designer tem que fazer faculdade? Minha perspectiva was originally published in UX Collective

Mar 11, 2025 - 13:16
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Designer tem que fazer faculdade? Minha perspectiva

Por que a faculdade, especialmente de design, foi importante para a minha carreira?

Lâmpada ligada com a luz amarela em um fundo preto. A metade esquerda da lâmpada está explodindo em cores azul e roxo como se fosse tinta, enquanto a metade direita está intacta como uma lâmpada. A imagem é realista
Lâmpada explodindo em cores. Fonte: INSPI

Entre 3 e 6 meses (dado tirado da minha cabeça) a discussão sobre a necessidade de fazer faculdade para se tornar um UX Designer volta à tona. Muita gente defende que é possível aprender tudo sozinho, enquanto outros acreditam que a formação acadêmica é fundamental.

Eu não quero — e nem consigo — encerrar esse debate, mas compartilhar como a faculdade foi crucial para minha trajetória. Vou destacar os principais aprendizados que levo até hoje e como eles me ajudaram a crescer como designer e como profissional.

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Aprender a falar em público

Antes da faculdade eu era uma porta para falar em público e hoje eu já consigo tocar várias conversas com executivos e gerentes com uma certa facilidade. Não, isso não é impossível (mas também não é fácil).

A faculdade me colocou em situações onde eu precisava falar em público e defender minhas decisões de design — se não eu era jubilado.

E não era só falar por falar: eu precisava convencer, explicar, embasar. Isso me deu segurança para discutir ideias em ambientes cada vez mais complexos. Hoje, em uma reunião estratégica, eu consigo expor e argumentar meu ponto de vista sem travar (pelo menos na maioria das vezes rs).

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Ser uma pessoa mais crítica, aprender a criticar (e receber crítica)

Na faculdade tem muita atrocidade e design amaldiçoado, especialmente o seu. E tá tudo bem, eu acho.

Ali é o lugar de errar, testar e aprender. Nesse ambiente, você precisa desenvolver a habilidade de criticar o design dos outros (sem ser um troglodita, claro) e, talvez mais importante, aprender a receber críticas sem surtar.

Aliás, uma coisa é fato: você pode passar semanas estudando, quebrando a cabeça, e sempre terá um querido que vai soltar: “hm, acho que tá faltando algo…”. No início é frustrante, mas com o tempo você aprende a filtrar esses feedbacks, extrair o que é útil e usar isso para melhorar seu trabalho.

Imagem que uma pessoa indicada como “você” está indo capturar um balão escrito “seu design”. Abaixo aparece uma figura rosa, parecido com um fantasma escrito “um tchan”. A ideia da imagem é representar que quando “você” vai abraçar o “seu design” as vezes o “um tchan” te afasta do seu design
Normalmente vai faltar um tchan no seu design (Meme criado no Imgflip)

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Aprender a fazer ciência

Pra mim, essa é uma das partes mais valiosas.

Se a gente pensar que o design anda lado a lado com o método científico, a faculdade acaba sendo uma grande aliada profissional.

Quem já precisou escrever trabalhos acadêmicos sabe que tudo gira em torno de: contexto, hipótese, desenvolvimento e validação. Se isso não é o dia a dia de um designer, eu não sei o que é.

A cada novo projeto, você precisa levantar um problema, formular perguntas, testar soluções, validar com usuários e ajustar conforme os resultados. É basicamente aplicar o método científico em ciclos infinitos.

Imagem representando um modelo cartesiano por meio de um triângulo invertido. Acima do triângulo temos “o problema” e abaixo do triângulo “a solução”. O triângulo está dividido em 4 partes que são: “evidenciar”, “análise”, “síntese” e “conclusão”, representando as etapas do método cartesiano
Visão simplificada do método cartesiano (Fonte: Colaborae)

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Design é Design, ora ora

Design de experiência é diferente de design gráfico/marca/industrial etc? Sim. Mas todos são design? Sim também.
Então isso significa que saber métodos/processos de design de outras disciplinas ajudam em UX? Of course, my horse (do português: sim).

Uma das maiores lições da faculdade foi entender que, independentemente da área de atuação, o cerne do design é resolver problemas de forma estruturada. Conhecer abordagens de outras disciplinas (como design industrial, gráfico ou de serviços) expande seu repertório e te torna um designer mais completo.

Design é, antes de tudo, processo. E é justamente essa forma de pensar que, muitas vezes, outras áreas têm dificuldade de compreender (mas isso é tema para outra conversa rs).

Imagem que mostra a intersecção de processos de design entre áreas distintas, a imagem traz a diferenção entre Design Gráfico, Industrial e da Informação: INDUSTRIAL Análise Situacional Definição do Problema Avaliação de Alternativas Síntese GRÁFICO Briefing (situação) Fragmentação do Problema Crítica Estudo de similares Estudo de Perfil Público-alvo INFORMAÇÃO Plano de Informação Plano de Projeto Design Participativo Revisão Atualização Diagnóstico Compreensão em função do usuário Refinamento
Imagem que mostra a intersecção do processo executado pelas áreas do design gráfico, design de informação e design industrial (Fonte: Freitas, Coutinho e Waechter (UFPE), “Análise de Metodologias em Design”.)

Pra reforçar, Bomfim (1995) define a metodologia de design como “a disciplina que se ocupa da aplicação de métodos a problemas específicos e concretos”. E isso não é algo restrito ao UX — é sobre design como um todo.

Eu realmente acredito que a faculdade te ajuda a ser um designer melhor, mas não acredito que isso se restrinja somente a faculdade de design.

Afinal, conheço vários designers incríveis que vieram da computação, comunicação, arquitetura e até engenharias.

O mais importante é que a faculdade te ensina a pensar, a estudar e te da muito networking.

E se quiser trocar mais ideias, chama no LinkedIn.

Referências

  • BOMFIM, Gustavo A. (1995). Metodologia para desenvolvimento de projetos. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB
  • Colaborae — Método Cartesiano
  • FREITAS, Ranielder Fábio de; COUTINHO, Solange Galvão; WAECHTER, Hans da Nóbrega. Análise de Metodologias em Design: a informação tratada por diferentes olhares. Universidade Federal de Pernambuco.

Designer tem que fazer faculdade? Minha perspectiva was originally published in UX Collective