Cinco anos após a pandemia: que tendências estão a transformar a procura de escritórios?

Esqueçamos os cubículos cinzentos e o horário rígido das nove às cinco. O mundo dos escritórios tem vindo a atravessar uma metamorfose vibrante, impulsionada por novas formas de trabalhar, viver e pensar. O escritório de hoje e do futuro não é apenas um local de trabalho, mas, sim, um ecossistema onde inovação, bem-estar e propósito […]

Abr 28, 2025 - 14:45
 0
Cinco anos após a pandemia: que tendências estão a transformar a procura de escritórios?

Esqueçamos os cubículos cinzentos e o horário rígido das nove às cinco. O mundo dos escritórios tem vindo a atravessar uma metamorfose vibrante, impulsionada por novas formas de trabalhar, viver e pensar. O escritório de hoje e do futuro não é apenas um local de trabalho, mas, sim, um ecossistema onde inovação, bem-estar e propósito convergem.

Em Lisboa, essa transformação tem sido evidente, com um aumento significativo da procura por espaços modernos e adaptáveis. O mercado de escritórios na capital registou um take-up médio anual superior a 200.000 m², movimentando mais de 2,5 mil milhões de euros em investimentos. Entre 2025 e 2026, 48% dos novos projetos já estão pré-arrendados, o que revela confiança no futuro do nosso mercado.

Bem-estar acima de tudo

A nova geração de trabalhadores procura mais do que apenas um emprego; procura qualidade de vida e um plano de progressão das suas carreiras. Por isso, as empresas com visão estão já a transformar os seus escritórios em verdadeiros refúgios de bem-estar. Em Lisboa, já existem edifícios de última geração a seguir este conceito, demonstrando que um colaborador feliz é um colaborador mais produtivo.

Segundo o International WELL Building Institute (IWBI), os edifícios com o selo WELL, que priorizam o bem-estar dos ocupantes, podem aumentar até 28% a satisfação no trabalho. Este foco no bem-estar reflete-se no crescente número de edifícios que procuram a acreditação WELL Building Standards, que certifica espaços que promovem a saúde e o bem-estar. De acordo com a publicação “Impacts” da Savills, desde 2020, o número de imóveis inscritos em programas WELL aumentou cerca de 300% a nível global.

Além disso, esses espaços têm um impacto positivo no valor dos imóveis, com rendas mais altas por metro quadrado. No mercado imobiliário português, a valorização de espaços que promovem o bem-estar tem sido uma tendência crescente.

A sustentabilidade enquanto requisito obrigatório

A sustentabilidade, por sua vez, tornou-se uma exigência. Os critérios de ESG passaram a ser fundamentais para investidores e ocupantes. Se um edifício não se adapta aos padrões atuais de sustentabilidade, está ultrapassado. As empresas exigem certificações ambientais, como BREEAM e LEED, e os edifícios que cumprem esses requisitos já registam uma valorização significativa – entre 18% e 20%. Em Lisboa, a procura por escritórios que respeitam o meio ambiente, com soluções energéticas eficientes e a redução das emissões de carbono, tem sido crescente. Quem não seguir esta tendência ficará para trás, à medida que os imóveis sustentáveis ganham terreno no mercado e se tornam cada vez mais decisivos para investidores e inquilinos.

Proprietários e inquilinos: uma relação de confiança

A relação entre proprietários e inquilinos tem também registado uma forte evolução. Uma flexibilidade nos contratos que acontece em espaços flex ou de cowork, a par de uma personalização dos serviços e adaptação dos espaços às necessidades das empresas, são essenciais. A digitalização desempenha também um papel importante, proporcionando uma experiência integrada e eficiente. Os proprietários estão a investir na modernização dos imóveis, com tecnologias de smart buildings e espaços modulares.

Escritórios prime: só os melhores sobrevivem

A corrida por escritórios prime em Lisboa nunca foi tão intensa. As empresas estão cada vez mais exigentes e procuram, sobretudo, espaços que impressionem, inspirem e retenham talento. A vacancy rate e a procura por edifícios bem localizados, com tecnologia de ponta e design inovador, mostram que o mercado está a elevar o seu nível. Este movimento global por escritórios prime ou trophy assets tem vindo a crescer e em Portugal essa tendência é já visível, com uma forte procura por edifícios que agreguem essas novas exigências.

Trabalho híbrido: o equilíbrio perfeito

Tem-se assistido a um retrocesso no teletrabalho, com empresas como a Amazon e a Google – quem dita as tendências – a adotarem novas políticas de regresso ao escritório. A título de exemplo, a Amazon já exige presença física cinco dias por semana, enquanto a Google, para já, mantém um modelo híbrido.

Em Portugal, acredito que o modelo híbrido continuará a ser a norma com, no máximo, dois dias de trabalho remoto por semana, em média. É importante sublinhar que one size doesn´t fit all e que cada organização deverá encontrar o equilíbrio certo para a sua realidade e para as suas equipas.

Cinco anos após a pandemia, o mundo mudou – e é com grande satisfação que vejo que o mercado de escritórios evoluiu também. Em Portugal, este segmento do imobiliário tem acompanhado essas transformações e consolidou-se como uma referência na Europa e Lisboa, com os seus fundamentais de mercado, é um dos destinos que lidera essa transformação.