China diz que não vai entrar em dumping na guerra comercial com os EUA
O embaixador da China na Índia, Xu Feihong, afirmou nesta terça-feira, 29, que o país não adotará medidas de dumping em resposta à guerra comercial e tarifária com os Estados Unidos. A declaração foi publicada em artigo no jornal Indian Express, no qual o diplomata buscou afastar temores de que produtos chineses com preços reduzidos […] O post China diz que não vai entrar em dumping na guerra comercial com os EUA apareceu primeiro em O Cafezinho.

O embaixador da China na Índia, Xu Feihong, afirmou nesta terça-feira, 29, que o país não adotará medidas de dumping em resposta à guerra comercial e tarifária com os Estados Unidos.
A declaração foi publicada em artigo no jornal Indian Express, no qual o diplomata buscou afastar temores de que produtos chineses com preços reduzidos sejam direcionados a outros mercados internacionais, afetando a competitividade local.
A disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo, intensificada desde o início do mandato do ex-presidente norte-americano Donald Trump, resultou em elevações tarifárias recíprocas, com taxas ultrapassando os 100% sobre produtos importados entre os dois países.
Esse cenário tem gerado incertezas em mercados globais e preocupações sobre o redirecionamento de excedentes chineses para nações com menor barreira comercial.
Na semana anterior, a Índia anunciou uma tarifa temporária de 12% sobre determinadas importações de aço, em resposta ao crescimento das remessas de aço chinês a preços reduzidos.
A medida visa proteger o setor siderúrgico doméstico, diante da percepção de que a concorrência com os produtos chineses estaria pressionando usinas locais a reduzir atividades e considerar cortes de empregos.
No artigo intitulado “Resista à intimidação de Washington”, Xu Feihong afirmou que a China está priorizando a expansão da demanda interna e o aumento do consumo.
Segundo o embaixador, essa estratégia está alinhada às normas internacionais de comércio e não implicará práticas comerciais desleais.
“A China cumpre rigorosamente as disciplinas de subsídios e as regras de mercado da OMC”, escreveu Xu. “Não nos envolveremos em dumping de mercado ou concorrência cruel, nem atrapalharemos as indústrias e o desenvolvimento econômico de outros países.”
As declarações foram publicadas em um momento de crescente tensão no comércio internacional, com diversos países discutindo medidas para conter o fluxo de produtos chineses considerados abaixo do valor de mercado.
Além da Índia, outras economias têm avaliado formas de proteger suas indústrias diante do risco de sobreoferta internacional causada pela desaceleração das exportações chinesas para os Estados Unidos.
A resposta oficial do governo indiano às declarações do embaixador chinês não foi divulgada até o momento. Os ministérios do Comércio e das Relações Exteriores da Índia foram procurados, mas não se manifestaram.
A relação comercial entre Índia e China tem enfrentado instabilidades desde o confronto na fronteira do Himalaia, em 2020. O episódio levou a Índia a impor restrições a investimentos chineses no país e a rever acordos bilaterais em diversas áreas. Apesar das tensões persistentes, os dois países vêm promovendo esforços recentes para restaurar o diálogo diplomático e econômico.
A imposição de tarifas sobre o aço chinês integra esse contexto. A Índia, segundo maior produtor mundial de aço bruto, enfrenta pressão de produtores nacionais que alegam prejuízos decorrentes da importação de produtos a preços considerados abaixo do custo de produção.
A política adotada pelo governo indiano busca mitigar esses impactos enquanto se avaliam medidas estruturais para o fortalecimento da indústria local.
Estudos do setor siderúrgico indicam que o aumento nas exportações chinesas de aço está associado à desaceleração da demanda doméstica na China e à necessidade das empresas de manter níveis de produção e escoamento. Em reação, países com presença industrial significativa, como Vietnã, Indonésia e Turquia, também vêm avaliando a adoção de tarifas ou cotas sobre produtos siderúrgicos chineses.
A posição oficial chinesa, expressa no artigo do embaixador, busca estabelecer uma narrativa de conformidade com as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC) e rejeita a possibilidade de práticas que comprometam o equilíbrio do comércio internacional.
Ainda assim, analistas indicam que a sobrecapacidade da indústria chinesa continua a gerar desconfiança entre os principais parceiros comerciais do país.
O impasse entre China e Estados Unidos vem se refletindo em cadeias globais de suprimentos, tarifas elevadas e revisão de acordos comerciais bilaterais.
Especialistas apontam que os efeitos indiretos desse conflito podem se prolongar por anos, com países em desenvolvimento buscando proteger suas economias de possíveis distorções de mercado.
No caso específico da Índia, o governo tem buscado equilibrar a proteção de setores estratégicos com a manutenção de canais diplomáticos com Pequim. A aproximação recente entre os dois países inclui reuniões técnicas, retomada de iniciativas comerciais e participação conjunta em fóruns multilaterais.
A perspectiva de um maior fluxo de produtos chineses para o mercado indiano, no entanto, continuará a ser monitorada por autoridades e empresas locais, à medida que a guerra tarifária entre Washington e Pequim segue sem solução definitiva.
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