O fenômeno Kings League e o Futsal

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Abr 30, 2025 - 12:13
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O fenômeno Kings League e o Futsal

Há alguns anos defendo a tese de que o sucesso do Magnus Futsal está diretamente ligado ao fato de termos pensado na criação de uma plataforma de comunicação que teria uma equipe de futsal como entrega final.

Nos últimos dias, a Kings League vem chamando a atenção do universo esportivo pelos bons índices de audiência na internet, engajamento nas mídias sociais, presença de grandes players do mercado publicitário patrocinando o evento e uma superprodução que dá a impressão de que você está, literalmente, entrando na televisão para uma partida de futebol virtual.

Liderada pelo ex-jogador espanhol Gerard Piqué, idealizador e fundador da competição ao lado do streamer Ibai Llanos, a Kings League adotou a estratégia de obrigar que as equipes estejam ligadas a grandes streamers, influenciadores e personalidades como Neymar, Kaká, Yuri Goti, James Rodríguez, Gaulês, Paulinho O Loko, Mc Hariel, Ludmilla, entre outros. Com uma quadra de 42m x 25m, grama sintética preta e painéis de LED em todo o entorno da arena, o torneio realiza todos os seus jogos em um único local, dentro de um estúdio de cinema adaptado para receber as partidas e realizar a transmissão em altíssimo nível para o telespectador.

Foto: Fellipe Drommond

Com dez cabines de streaming dentro da quadra, todos os jogos são transmitidos simultaneamente pelos canais dos clubes e dos streamers. Trata-se de um produto desenvolvido e pensado 100% para atender à audiência de um novo nicho de público — um verdadeiro espetáculo televisivo, onde o jogo, por acaso, acontece com a bola nos pés.

No Brasil, são dez equipes formadas igualitariamente a partir da escolha de dez jogadores oriundos do draft da Kings, além do direito de contratar três wild card players cada, que podem ser substituídos a cada jogo. É exatamente aí que entra a relação com o futsal. A ascensão do torneio e o sucesso de audiência chamaram a atenção do público e de atletas da modalidade, que, pela semelhança das dimensões da quadra e da qualidade técnica aliada à força física, estão se destacando nesse novo evento. O caso de maior repercussão foi o do atleta Ton, contratado pela G3X FC junto ao Pato Branco Futsal para atuar exclusivamente na Kings League. Em poucos jogos, o pivô salonista ganhou destaque e vem sendo uma das principais atrações do torneio.

Além dele, diversos outros jogadores de destaque na Liga Nacional de Futsal (LNF) estão sendo cobiçados, o que faz com que clubes, torcedores, jornalistas e influenciadores liguem o sinal de alerta e passem a questionar o futuro do futsal. O futsal é uma modalidade extremamente consolidada, com milhares de equipes de base e profissionais, praticada em 170 dos 211 países filiados à FIFA. No entanto, precisamos repensar o evento.

O que trouxe Ifood, Adidas, SuperBet, McDonald’s, Negresco, Bis, Trident, YoPro e Red Bull para o evento não foi a promessa de ser a competição com a melhor qualidade técnica do mundo, tampouco a preocupação com a justiça esportiva para quem fez a melhor campanha na primeira fase ou a proteção aos clubes de maior ou menor investimento. Essas empresas apostam na audiência que um grande evento pode proporcionar diante de um público jovem específico, impulsionado pela presença de grandes personalidades.

Foto: Fellipe Drommond

Precisamos repensar a forma de divulgar o jogo e tornar o espetáculo do futsal mais atrativo — desde a experiência do público nas arenas até a capacidade de entrega de um grande evento que retenha a audiência do telespectador. É necessário atrair novos players para o jogo, pensar fora da caixa e, por meio do entretenimento, furar a bolha do nicho do futsal e expandi-lo para o universo contemporâneo. E, para isso, não é preciso descaracterizar a modalidade com mudanças abruptas nas regras. Devemos pensar em alterações que tornem o jogo mais curto, dinâmico — e melhorar o show.

Temos várias alternativas: realizar todos os jogos dos playoffs em um mesmo ambiente ou em um Final Four na mesma sede; padronizar os pisos; investir na iluminação das arenas; melhorar o posicionamento das câmeras e a angulação das transmissões; atrair embaixadores digitais e personalidades públicas para cada equipe; criar um universo digital (metaverso) da LNF para impactar os jovens em diferentes momentos; garantir a presença dos atletas nos principais eventos de esporte e entretenimento do país — e tantas outras ideias que certamente poderão ser debatidas em fóruns de discussão voltados à evolução saudável do esporte.

Reforço que o futsal é a única modalidade com potencial de ser a “NBA do Brasil”, mas precisa, urgentemente, compreender que demanda uma nova roupagem para atender às exigências do século XXI, impactar comercialmente e crescer como um grande produto midiático.

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