Sedentarismo encurta a vida? Descubra por que ele é tão perigoso
A OMS considera que o sedentarismo será tão nocivo quanto o cigarro durante o século 21; entenda mais e saiba como agir

O segredo para a longevidade não está em fórmulas mágicas ou fontes da juventude, mas sim, em um estilo de vida saudável. Ainda assim, o sedentarismo impera. Cerca de 47% dos brasileiros adultos não praticam atividade física regularmente, e entre os jovens o número sobe para 84%, segundo dados do IBGE. Apesar da relação entre vida ativa e longevidade ser conhecida, muitos subestimam a gravidade de ser sedentário.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que o sedentarismo será tão nocivo quanto o cigarro durante o século 21. Não é para menos: as evidências científicas mostram que passar longos períodos sem se exercitar está relacionado a um maior risco de mortalidade e ao surgimento de diabetes, doenças cardiovasculares e câncer.
De acordo com a OMS, inclusive, 500 milhões de pessoas irão desenvolver doenças não transmissíveis associadas ao sedentarismo entre 2020 e 2030.
“O sedentarismo reduz a sensibilidade à insulina, favorece a obesidade, altera o perfil lipídico e aumenta a pressão arterial. Esses fatores estão diretamente ligados à fisiopatologia de doenças crônicas, que são as principais causas de morte no mundo”, explica Marcella Garcez, médica nutróloga, mestre em ciências da saúde e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia.
Por isso, a OMS recomenda entre 150 e 300 minutos de atividade aeróbica por semana, o equivalente a prática de 30 a 60 minutos por dia, em cinco dias da semana. A entidade destaca que qualquer movimento já é benéfico: até mesmo 50 minutos semanais são melhores do que nenhum.
Como o sedentarismo afeta o corpo
Entender como o sedentarismo afeta o corpo exige olhar para dentro. Seus impactos chegam, por exemplo, ao intestino. A falta de atividade física reduz a diversidade de bactérias na microbiota intestinal, de acordo com Rodrigo Barbosa, cirurgião do aparelho digestivo. Quanto menor essa variedade, maior o risco de doenças, já que o organismo se torna menos eficiente em reagir a ameaças externas.
- Alteração da microbiota intestinal
“A diminuição da diversidade da microbiota intestinal favorece inflamações crônicas e acelera o envelhecimento celular. Pessoas fisicamente ativas mantêm bactérias intestinais mais benéficas, associadas a um envelhecimento saudável”, explica Rodrigo. A inatividade ainda compromete a motilidade intestinal, favorecendo constipação, estufamento e inflamação.
- Acúmulo de gordura visceral
Também contribui para o acúmulo de gordura visceral, que agrava doenças como obesidade e distúrbios intestinais, e aumenta o risco de doença hepática gordurosa, doença inflamatória intestinal e câncer colorretal.
- Acúmulo de gordura no fígado
E não acaba por aí: “A ausência de atividade física facilita o acúmulo de gordura no fígado, aumentando o risco de esteatose hepática, uma condição silenciosa e progressiva que pode evoluir para cirrose”, esclarece Rodrigo.

As consequências do sedentarismo a curto e longo prazo
Embora os prejuízos do sedentarismo sejam mais evidentes com o passar dos anos, seus efeitos aparecem desde cedo. Alterações no sono, queda na capacidade de aprendizado, estresse e ansiedade são sintomas que podem surgir no dia a dia de quem é sedentário.
O impacto, entretanto, é diferente entre as gerações. “Agrava a sarcopenia, a perda de autonomia e o risco de mortalidade em idosos. Em adultos jovens e de meia-idade, por outro lado, contribui para o início precoce de doenças metabólicas. Cada faixa etária sofre impactos diferentes, mas o prejuízo é maior sempre que o sedentarismo se mantém por longos períodos”, diz Marcella.
Os efeitos do sedentarismo para a saúde mental
Quando o assunto é sedentarismo, é comum que os efeitos citados sejam relacionados ao físico. As consequências, porém, chegam na mente. “O corpo foi feito para se mover. Se isso não acontece, há uma redução na produção de neurotransmissores como serotonina e dopamina, substâncias essenciais para o bem-estar e a regulação do humor”, comenta a psicóloga Edwiges Parra.
- Diminuição da autoestima
O sedentarismo também pode afetar a autoestima, levar a uma sensação de vazio e aumentar o cansaço e apatia para realizar atividades simples, como ir ao mercado, de acordo com ela.
- Estresse potencializado
“A atividade física funciona como um modulador do sistema nervoso, ajudando a equilibrar os níveis de cortisol, o chamado ‘hormônio do estresse’. Quando não nos exercitamos, esses níveis permanecem elevados por mais tempo do que deveriam”, diz a especialista.
- Maior risco de Alzheimer
Há ainda o aumento da vulnerabilidade a doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e outras formas de demência, principalmente em quem já possui histórico familiar. Os prejuízos aumentam quanto mais esse hábito persiste.
- Ansiedade e depressão
“Ficar cinco anos sem fazer atividades físicas, por exemplo, pode contribuir para o surgimento de transtornos mentais crônicos, como depressão maior e transtorno de ansiedade generalizada”, afirma Edwiges.
Como começar a se exercitar?
Por outro lado, exercícios aeróbicos simples, praticados de forma moderada, como caminhada, bicicleta e natação, são eficazes para estimular o trânsito intestinal, fortalecer a microbiota intestinal, melhorar a qualidade de vida e aumentar a longevidade. “A recomendação é de pelo menos 30 minutos diários”, pontua Rodrigo, em referência à indicação da OMS.
“O aumento da atividade física melhora a capacidade funcional, reduz o risco de quedas, preserva a cognição e previne doenças crônicas. Isso se traduz em maior independência, menos internações e um envelhecimento mais saudável”, finaliza Marcella.
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