Cantor é denunciado por roubar músicas de Murilo Huff e outros sertanejos
Segundo investigação, Ronaldo Torres criou identidades falsas para registrar músicas de outros compositores e lucrar com reproduções de streaming
MP denuncia fraude com músicas em nome falso
O Ministério Público de Goiás denunciou o cantor Ronaldo Torres Souza por violação de direitos autorais. Ele é acusado de roubar músicas compostas por sertanejos famosos e registrá-las em plataformas de streaming como se fossem de sua autoria, sob nomes falsos. Entre os pseudônimos usados estava “Almir Torres”, personagem criado para mascarar a fraude.
A denúncia, revelada pelo Metrópoles, destacou que “a ousadia é tamanha que sobrou até para músicas e a própria voz de Murilo Huff, cantor e compositor conhecido nacionalmente”.
Como funcionava o esquema de roubo de músicas?
Ronaldo, que já havia feito sucesso em 2016 com “Sexta-Feira, Sua Linda”, usava seu nome artístico Alex Ronaldo para participar de listas de transmissão no WhatsApp. Nessas redes, compositores compartilhavam guias de músicas — versões preliminares, só com voz e violão — com empresários e artistas.
Ele salvava as gravações, criava capas com inteligência artificial e as lançava como se fossem de sua autoria, usando dezenas de pseudônimos como Aldo Vanuti, Andre Allk, Cesar Baroni e Hugo Hulk. Para lucrar com as reproduções, ativava monetização em sua própria conta.
O MP identificou uma “fazenda de streaming” operada por Ronaldo, com 21 computadores executando as músicas em repetição para inflar artificialmente os números.
Playlist do Spotify levou à descoberta
A fraude foi descoberta por acaso, após uma música aparecer em uma playlist aleatória no Spotify e ser reconhecida por um dos compositores. Em um dos casos, a canção “Eu Te Subestimei”, gravada por Huff como guia e lançada oficialmente na voz de Zé Felipe, apareceu com a voz de Huff creditada a “Almir Torres”.
Após isso, a gravadora de Zé Felipe derrubou versões não autorizadas da música. O MP identificou ao menos 27 casos similares.
O que diz a defesa de Ronaldo Torres?
Ronaldo foi denunciado em janeiro e, segundo seu empresário Sílvio França, tem colaborado com as investigações. Ele afirmou ao Metrópoles que o cantor está fazendo terapia e que a prisão seria prejudicial.
“Uma coisa é botar um bandido na cadeia, que está acostumado com cadeia, outra coisa é botar uma pessoa que não tem um passado nada sujo, tipo um passado limpo e botar na cadeia”, declarou. Ele acrescentou que Ronaldo precisa voltar a trabalhar e minimizou o caso: “O Brasil tem tantas outras coisas mais importantes que estão acontecendo”.
O espaço segue aberto para posicionamentos, declarações e atualizações das partes citadas, que queiram responder, refutar ou acrescentar detalhes em relação ao que foi noticiado.
