Bernardo Sousa: O regresso às origens e os novos desafios
Bernardo Sousa está de novo na ribalta internacional do desporto motorizado. Depois de se ter destacado nos ralis, 2025 abriu-lhe as portas a um projeto no WEC, onde representa as cores da Ford, na Proton Competition. O AutoSport esteve em Spa e falou com Sousa sobre este novo projeto. A carreira de Bernardo Sousa é […] The post Bernardo Sousa: O regresso às origens e os novos desafios first appeared on AutoSport.

Bernardo Sousa está de novo na ribalta internacional do desporto motorizado. Depois de se ter destacado nos ralis, 2025 abriu-lhe as portas a um projeto no WEC, onde representa as cores da Ford, na Proton Competition. O AutoSport esteve em Spa e falou com Sousa sobre este novo projeto.
A carreira de Bernardo Sousa é bem conhecida de todos. Com um talento indiscutível ao volante, destacou-se nos ralis onde começou a fazer a sua história. Uma história feita de vitórias, de momentos menos felizes, com alguma polémica à mistura. Apesar dos altos e baixos, Bernardo Sousa conseguiu sempre regressar aos grandes palcos.
Em 2024, depois de ter perdido os apoios para se manter nos ralis, fez uma época a tempo inteiro no Campeonato de Portugal de Velocidade, representando as cores da Toyota Gazoo Racing Caetano Portugal. Na altura, reconheceu que aceitou o projeto pelo desafio, não escondendo que estava também interessado em poder regressar aos ralis. Curiosamente, foi o campo de treinos ideal para agarrar a oportunidade de correr no WEC, uma porta que se abriu inesperadamente, mas que o piloto madeirense aproveitou da melhor forma.
“Andei aqui uns anos a fugir do que é a minha essência”
Quisemos saber como surgiu esta oportunidade e Sousa, relembrou o passado ligado às pistas:
“Quando corri no GT Open, fiz uma corrida de Corvette. Depois no ano seguinte havia um plano em cima da mesa para correr com o Miguel Ramos no GT Open. Houve várias discussões, fizemos alguns testes, inclusivamente com a Corvette oficial. Mas o plano era passar para os GT’ s. No ano seguinte, havia uma boa proposta para correr com a Corvette. Essa oportunidade não se materializou e acabei por apostar nos ralis.
Não posso dizer que me arrependo do que quer que seja, mas regresso às pistas, se calhar, por algum motivo. Andei aqui uns anos a fugir do que é a minha essência e do que gosto muito, apesar de também gostar muito dos ralis. Mas os entendidos da matéria, diziam que eu nunca devia ter ido dos karts para os ralis, mas sim ir para os GT’ s ou os Fórmula.
No final do ano passado, o Duarte Félix da Costa arranjou-me um teste, com a Ford no rookie test e correu bem. O resto é história, já lá vão três corridas e estamos cá. Estou super contente, é algo que eu procurava”.
A vida e a carreira de Bernardo Sousa está recheada de ironias e o destino quis que o madeirense regressasse a uma marca que conhece bem e com a qual teve sucesso:
“A Ford foi a marca com que fui campeão. Uma marca mítica, com um histórico e uma relação com o mundo do endurance incrível. Estão a preparar a chegada do Hypercar, mas isso não tem nada a ver connosco, com os meus planos. Não é esse o objetivo nem é nada que eu esteja a pensar. Mas apenas demonstra a força desta marca que tenho novamente o privilégio de representar”.
“As coisas são assim e isso já me irritava um bocadinho”
É impossível dissociar Bernardo Sousa dos ralis. Quando questionamos se essa era uma porta fechada, uma mistura de sentimentos surgiu do lado do piloto. Por um lado, a paixão pela disciplina continua bem presente, por outro o desencanto com certas situações levaram a um afastamento:
“Acho que os ralis em Portugal, apesar de estarem aparentemente com muita saúde e muita divulgação, são muito caros. Fazer um campeonato de TT ou de Velocidade exige menos dinheiro. Se fores um amador, vai-te ser muito mais barato ir para GT´s ou para o TT do que ir para o para os ralis.
Além disso, é um campeonato cheio de vícios. Há um nível muito alto das equipas, dos pilotos, da preparação, mas depois há um nível baixo em termos organizativos. Quer queiram, quer não, é verdade. Não se controla troços, não se controla os reconhecimentos. É algo que me irrita muito. Toda a gente sabe que se faz isto.
Portanto, infelizmente as coisas são assim e isso já me estava a irritar um bocadinho. Depois perdi o maior patrocinador, antes de começar o campeonato. Surgiram dois projetos, o todo-o-terreno ao GT’ s. Fui para os GT’ s. Esta oportunidade não estava sequer em equação. Mas ela surgiu numa altura que já estava a correr na velocidade”.
“O Hugo e o Gonçalo precisam do seu tempo para errar e crescer”
Bernardo Sousa acredita que nunca teve muita sorte nos timings da sua carreira. Reconhecendo a importância e valor de projetos como o FPAK Júnior Team, recordou que passou ao lado de projetos desse tipo e de outras oportunidades:
“A Hyundai e a Toyota, felizmente estão a fazer um grande investimento e estão a meter dois pilotos oficiais lá. Agora temos Júnior Team com o Hugo [Lopes] e com Gonçalo [Henriques]. Duas jovens esperanças. Aliás, já não são promessas, são certezas. Precisam do seu tempo para errar, para crescer e as pessoas têm de lhes dar tempo para errar e aprender. Mas obviamente também é preciso de dinheiro”.
“O meu timing nestas oportunidades não aconteceu. Fui para fora, estive na Red Bull. Depois surgiu o projeto da Peugeot Portugal, mas não foi, pois estava lá o Bruno [Magalhães]. Em resumo, algumas oportunidades foram surgindo que não pude aproveitar. Por exemplo, se tivesse feito o ano passado de Ralis, se calhar podia estar na Hyundai, porque o Kris foi para Toyota. Mas falamos de “ses” e a minha carreira tem muitos “ses”. Isso e alguma falta de compreensão. Também não tinha ninguém que me aconselhasse e que me pusesse no sítio certo. Agora, com este projeto, estava no sítio certo, à hora certa.”
Bernardo Sousa está hoje (terça-feira, dia 13) e amanhã a testar com um Aston Martin GT3, com vista à preparação para a sua participação nas 24h de Spa. O piloto madeirense parece ter encontrado o lugar certo para si, e já se começa a destacar, com o fim de semana de Spa a dar boas indicações.
Sem esquecer que era a apenas a sua terceira corrida no campeonato e com o carro, andou nos primeiros lugares da sua categoria e fez um primeiro stint muito interessante, com um ritmo forte que lhe permitiu manter-se nos primeiros lugares. Há trabalho pela frente e um piloto com tantos anos de ralis, precisa de tempo para recalibrar, mas Sousa parece estar a conquistar o seu espaço muito rapidamente. The post Bernardo Sousa: O regresso às origens e os novos desafios first appeared on AutoSport.