Bem-estar Animal Entra na Pauta da Associação Brasileira de Agronegócio

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo. ABAG cria Força Tarefa de Bem-Estar Animal para ações na cadeia produtiva animal, começando pela pecuária onde o país tem relevância global com 200 milhões de bovinos O post Bem-estar Animal Entra na Pauta da Associação Brasileira de Agronegócio apareceu primeiro em Forbes Brasil.

Fev 14, 2025 - 16:59
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Bem-estar Animal Entra na Pauta da Associação Brasileira de Agronegócio

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

 

 

O Brasil tem um rebanho de cerca de 230 milhões de bovinos, o maior rebanho comercial do mundo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e um desafio de igual tamanho: fazer das práticas de bem-estar animal um ativo na pecuária, gerando valor para toda a cadeia de produção, da criação ao consumo. É fato que há iniciativas aqui e ali, e não são de hoje, mas ainda faltam muitos avanços. Por isso, nesta quinta-feira (13), em sua sede em São Paulo, a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), em parceria com o Instituto Sócio-Cultural Brasil-Alemanha (ISCBA), lançou a Força Tarefa Brasileira de Bem-Estar Animal.

O projeto tem por objetivo a realização de eventos, publicações e treinamentos de equipe envolvidas nas tarefas de bem-estar em toda a cadeia produtiva, além de levar o tema até o consumidor final de proteínas. A Abag tem entre seus associados nomes como JBS, SLC Agrícola, Cargill, Rabobank, que são empresas diretamente ligadas à pecuária, e outras como Santander, Bayer, Basf, etc.

“O setor fala muito para o próprio umbigo. Precisamos ampliar mais essa conversa”, disse Francisco Matturro, diretor da Abag e atual presidente executivo da Rede Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF). Para Thomas Timm, presidente do ISCBA, levar a temática do bem-estar animal para além do setor é necessário e estratégico. “Brasil e Alemanha são unidos por valores morais e éticos, por isso trabalhamos juntos há muitos anos no setor de agricultura”. Timm completa que o tema está diretamente ligado aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, que também pautam as atividades do instituto.

Divulgação - Abag

Nina Plöger, presidente do ForbesMulher Agro, Francisco Matturro, diretor da Abag e José Tejon, jornalista

Essa não é a primeira vez que Brasil e Alemanha se unem para promover o debate sobre o tema. Em 2018, a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha de São Paulo publicou o livro “O Bem-Estar Animal no Brasil e na Alemanha”, escrito por Jörg Hartung, professor da Universidade de medicina veterinária de Hannover, na Alemanha, em parceria com Carmen Perez, pecuarista e colunista no ForbesMulher Agro, uma ativista da causa animal, e com o professor Mateus Paranhos, do Departamento de Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (UNESP de Jaboticabal), um dos maiores cientistas do país nesta área.

“Agora, vivemos um momento de maior sensibilização ao tema, novas demandas, como o Acordo UE-Mercosul, e mais valor agregado em práticas que priorizam o bem-estar animal”, explica Timm. O objetivo da Força Tarefa Brasileira de Bem-Estar Animal é começar pelas práticas na pecuária, um setor sensível e onde já há um trabalho em andamento e, posteriormente, em todos os setores e outras espécies de animais. Além disso, a iniciativa quer unir os setores público e privado nas ações e atualizar as legislações vigentes.

“Quando eu comecei a falar de bem-estar animal, há 20 anos, só tinha uma pessoa que sabia do assunto. Agora, o tema tem sido crescente na sociedade e na cadeia produtiva, porque o campo não está mais distante como era há décadas atrás”, diz Carmen Perez, que também tem um relacionamento estreito com a autista norte-americana Temple Grandin, psicóloga e zootecnista que revolucionou as práticas para o tratamento racional de animais vivos em fazendas e abatedouros e já a trouxe ao Brasil algumas vezes.

A complexidade do bem-estar animal, que hoje está totalmente relacionada ao One Health, ou Saúde Única (humanos e animais), passa pela adoção de tecnologias, como monitoramento por sensores, modelos preditivos e inteligência artificial, mas também por uma série de adoções, conforme os sistemas produtivos. Por exemplo, as regulamentações e normas, em função da crescente exigência de certificações e normas internacionais, como as diretrizes da OIE (Organização Mundial da Saúde Animal) e protocolos como o GAP (Good Agricultural Practices), que exige adaptações muitas vezes custosas e complexas.

Divulgação - Abag

Thomas Timm diz que Brasil e Alemanha possuem valores semelhantes

Passam, também, por manejo e transporte, infraestrutura e ambiência, sanidade e saúde animal, conscientização e capacitação de equipes, exigências do consumidor e do mercado e, principalmente, pelos desafios econômicos. Muitas práticas de bem-estar animal exigem investimentos em infraestrutura, genética e capacitação, o que pode ser um entrave para pequenos e médios produtores, justamente porque o retorno financeiro pode não ser imediato, desestimulando a adoção de novas práticas.

Para a discussão da plataforma, outras vozes estiveram presentes como Nina Plöger, presidente do Forbes Mulher Agro (FMA), um think tank que reúne cerca de 50 produtoras e lideranças; José Ciocca, diretor executivo da Produtor do Bem, uma certificadora de sustentabilidade e Animal Welfare Advisor da F&S Consulting; Stephan Timm, consultor em proteção e bem-estar animal, e Paulo César Maiorka, professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP; Sheila Guebara, diretora de sustentabilidade da Seara, e Darren Vanstone, diretor na Chronos Sustainability, consultoria britânica do setor agroindustrial, também compareceram. “Convidamos os melhores especialistas no tema para conhecerem o projeto e para que, futuramente, se tornem membros”, diz Timm. Um representante do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) participou do evento de forma virtual.

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