Até caças F-35 e mísseis americanos são “made in China”

Os caças F-35 e os mísseis balísticos dos Estados Unidos dependem de componentes essenciais fabricados com terras raras — e 90% desses materiais vêm da China. Em uma medida que acendeu alarmes em Washington, Pequim bloqueou a exportação das terras mais críticas, afetando diretamente o setor de defesa norte-americano. O impacto vai muito além da […] O post Até caças F-35 e mísseis americanos são “made in China” apareceu primeiro em O Cafezinho.

Abr 21, 2025 - 18:41
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Até caças F-35 e mísseis americanos são “made in China”

Os caças F-35 e os mísseis balísticos dos Estados Unidos dependem de componentes essenciais fabricados com terras raras — e 90% desses materiais vêm da China. Em uma medida que acendeu alarmes em Washington, Pequim bloqueou a exportação das terras mais críticas, afetando diretamente o setor de defesa norte-americano.

O impacto vai muito além da logística. Especialistas apontam que o controle chinês sobre o refino e o fornecimento desses minerais representa uma ameaça estratégica ao poder militar dos EUA.

A vulnerabilidade do arsenal americano

Terras raras são 17 elementos químicos usados em alta tecnologia. Apesar de não serem raros no solo, seu processamento é complexo e poluente — uma combinação que levou a China a dominar quase toda a cadeia de extração e refino.

Esse domínio transformou Pequim numa peça-chave de indústrias vitais dos EUA. Um único caça F-35, por exemplo, contém cerca de 400 kg de materiais derivados de terras raras. Submarinos nucleares podem ultrapassar 4 000 kg. Sem esses elementos, motores, sistemas de guiagem e radares simplesmente não funcionam.

A recente decisão de Pequim obriga exportadores chineses a obter permissões especiais para enviar esses produtos para o exterior, com a perspectiva de cotas, tarifas ou até mesmo proibição total. Para Washington, trata-se de um risco concreto: os estoques estratégicos acumulados cobrem apenas alguns meses de produção.

Um problema já conhecido

A dependência dos EUA já vinha sendo motivo de preocupação. Em 2022, o chamado “escândalo do ímã do F-35” forçou o Pentágono a suspender temporariamente entregas de aviões após descobrir que uma liga metálica usada em motores havia sido fabricada na China, em violação às normas de aquisição.

Embora o episódio não tenha resultado em riscos operacionais imediatos, deixou evidente a profundidade da vulnerabilidade. Agora, com a nova exigência chinesa, analistas já preveem aumento nos custos e atrasos nas cadeias de suprimentos, afetando não apenas caças e mísseis, mas também submarinos, navios de guerra, tanques e sistemas de armas a laser.

Alternativas ainda tímidas

Apesar de esforços recentes para reduzir essa dependência, os EUA ainda não conseguiram estabelecer uma produção doméstica capaz de competir com a escala e o custo chineses.

A mina de Mountain Pass, na Califórnia, retomou atividades, mas responde por uma fração do mercado global. O refino, a etapa mais crítica, permanece em grande parte sob controle chinês. Investimentos para abrir plantas nos EUA e na Austrália avançam, mas ainda exigem anos de desenvolvimento.

Além disso, o alto custo ambiental do processamento de terras raras levanta obstáculos políticos internos para uma expansão rápida.

Lições da história

Durante a Segunda Guerra Mundial, quando a Alemanha interrompeu o fornecimento de bauxita, essencial para aviões de combate, os Estados Unidos reagiram ativando reservas internas no Arkansas. A situação atual exige movimento semelhante — mas desta vez num ambiente global muito mais competitivo.

A realidade é que a China construiu, ao longo de três décadas, uma posição quase monopolista em setores estratégicos, e agora mostra disposição para usar esse poder como ferramenta geopolítica.

Um dilema de segurança nacional

A medida recente não fecha totalmente o fluxo de terras raras, mas deixa claro que Pequim tem em mãos uma poderosa alavanca. Para os EUA, o desafio é urgente: sem diversificação de fontes e reindustrialização doméstica, toda a base industrial de defesa continuará vulnerável a decisões tomadas a 12 mil quilômetros de distância.

Analistas alertam que, sem mudanças estruturais, a próxima crise pode não se limitar a atrasos ou aumento de preços, mas comprometer diretamente a espinha dorsal tecnológica da defesa norte-americana — uma realidade alarmante para quem sempre confiou na supremacia tecnológica como base de sua força global.

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