Apelo à IL
Sempre ressenti a criação deste partido. Conhecia muitas pessoas que nele viam uma boa ideia, e que para ela avançaram sacrificando o maravilhoso estatuto que alcançaram como poetas de uma sociedade em ruínas pelo estatuto de membros do chiqueiro político-partidário. A política partidária é a forma mais baixa, básica e analfabeta de intervenção social. É […]
Sempre ressenti a criação deste partido. Conhecia muitas pessoas que nele viam uma boa ideia, e que para ela avançaram sacrificando o maravilhoso estatuto que alcançaram como poetas de uma sociedade em ruínas pelo estatuto de membros do chiqueiro político-partidário. A política partidária é a forma mais baixa, básica e analfabeta de intervenção social. É abdicar do papel de juiz para a condição de réu. Foi com pena que vi pessoas com capacidade para intervenção cultural abraçarem o projecto de se enfiarem no beco sem saída da partidarite, a mais ridícula das religiões vigentes, a que substitui a satisfação intelectual pela doutrina acéfala de uma devoção ao processo burocrático.
Fizeram muitas asneiras, como seria expectável. Agora lá estão, à procura de cargo, tarefa, secretaria que expie o pecado da alienação intelectual através de um punhado de notas. Não há salvação possível. Abdicaram de relevância crítica ao sistema para se tornarem em rodas dentadas deste.
Agora, publicam um cartaz de teor canino. Literalmente. Nele, podemos ver uma caricatura de Putin, com Trump por uma trela, que por sua vez tem uma representação canídea de Ventura pela trela de Trump. Esqueceram-se de qualquer membro da IL na trela da senhora von der Leyen, ela própria com uma trela que dispensa explicações. O meu apelo vai no sentido de rogar para que, pelos tempos em que demonstravam uma capacidade extraordinária de entendimento dos problemas de dependência nacional, retirem o cartaz justificando-o como um erro de julgamento de um designer menos capaz, fruto de anos de escola pública e uma academia depauperada de intelectuais.
Ao mesmo tempo, vai no sentido de, já que se colocaram em posição de escolha por portugueses, passarem a servir os interesses destes em vez do interesse imperialista americano. Passaram três anos a incentivar o testa-de-ferro Zelensky a colocar o país que representa entre a espada e a parede de Moscovo e Washington, até não restar mais que partir o país aos pedaços entregando uma parte à Rússia e outra aos Estados Unidos. Perpetuidade na exploração de minério. Só falta acrescentar o direito americano pela virgindade das jovens ucranianas, mas ainda há espaço negocial. Tudo para manter uma bandeirinha regional que nada serve excepto para criar uma falsa sensação de pertença aos ucranianos que sobreviveram à chacina incentivada pelos abortos falhados de europeus a que os média – e mais ninguém – chamam de líderes políticos.
Procurais inimigos? Já o tendes. Não é Ventura, não é Trump, não é Putin. O vosso inimigo são os povos da Europa, de Lisboa aos Urais, passando por Kiev. Nunca pensei ver pessoas inteligentes a encontrarem-se voluntariamente à parede. Por outro lado, o erro pode ter sido meu, ao deslumbrar-me por uma inteligência que afinal nunca existiu.