China aprova construção de 10 novos reatores nucleares e amplia capacidade energética

O Conselho de Estado da China autorizou a construção de 10 novos reatores nucleares em cinco regiões do país, com um investimento total superior a 200 bilhões de yuans, o equivalente a US$ 27,4 bilhões. A decisão foi tomada durante reunião realizada no domingo, presidida pelo premiê Li Qiang, conforme informou o portal estatal The Paper.

As novas unidades serão instaladas nas províncias costeiras de Zhejiang, Guangdong, Guangxi, Shandong e Fujian.

O projeto inclui oito reatores do modelo Hualong One, tecnologia de terceira geração desenvolvida na China, com capacidade anual de geração de aproximadamente 10 bilhões de quilowatts-hora cada, volume suficiente para abastecer cerca de um milhão de pessoas.

A reunião do Conselho de Estado destacou que o avanço na produção de energia nuclear deve ser conduzido com foco na “segurança absoluta”.

Segundo a ata do encontro, o desenvolvimento dessa fonte de energia integra a estratégia nacional para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e ampliar a participação de fontes limpas na matriz energética chinesa.

Analistas da Citic Securities, em relatório divulgado na segunda-feira, afirmaram que “a indústria de energia nuclear continua a experimentar forte crescimento” e que os projetos chineses estão sendo realizados de acordo com “os mais altos padrões globais de segurança”.

O anúncio marca o quarto ano consecutivo em que o governo chinês aprova pelo menos 10 novos reatores nucleares.

A iniciativa está alinhada com o compromisso assumido pela China de alcançar a neutralidade de carbono até 2060, enquanto o país mantém a posição de maior consumidor mundial de carvão e principal emissor global de gases poluentes.

Segundo a Associação de Energia Nuclear da China, o país lidera o ranking mundial em capacidade nuclear combinada entre reatores em operação, em construção ou aprovados.

O total chega a 102 reatores, com capacidade instalada de 113 milhões de quilowatts. Esse volume inclui tanto as unidades já em funcionamento quanto as em processo de implantação.

Dados da Associação Nuclear Mundial indicam que, atualmente, 65 reatores nucleares estão em construção em 15 países.

Desses, 30 estão na China, o que posiciona o país como o principal polo de expansão da energia nuclear no cenário internacional. A Rússia aparece em segundo lugar, com sete reatores em desenvolvimento.

O investimento em novos projetos nucleares atingiu em 2024 o valor recorde de 146,9 bilhões de yuans, representando um aumento de 52 bilhões de yuans em relação ao montante registrado em 2023, de acordo com o levantamento da Associação de Energia Nuclear da China.

Embora a energia nuclear ainda represente uma parcela menor na matriz energética limpa do país, em comparação com fontes como solar e eólica, a geração nuclear tem registrado crescimento constante.

Em 2024, a capacidade instalada das unidades nucleares em operação somou 60,88 milhões de quilowatts, resultando em uma produção de 445,1 bilhões de quilowatts-hora de eletricidade. Esse volume representou um avanço de 2,72% em relação ao ano anterior e respondeu por 4,73% da produção total de energia elétrica da China.

Segundo o relatório da associação, a geração de energia nuclear em 2024 contribuiu para a redução estimada de 334 milhões de toneladas nas emissões de dióxido de carbono, reforçando a meta chinesa de reduzir a dependência de combustíveis fósseis.

A projeção da Associação de Energia Nuclear da China é que, até 2030, a capacidade das unidades nucleares em operação atinja 110 milhões de quilowatts. A expansão prevista faz parte dos esforços do governo para diversificar as fontes de energia e cumprir os objetivos climáticos estabelecidos em compromissos internacionais.

Além dos oito reatores Hualong One, os dois demais reatores aprovados também utilizarão tecnologias nucleares avançadas. O modelo Hualong One, utilizado nos novos projetos, é resultado de desenvolvimento interno e integra características de segurança exigidas pelos padrões internacionais da indústria.

Os projetos aprovados nas cinco regiões têm previsão de início das obras nos próximos meses, com cronogramas estabelecidos para o cumprimento das etapas de construção, instalação e operação comercial.

O Conselho de Estado destacou que a implementação das novas unidades será acompanhada por autoridades reguladoras para garantir o cumprimento das normas de segurança e de proteção ambiental.

O setor nuclear chinês tem recebido atenção prioritária nas políticas energéticas do país, com investimentos contínuos e incentivo à inovação tecnológica. O fortalecimento da indústria nuclear é visto pelo governo como instrumento para garantir a segurança energética nacional e reduzir os impactos ambientais da produção de eletricidade.

A construção dos novos reatores amplia o portfólio de geração energética da China e reforça a posição do país como principal mercado de desenvolvimento de energia nuclear no mundo.

Com informações da SCMP

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