Apagão na Europa foi “fenômeno climático raro”; vai ter reflexo no Brasil?

Nesta segunda-feira (28), um apagão generalizado atingiu várias regiões da Europa, causando transtornos especialmente na Espanha e Portugal. De acordo com informações de uma operadora de energia portuguesa, o colapso no sistema de abastecimento de energia foi causado por uma “vibração atmosférica induzida”, um fenômeno climático raro.

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A REN (Redes de Energia Nacionais) comunicou que a falha foi ocasionada por uma “vibração atmosférica induzida” ocorrida no interior da Espanha. O fenômeno climático considerado raro consiste em uma série de intensas trepidações nas nas linhas de transmissão de energia, normalmente provocadas por fortes ventanias ou altas temperaturas.

As fortes vibrações causam falhas de sincronização entre os sistemas de transmissão de energia e acabam impactando negativamente no sistema de abastecimento interligado da Europa. A empresa portuguesa estima que a normalização dos serviços no país deve levar aproximadamente uma semana.

Várias empresas do setor estão trabalhando conjuntamente para restabelecer a energia nos locais afetados. A falha ocorreu por volta de 7h, horário de Brasília, e atrasou voos, interrompeu operações bancárias, além de ter afetado a circulação de trens em várias cidades europeias.

Portugal e Espanha foram os mais afetados, mas França, Finlândia e Polônia também sofreram os impactos do apagão. Por outro lado, os franceses conseguiram mitigar os efeitos do apagão, normalizando a transmissão de energia nas regiões que ficaram sem luz e agora tentam auxiliar outros países.

Apagão na Europa pode afetar Brasil?

O Brasil, embora esteja bem distante de onde o apagão generalizado ocorreu, pode ter algum nível de instabilidade em alguns serviços digitais. Isso porque grande parte dos servidores de aplicações utilizadas diariamente em território nacional estão instaladas no continente europeu.

“Apesar de o apagão ter ocorrido na Europa, o Brasil pode sentir reflexos indiretos no ecossistema digital. Isso acontece porque diversos serviços que usamos, como aplicações em nuvem e grandes plataformas digitais, têm parte de sua infraestrutura baseada ou roteada pela Europa. Se houvesse uma interrupção mais grave ou prolongada, poderíamos enfrentar instabilidade em serviços online, aumento de latência ou até falhas em vários tipos de redes”, disse Lucas Rodrigues, gerente de comunicação da Leste.

De acordo com o jornal El País, plataformas da Meta, especialmente o WhatsApp, chegaram a ficar fora do ar na Espanha. Aliás, eles ainda operam com bastante lentidão. O país ainda sofre com apps de instituições bancárias com os serviços instáveis nas últimas horas.

Aprendizado para autoridades brasileiras

No Brasil, no entanto, não foram observados episódios de instabilidade significativa em aplicativos ou plataformas digitais. Para Luciana Lancerotti, Designer de Impacto e ex-CMO da Microsoft, o evento ocorrido na Europa pode servir de aprendizado para autoridades brasileiras.

“No Brasil, temos a oportunidade de aprender com esse episódio e puxar para a pauta de inovação uma visão mais integrada. Redes, energia e dados precisam ser tratados como ecossistemas que priorizam as pessoas no centro de tudo”, disse Lancerotti.

Eduardo Freire, estrategista de inovação corporativa e criador do método Project Thinking, acredita que o ocorrido na Península Ibérica não deve afetar a infraestrutura de redes 4G/5G, mas expõe uma dura realidade.

“Nossa infraestrutura digital é interdependente, e falhas graves em grandes blocos econômicos impactam cadeias de fornecimento, segurança cibernética e até fluxos de dados globais. Mais do que nunca, precisamos tratar nossa conectividade como parte da segurança nacional e estratégica, investindo em redes mais resilientes, inteligentes e autônomas”.

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