A vida imita a floresta
Este ano, teremos uma abundância de artigos, matérias e postagens sobre a COP 30, que acontecerá em novembro, no Brasil. É pertinente que sejamos o palco para discussões ambientais, afinal nosso país é o quinto maior emissor de carbono do planeta e possui a maior floresta tropical do mundo. É necessário elevar o nível de conhecimento da população sobre a gravidade da crise climática e os encaminhamentos definidos na conferência. Mas esta não é uma... O post A vida imita a floresta apareceu primeiro em Meio e Mensagem - Marketing, Mídia e Comunicação.


(Crédito: Shutterstock)
Este ano, teremos uma abundância de artigos, matérias e postagens sobre a COP 30, que acontecerá em novembro, no Brasil. É pertinente que sejamos o palco para discussões ambientais, afinal nosso país é o quinto maior emissor de carbono do planeta e possui a maior floresta tropical do mundo. É necessário elevar o nível de conhecimento da população sobre a gravidade da crise climática e os encaminhamentos definidos na conferência.
Mas esta não é uma coluna sobre mudança do clima. Apesar do convite para pensarmos no meio ambiente, hoje, vamos refletir sobre analogias entre as dinâmicas organizacionais e alguns aspectos da floresta tropical. Sim, a inspiração vem da natureza — por que não?
Antes de começarmos, é importante lembrarmos de verdades vitais: são os oceanos os maiores responsáveis pela produção de oxigênio, mas as florestas tropicais são essenciais para o equilíbrio climático da Terra. Elas absorvem e armazenam grandes quantidades de carbono, regulam a temperatura e a umidade, influenciam os padrões climáticos globais, preservam a biodiversidade e mantêm o equilíbrio hídrico essencial para a vida.
Segundo o Global Forest Resources Assessment da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), as maiores florestas são: a Amazônia, com 5,5 milhões de km²; a floresta do Congo, na África Central, com 3,7 milhões de km²; e a floresta tropical do Sudeste Asiático, com 2 milhões de km².
Minha analogia com o mundo corporativo, entretanto, não foi concebida com algumas destas maiores florestas, mas com a mais antiga e biodiversa: a Floresta de Daintree, na Austrália, onde estive recentemente e fui inspirada pelas conversas que tive com o guia Ricky Hall. A região é um Patrimônio Mundial reconhecido pela Unesco, com espécies de plantas e animais que datam de milhões de anos.
Ao entrar na floresta, Ricky nos informou que uma trilha apenas não é suficiente para conhecê-la. São, na verdade, pelo menos 13 florestas em uma, dentro da Daintree, e é necessário percorrer diferentes caminhos para experienciar sua biodiversidade. No mundo corporativo, as empresas são como como estas florestas: organismos vivos onde tudo está interligado: áreas, setores e atividades. Para um líder tomar decisões, é necessário ter uma visão sistêmica, considerar impactos e dependências e entender como as pessoas vivem a cultura organizacional.
A fertilidade do solo na floresta varia de acordo com a altitude, entre outros fatores, e a mesma espécie de árvore pode ter um desenvolvimento diferente nesses ambientes. Isso porque elas precisam equilibrar o uso de seus recursos — o que é explicado pela teoria do Growth–Defense Trade-Off.
Em um solo pobre em nutrientes, a árvore precisa investir mais energia na defesa química (toxinas nas folhas) para evitar ser devorada. Suas folhas podem se tornar mais duras, amargas ou tóxicas, e o crescimento é menor. Já a mesma árvore, em solo fértil, produzirá menos toxinas e investirá mais em seu crescimento, buscando a luz do sol.
E não é exatamente assim com a cultura organizacional? Ambientes baseados em valores como respeito, diversidade e inovação funcionam como solos férteis para os profissionais. Em contrapartida, ambientes tóxicos limitam o potencial das pessoas, afetam sua saúde mental e comprometem sua produtividade.
A terceira analogia traz uma nuance ainda mais humana. Ricky nos explicou que cada planta tem sua própria estratégia para crescer em direção ao sol, e nos mostrou as lianas. Para crescer, a liana precisa de apoio. Ela se enrola em um tronco de árvore maior, certamente mais antigo, e vai subindo em espiral. À medida que amadurece, seu caule se torna mais rígido e ela fica mais pesada, até conseguir se sustentar sozinha.
Assim é a jornada do crescimento profissional. Muitas vezes, especialmente no início da carreira ou diante de novos desafios, precisamos do apoio de profissionais mais experientes para encontrar o caminho.
Com o tempo, ganhamos firmeza e autonomia. As lianas não são parasitas, mas podem prejudicar as árvores na competição por luz ou até no equilíbrio estrutural. É um ponto de atenção interessante, tanto para quem é liana quanto para quem é árvore. A relação deve ser saudável, pois há lugar ao sol para todos.
Tomando a liberdade de parafrasear Oscar Wilde: a vida imita a floresta. Que a COP 30 promova resultados concretos para o combate à crise climática. E que possamos manter a floresta em pé, essa verdadeira aula sobre a vida em todos os seus aspectos. E você, já observou na natureza alguma semelhança com sua própria jornada?
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