Aposentados foram ‘vítimas fáceis’, diz Lewandowski sobre operação no INSS

Ministro da Justiça comenta operação que apura desvios bilionários em benefícios do INSS. Fraudes podem ter causado prejuízo de R$ 6,3 bilhões

Abr 23, 2025 - 20:54
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Aposentados foram ‘vítimas fáceis’, diz Lewandowski sobre operação no INSS

O ministro da Justiça Ricardo Lewandowski afirmou que aposentados e pensionistas foram “vítimas fáceis” de um esquema criminoso que se apropriou indevidamente de parte dos benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

A declaração foi dada nesta quarta-feira (23/4), durante entrevista coletiva, realizada no auditório do Ministério da Justiça, em Brasília. Deflagrada pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU), a “Operação Sem Desconto”, investiga irregularidades na realização de descontos associativos sem autorização dos beneficiários.

Lewandowski disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou “preocupação” com o caso e pediu rigor nas investigações. “O que se verifica é que os aposentados e pensionistas foram vítimas fáceis de pessoas inescrupulosas que, de maneira criminosa, se apropriaram de valores que lhes eram devidos”, declarou Lewandowski.

O ministro da CGU, Vinícius Marques de Carvalho, também participou da coletiva e detalhou o panorama revelado pelas auditorias. “O que apuramos é que a maioria dessas pessoas não tinha autorizado esses descontos, que eram em sua maioria fraudados, em função de falsificação de assinaturas e de uma série de artifícios para simular essa que não era uma vontade real dessas pessoas”, disse Carvalho.

Segundo ele, as investigações foram iniciadas no âmbito administrativo no início de 2023. Ao constatar a existência de indícios robustos de práticas criminosas, o órgão acionou a Polícia Federal, que passou a conduzir o inquérito no início deste ano. As análises envolveram 29 entidades com Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) com o INSS e entrevistas com 1.300 aposentados. “A maioria não reconhecia que havia autorizado esses descontos”, relatou Carvalho. Ele ainda destacou que diversas entidades investigadas “não tinham estrutura operacional para prestar o serviço que era oferecido como contrapartida aos descontos aplicados nos benefícios”.

A ofensiva apura um prejuízo que pode ultrapassar R$ 6,3 bilhões entre os anos de 2019 e 2024, período que abrange as gestões dos ex-presidentes Jair Bolsonaro (PL) e do atual presidente. A operação mobilizou mais de 700 policiais federais e 80 auditores da CGU, cumpriu 211 mandados de busca e apreensão, seis ordens de prisão temporária e impôs o afastamento de ao menos seis servidores públicos, incluindo o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto.

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