Trump pode descobrir que o tempo não está a seu favor em guerra comercial com a China

A resposta rápida de Pequim aos tarifas do “Dia da Libertação” sinaliza que está pronta para uma longa batalha, enquanto o presidente dos EUA precisa de uma vitória rápida. Velocidade é essencial na guerra, e a guerra comercial global lançada por Donald Trump não é exceção. Seu “Dia da Libertação” de tarifas recíprocas foi histórico. […] O post Trump pode descobrir que o tempo não está a seu favor em guerra comercial com a China apareceu primeiro em O Cafezinho.

Abr 8, 2025 - 17:42
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Trump pode descobrir que o tempo não está a seu favor em guerra comercial com a China

A resposta rápida de Pequim aos tarifas do “Dia da Libertação” sinaliza que está pronta para uma longa batalha, enquanto o presidente dos EUA precisa de uma vitória rápida.

Velocidade é essencial na guerra, e a guerra comercial global lançada por Donald Trump não é exceção. Seu “Dia da Libertação” de tarifas recíprocas foi histórico. Nenhuma grande economia na história moderna tentou algo tão ousado.

Mas, apesar do nome, as tarifas dos EUA não trazem libertação nem são recíprocas. Mesmo assim, não deveriam ser uma surpresa. Trump já havia prometido durante sua campanha tarifas de cerca de 60% sobre a China. Os 54% impostos agora pegaram os mercados desprevenidos porque não acreditaram que ele agiria.

Para Trump, essas medidas são necessárias para evitar o declínio dos EUA. A dívida nacional disparou para US$ 36,22 trilhões, com pagamentos de juros podendo chegar a US$ 1 trilhão em 2026. Enquanto isso, a indústria americana encolheu – como no setor naval, onde a China domina mais da metade do mercado global, enquanto os EUA têm menos de 1%.

A economia e a indústria são a base do poder de um país. Para Trump, esses são sinais claros de fraqueza. Mas resolver esses problemas levaria tempo, e ele não pode esperar. Com as eleições legislativas de 2026 se aproximando, ele precisa de resultados rápidos.

A guerra comercial é uma jogada inicial para negociações intensas, não um conflito prolongado. A esperança é que economias menores, dependentes do mercado americano, cedam rápido, fortalecendo sua posição contra a China.

Mas Pequim reagiu imediatamente, impondo medidas equivalentes e incluindo empresas americanas em listas punitivas. A resposta chinesa mostra que está preparada para o confronto. Além de atingir politicamente a base de Trump, a retaliação tem dois objetivos:

Primeiro, como segunda maior economia do mundo, a China demonstra que não aceitará coerção econômica. Segundo, serve de aviso a outros países que pensam em se aliar aos EUA.

Historicamente, guerras são ou de aniquilação ou de desgaste. Quem precisa de vitórias rápidas busca ações decisivas, enquanto quem tem resistência prolonga o conflito.

A China parece pronta para uma guerra longa. Sua dependência das exportações para os EUA diminuiu, e diversificou suas importações, com Rússia e Brasil preenchendo lacunas. Além disso, sua posição nas cadeias globais se fortaleceu.

Para os EUA, substituir produtos chineses será difícil no curto prazo, e consumidores podem ter que absorver os custos das tarifas. O sucesso de Trump depende de quantos países se renderão rápido. Se não houver vitórias rápidas, a frustração interna crescerá.

Nesse embate entre velocidade e resistência, o tempo pode ser o maior inimigo de Trump.

Autor: Chow Chung-yan
Biografia: Chow Chung-yan começou sua carreira no South China Morning Post (SCMP) e tornou-se editor-executivo em 2015. Liderou a cobertura internacional do jornal, incluindo a abertura de escritórios nos EUA, Europa e África.
Data de publicação: 8 de abril de 2025
Fonte: South China Morning Post (SCMP)

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