Todo o Líbano rejeita a normalização

O presidente do parlamento do Líbano alertou recentemente que Israel está tentando “atrair” o país para negociações de normalização

O primeiro-ministro do Líbano, Nawaf Salam, disse em 26 de março que todos os cidadãos libaneses rejeitam a ideia de normalização com Israel.

“Ninguém no Líbano quer a normalização com Israel, e ela é rejeitada por todos os libaneses. Os cinco pontos que Israel insiste em manter não têm valor militar ou de segurança, exceto pela pressão contínua sobre o Líbano”, ele disse. “Todos os meios diplomáticos internacionais e árabes de pressão sobre Israel para interromper seus ataques não foram esgotados”, ele continuou dizendo.

Salam também enfatizou “a necessidade de mobilizar apoio árabe e internacional para enfrentar o projeto israelense de deslocar os moradores de Gaza e da Cisjordânia”.

“O objetivo da visita do enviado francês é discutir o dossiê de reconstrução e garantir o apoio necessário”, acrescentou o primeiro-ministro.

Seus comentários foram feitos no momento em que o enviado francês Jean-Yves Le Drian iniciava uma visita de dois dias ao Líbano.

O presidente libanês Joseph Aoun se encontrou com Le Drian, enfatizando durante a reunião a necessidade de mediadores – Washington e Paris – para pressionar Israel a retirar suas forças do Líbano.

“Israel ainda ocupa cinco colinas e não libertou prisioneiros libaneses detidos durante a guerra recente”, disse Aoun.

A reunião ocorreu um dia depois de fontes terem dito à AFP que autoridades libanesas estavam em “contato intenso” com os EUA e a França para impedir qualquer bombardeio israelense à capital do país, Beirute.

Israel realizou ataques aéreos mortais no sul e leste do Líbano no fim de semana, que foram uma resposta ao lançamento de foguetes do sul do país. O Hezbollah, que normalmente afirma suas operações publicamente, negou qualquer envolvimento no lançamento de foguetes.

Tel Aviv continua realizando ataques em território libanês desde que o acordo de trégua entrou em vigor em novembro do ano passado, violando o acordo mais de 1.500 vezes.

Israel também continua ocupando o sul do Líbano, dizendo que recebeu sinal verde dos EUA para permanecer em cinco postos ao longo da fronteira, apesar do acordo de cessar-fogo que exige uma retirada completa do exército israelense do sul do Líbano.

No início deste mês, os EUA anunciaram que estavam facilitando negociações indiretas entre o Líbano e Israel para discutir prisioneiros libaneses mantidos em prisões israelenses, 13 pontos “disputados” ao longo da fronteira dos quais Tel Aviv deveria se retirar anos atrás, e os cinco pontos ocupados pelas forças israelenses após o acordo de cessar-fogo alcançado em novembro de 2024.

“Israel pretende atrair o Líbano para negociações políticas com o objetivo de normalizar as relações”, disse o presidente do Parlamento libanês e líder do Movimento Amal, Nabih Berri, no domingo.

“O Líbano tem um acordo que goza de apoio internacional e árabe, bem como endosso da ONU, e está implementando-o e aderindo a ele à risca. Israel é quem está obstruindo sua implementação e buscando contorná-lo”, ele acrescentou.

O ministro das Relações Exteriores libanês, Yousef Rajji, disse em 22 de março que Beirute está “intensificando os esforços diplomáticos” para garantir uma retirada israelense “imediata e incondicional”, descartando qualquer conversa sobre normalização ou negociações diretas com Israel.

Publicado originalmente pelo The Cradle em 26/03/2025

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