Tesouro Real tem em exposição “a 2.ª maior pepita de ouro do mundo”, Nuno Vale, diretor executivo do museu
"The Royal Collection" é uma coleção exclusiva inspirada nas peças históricas da monarquia portuguesa.


No universo da alta joalharia, poucos nomes carregam consigo um legado tão marcante como a Leitão & Irmão. Com uma história de mais de dois séculos, a casa joalheira, que conquistou o prestigiado Título de Joalheiros da Coroa Portuguesa, esteve esta semana no podcast da Marketeer, Marcas com Marca. Jorge Leitão, o atual responsável pela Leitão & Irmão, contou a história e as estórias que, ao longo dos anos, e desde a fundação marcaram a família.
Agora, numa iniciativa conjunta com o Museu Tesouro Real, nasce “The Royal Collection”, uma coleção exclusiva inspirada nas peças históricas da monarquia portuguesa.
Para assinalar este momento ímpar, a Marketeer falou com Nuno Vale, diretor executivo do Museu Tesouro Real. Em conversa, explorou-se a relevância desta colaboração, o impacto da exposição da réplica do Título de Joalheiros da Coroa Portuguesa e a forma como esta iniciativa reafirma a tradição e excelência da ourivesaria nacional. Uma homenagem ao passado que ilumina o caminho da joalharia portuguesa rumo ao futuro.
O que motivou a parceria entre o Museu Tesouro Real e a Leitão & Irmão para a criação da The Royal Collection?
O Museu Tesouro Real tem tido a preocupação de ter na sua loja coleções exclusivas inspiradas na coleção, com o intuito que o público possa levar para casa um pouco da experiência da visita ao museu. Sendo a Leitão & Irmão os joalheiros da Coroa portuguesa, com cerca de uma dezena de peças em exposição no museu, faria todo o sentido ter uma coleção exclusiva desenhada e concebida pela L&I.
De que forma a exposição da réplica do Título de Joalheiros da Coroa Portuguesa enriquece a coleção permanente do Museu?
A réplica do Título de Joalheiros da Coroa Portuguesa materializa um documento de época assinado por um monarca português, D. Luís, algo que não disponhamos na exposição. Por outro lado, permite ao público perceber em concreto a razão porque D. Maria Pia e D. Luís eram tão bons clientes da casa Leitão & Irmão e a razão de o nosso espólio incluir cerca de uma dezena de peças desta casa.
Quais foram os critérios utilizados para selecionar as peças emblemáticas que inspiraram The Royal Collection?
A coroa, num contexto real, é sempre uma peça emblemática, pois é uma insígnia régia e representativa da condição real. Neste sentido, a seleção da coroa como motivo de inspiração é algo que surgiu de forma natural. Por outro lado, tendo a exposição permanente no Tesouro Real a 2.ª maior pepita de ouro do mundo e uma das maiores coleções de diamantes em exposição permanente no mundo (cerca de 18.000 diamantes), muitos deles de grande dimensão e outros raros, naturalmente, surgiu como elemento de inspiração para uma coleção que se queria elegante, simples e sofisticada.
Por último, a peça de coleção, o rinoceronte em prata, surgiu de um acaso. Ao encontrar-se o molde original dos rinocerontes que servem de base ao cofre da cidadania, a mais imponente peça Leitão & Irmão em exposição permanente no Tesouro Real, tornou-se obrigatório incluir esta peça na coleção. O molde passou também a fazer parte da exposição.
Como a parceria reforça o legado da ourivesaria portuguesa e projeta a arte joalheira para o futuro?
Estando a Leitão & Irmão a fazer 203 anos e com uma vitalidade ímpar, é sinal que a joalharia nacional está saudável ao fazer a continuada aposta na criação artesanal, no saber fazer e na alta capacidade técnica dos seus artífices. E sem dúvida o Museu Tesouro Real tem num dos seus pilares estratégicos o impacto social, cultural e económico. É objetivo contribuir com a sua coleção para o desenvolvimento, a inspiração e a criatividade dos setores da ourivesaria, joalharia e outros, projetando o passado no presente e no futuro.
Acredita que esta colaboração pode atrair novos públicos para o Museu? Que tipo de impacto espera?
Mais do que atrair novos públicos servirá para valorizar a arte de bem fazer nacional, o património cultural e museológico nacional e a grandiosidade da coleção do Museu Tesouro Real, que tem sido contemplada com importantes prémios e reconhecimentos internacionais, como seja o prémio de Museu Internacional do ano em Itália (ACTA2024) ou a nomeação para Museu Europeu do Ano, um prémio do Conselho da Europa (EMYA2024).
Quais os desafios enfrentados durante o processo de recuperação dos moldes originais do Cofre da Cidadania?
Não houve desafios de maior, apenas uma grande satisfação por ter sido recuperada tão importante peça.
Existe a intenção de continuar a colaborar com marcas históricas como a Leitão & Irmão em projetos futuros?
Existe a intenção de colaborar com marcas históricas e marcas novas neste caminho de contribuir para o desenvolvimento das artes e do fazer bem nacional.
Na sua opinião, de que forma a arte joalheira contribui para a preservação da memória histórica e cultural de Portugal?
As joias usadas em contexto real são mais do que objetos de adorno, são símbolos de poder, são mensagens políticas, são símbolos de luxo, de bom gosto, de criação artística e de técnica na arte de saber fazer. Constituem um legado e uma preservação da memória da ação política, mas também da qualidade artística e artesanal da joalharia nacional.