Santander Totta com lucros de 269 milhões no trimestre a caírem 8,7%

A explicar a queda do resultado está a redução da receita de juros (margem financeira) de 19,6% para 354,2 milhões de euros.

Abr 30, 2025 - 09:49
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Santander Totta com lucros de 269 milhões no trimestre a caírem 8,7%

O banco Santander em Portugal registou um lucro no primeiro trimestre de 268,8 milhões de euros, que compara com 294,4 milhões no período homólogo, traduzindo uma queda de 8,7%.

A explicar a queda do resultado está a redução da receita de juros (margem financeira) de 19,6% para 354,2 milhões de euros.

As comissões subiram 0,6% para 121,7 milhões e os resultados de operações financeiras (mercados) subiram 55,3% para 6,7 milhões de euros. Ainda assim, o produto bancário caiu 14,5% para 485,0 milhões de euros.

Comparativamente com o trimestre anterior, o resultado líquido já cresceu (+26,9%), beneficiando da estabilização da margem financeira (que cresceu 2,6% com o maior volume de negócio) e do crescimento das comissões (+13,5%), fruto da maior transacionalidade dos clientes.

A rentabilidade dos capitais próprios (ROE) recuou de 27,3% em março do ano passado para 23,9% em março deste ano.

Ainda na demonstração de resultados os custos operacionais continuam controlados, com um crescimento de apenas 1,0% face ao período homólogo, para 130,3 milhões de euros, em resultado do processo de melhoria comercial e operacional que o Banco continua a desenvolver, orientado para a experiência omnicanal, em que a rede física é complementada pelos canais digitais.

Os custos com pessoal, no montante de 72,5 milhões de euros, cresceram 3,2%, refletindo também a renovação do quadro de pessoal, enquanto os gastos gerais e administrativos se reduziram em 2,9%, para 47,9 milhões.

Em resultado, o rácio de eficiência situou-se em 26,9% (agravando 4,2 pontos percentuais face ao período homólogo).

A qualidade creditícia permaneceu sólida, apoiada pelo contexto de pleno emprego. A imparidade líquida de ativos financeiros ao custo amortizado ascendeu a 14,6 milhões de euros, refletindo a recuperação de créditos vencidos, correspondendo a um custo do crédito de -0,02%. O rácio de NPE (non performing exposure) reduziu-se, em 0,3 pp, para 1,5%.

As provisões líquidas e outros resultados ascenderam a -1,1 milhões de euros.

O resultado antes de impostos e de interesses que não controlam foi de 368,2 milhões de euros, traduzindo uma redução de 14,2% face ao período homólogo.

O banco destaca que “a execução da sua estratégia de otimização comercial e operacional traduziu-se no crescimento da base de clientes, em mais 71 mil clientes ativos e 80 mil clientes digitais, comparativamente com o final de março de 2024”.

O Santander Totta “cresceu, igualmente, ao nível da transacionalidade dos seus clientes, tendo o número de cartões de débito e de crédito emitidos aumentado em 4,6%, em termos homólogos, com os quais foram realizadas 1,2 milhões de operações diárias de compras e pagamentos (+10,7%)”, refere a instituição.

Pedro Castro e Almeida, (CEO) do Santander Totta, referiu, citado no comunicado, que “no crédito, reforçámos a nossa posição, com uma quota superior a 20% no crédito à habitação, um crescimento de 12% no financiamento às empresas e com o financiamento sustentável a aproximar-se dos 500 milhões de euros. Nos recursos de clientes captados, os depósitos cresceram 6,7% e os fundos de investimento 14,8%. São números que contam histórias de confiança, de relação, de compromisso”.

De facto, o crédito total a clientes (bruto) ascende no fim de março a 50,7 mil milhões de euros, registando um crescimento homólogo de 8,7%, suportado na elevada originação de novos créditos à habitação e a empresas.

Já os recursos de clientes ascenderam a 46,3 mil milhões de euros (+6,9% face ao final de março de 2024), com crescimento tanto em depósitos de clientes (+6,7%) como em recursos fora de balanço (+14,8%).

O Santander em Portugal diz que prosseguiu a sua estratégia de maximização da almofada de liquidez disponível para fazer face a eventos adversos.

O rácio Common Equity Tier 1 (CET1), calculado de acordo com as normas da CRR/CDR IV, situou-se em 14,2% (fully implemented), no final de março de 2025 (+0,6 pp face ao mesmo período de 2024).

“No final de março de 2025, a reserva de liquidez manteve-se em níveis confortáveis, terminando o ano com uma reserva de liquidez de 17 mil milhões de euros. A exposição ao Eurosistema situou-se nos -1,8 mil milhões de euros (posição excedentária)”, lê-se no comunicado.

O rácio LCR (Liquidity Coverage Ratio), calculado segundo as normas da CRD IV, situou-se em 129,5% “cumprindo as exigências regulamentares em base fully implemented”.

Ao contrário do setor, o rácio de transformação de depósitos em crédito do Santander Totta, supera os 100%, sendo de 132,0%, 2,9 pontos percentuais acima do ano anterior. O que é também uma medida de liquidez, neste caso negativa porque o banco tem de financiar o crédito que concede no mercado, ou junto da casa-mãe Santander.

O número de trabalhadores aumentou num ano 102 para 4.682 no total.

Recentemente a Bloomberg noticiou que o Santander está a preparar saídas na sua unidade de gestão de ativos em Portugal, que conta atualmente com 28 trabalhadores. Mas oficialmente a Santander Asset Management desmentiu. A gestora de ativos liderada por Miguel Teixeira Santos não está no entanto no perímetro do banco em Portugal. É uma empresa do grupo de fundos de investimento, detida diretamente pelo Santander em Espanha.