Saiba quem são os réus do 8 de Janeiro que morreram
Causas variam entre problemas de saúde e acidentes domésticos; um deles, o Clezão, virou um símbolo para bolsonaristas

Seis réus do 8 de Janeiro morreram durante a tramitação do processo penal no STF (Supremo Tribunal Federal). O mais conhecido é Cleriston Pereira da Cunha, também chamado de Clezão. Ele morreu em novembro de 2023, aos 46 anos, enquanto estava preso na Papuda.
Sua morte é frequentemente citada por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para criticar o Supremo. Nos 2 últimos atos organizados pelo ex-chefe do Executivo, deputados lembraram o caso:
- 16.mar.2025 – Nikolas Ferreira (PL-MG) declarou que o STF roubou a vida de Cleriston. “Eles roubaram a oportunidade da sua filha de mostrar o neto, o filho dela, para o seu avô. Tirou a oportunidade de um pai de abraçá-lo, de passar momentos tristes e felizes”;
- 6.abr.2025 – Carol de Toni (PL-SC) afirmou que Clezão teve uma sentença de morte enquanto “assaltantes, assassinos e corruptos estão soltos ou tendo benefícios”.
Leia abaixo quem são os réus do 8 de Janeiro que morreram:
Cleriston Pereira da Cunha
- Nascimento: 17.jul.1977;
- data da morte: 20.nov.2023 (46 anos);
- onde vivia: São Vicente (região administrativa do Distrito Federal);
- profissão: empresário;
- local da morte: Complexo Penitenciário da Papuda (DF).
Nascido na Bahia, Cleriston Pereira da Cunha morreu aos 46 anos, em 20 de novembro de 2023, no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Sofreu um mal súbito durante o banho de sol. Clezão, como era chamado, havia sido preso em flagrante dentro do Congresso Nacional.
Thiago Pavinatto, advogado da família de Cleriston, pediu em fevereiro de 2024 a prisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, por tortura, maus-tratos e abuso de autoridade. A defesa havia protocolado em 7 de novembro de 2023 uma petição pedindo para que a prisão preventiva fosse convertida em domiciliar por causa de problemas de saúde. A petição nunca foi analisada. O réu morreu 13 dias depois.
Em fevereiro de 2025, Luiza Cunha, filha de Cleriston, pediu ajuda ao representante da OEA (Organização dos Estados Americanos), Pedro Vaca –relator especial para liberdade de expressão da CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos). Vaca estava no Brasil para entender as perspectivas sobre a situação do direito à liberdade de expressão. Ao representante, Luiza afirmou que o pai havia sido preso injustamente e torturado.
Éder Parecido Jacinto
- Nascimento: 7.nov.1965;
- data da morte: 2.mar.2024 (58 anos);
- onde vivia: Redenção (PA);
- profissão: caminhoneiro;
- local da morte: em casa.
Eder foi preso preventivamente em 8 de janeiro e ficou detido na Papuda por 7 meses. Segundo a denúncia da PGR, ele havia invadido o Congresso Nacional e destruído bens protegidos por ato administrativo. Acabou denunciado por 5 crimes.
O caminhoneiro morreu depois de um acidente de trabalho em casa, enquanto estava em liberdade condicional, concedida por Moraes em agosto de 2023. De acordo com a família, ele fazia a manutenção do seu caminhão quando caiu de um andaime e fraturou o fêmur e a coluna. Depois de dias em coma, morreu por infecção generalizada em 2 de março. Deixou 5 filhos, todos maiores de idade.
Kleber de Freitas
- Nascimento: 23.nov.1979;
- data da morte: 10.mai.2024 (44 anos);
- onde morava: Borrazópolis (PR);
- profissão: técnico em radiologia;
- local da morte: em casa.
De acordo com a denúncia da PGR, Kleber estava acampado em frente ao QG do Exército em Brasília. Foi denunciado por incitação ao crime e associação criminosa. Morreu em maio de 2024, na casa de seus pais no Centro de Borrazópolis (PR). Deixou a mulher, Elenice Vieira, com quem vivia havia 17 anos, além de 4 filhos.
Kleber teve a liberdade provisória concedida em 13 de março de 2023. Em janeiro de 2024, pediu a flexibilização das medidas cautelares para poder cuidar do pai com insuficiência cardíaca e do filho autista com hipotiroidismo e obesidade. O Ministério Público do Paraná intimou o Supremo para se manifestar sobre o pedido, mas não houve resposta.
Antônio Marques da Silva
- Nascimento: 4.ago.1974;
- data da morte: 29.out.2023 (49 anos);
- onde morava: Barra do Garças (MT);
- profissão: trabalhava com pavimentação.
Antônio foi preso em flagrante em 9 de janeiro de 2023, enquanto acampava em frente ao QG do Exército em Brasília. Foi para a prisão domiciliar em janeiro de 2023. À época, fazia uso dos medicamentos losartana e hidroclorotiazida para controle da hipertensão arterial. Virou réu em maio do mesmo ano, após a 1ª Turma do STF receber a denúncia por associação criminosa e incitação ao crime.
Em 22 de agosto, Moraes reconheceu a possibilidade de firmar um ANPP (Acordo de Não Persecução Penal), o que levou à suspensão da ação penal. Dois meses depois, em 29 de outubro, porém, Antônio morreu de traumatismo cranioencefálico grave e choque neurogênico, de acordo com a certidão de óbito. Deixou 7 filhos. Já foi filiado ao PDT e ao PSC. Na ocasião da prisão, era filiado ao Solidariedade.
Giovanni Carlos dos Santos
- Nascimento: 1º.jan.1978;
- data da morte: 24.jan.2024 (46 anos);
- onde morava: São José dos Campos (SP);
- profissão: cuidador de idosos;
- local da morte: em casa.
Foi preso em prisão em flagrante em 9 de janeiro de 2023 e denunciado por incitação ao crime e associação criminosa. Ganhou liberdade provisória, com medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica, em 13 de março de 2023.
A defesa alegou que ele era réu primário, tinha bons antecedentes e residência e empregos fixos. Durante a tramitação do processo, pediu mudança de endereço, na mesma cidade, para cuidar do pai enfermo, que apresentava quadros de confusão mental, afasia e paresia.
Em janeiro de 2024, enquanto estava na casa dos pais, Giovanni morreu ao cair de uma escada de 7 metros enquanto podava uma árvore.
Jony Figueiredo da Silva
- Nascimento: 11.abr.1980;
- data da morte: 27.set.2024 (44 anos);
- onde morava: Planaltina (região administrativa do Distrito Federal);
- profissão: não informada;
- local da morte: hospital.
Foi denunciado, primeiramente, por incitação ao crime e associação criminosa.
Depois, um boné amarelo achado no plenário da Câmara dos Deputados com o seu material genético fez o MPF o denunciar por 5 crimes.
Após virar réu, sua audiência de instrução foi marcada para 8 de outubro de 2024. Um dia antes, contudo, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal comunicou o Supremo que Jony havia morrido em 27 de setembro, no Hospital Regional de Planaltina, após sofrer uma parada cardiorrespiratória.
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