RD Saúde: conhecida por resiliência, ação desaba 14% após 1T; veja o que desanimou

A RD Saúde apurou lucro líquido ajustado de R$ 177,1 milhões no primeiro trimestre, um declínio de 17% em comparação com o resultado de um ano antes The post RD Saúde: conhecida por resiliência, ação desaba 14% após 1T; veja o que desanimou appeared first on InfoMoney.

Mai 8, 2025 - 00:16
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RD Saúde: conhecida por resiliência, ação desaba 14% após 1T; veja o que desanimou
Drogasil

Reconhecida por ser uma companhia resiliente em momentos de forte turbulência, a RD Saúde (RADL3), rede farmacêutica dona das marcas Raia e Drogasil, começou o ano com o pé esquerdo e viu as suas ações desabarem após os resultados do primeiro trimestre de 2025 (1T25). Os papéis caíram 14,76%, a R$ 16,58, a maior baixa do Ibovespa.

A RD Saúde apurou lucro líquido ajustado de R$ 177,1 milhões no primeiro trimestre, um declínio de 17% em comparação com o resultado de um ano antes, com margem de 1,6%, contração de 0,6 ponto percentual no comparativo anual. O resultado considera efeitos tributários.

O desempenho operacional da rede de farmácias, medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado somou R$ 644,1 milhões no período, declínio de 5% ano a ano e abaixo da expectativa média de analistas de R$ 690,8 milhões, segundo dados da LSEG.

A XP Investimentos ressalta, em relatório, que a dinâmica ficou pressionada em todas as linhas.

O Bradesco BBI também apontou os números como negativos e bem abaixo do estimado pelo BBI (-30% no lucro líquido ajustado; -7% no Ebitda ajustado).

Entre os destaques negativos, estiveram: (i) vendas de mesmas lojas crescendo 3,4%, abaixo da inflação (versus a estimativa do BBI de 4%); (ii) a margem bruta caiu 0,6 ponto percentual (pp) em base anual para 26,6% (versus a estimativa do BBI de 27%), com -0,3 pp de perdas de estoque e +0,2 pp de ajuste a valor presente. Os -0,5 pp restantes foram principalmente de descontos, dada a ausência de pressão de mix da 4Bio e -0,1 pp das categorias; (iii) as despesas financeiras líquidas ficaram 17% acima do projetado pelo BBI; (iv) o ciclo de caixa aumentou 4% para 63 dias devido a estoques e fornecedores.

Já o destaque positivo, segundo o BBI, ficou com as despesas com vendas (em linha com o estimado pelo BBI), que cresceram 4,4%, em base anual, por loja (-3% na comparação trimestral). “As despesas gerais e administrativas surpreenderam positivamente (estáveis em relação ao ano anterior em termos nominais), mas foram favorecidas pelos ganhos com férias coletivas e provisões para participação nos lucros”, aponta o banco.

O BBI manteve recomendação neutra em relação ao valuation e dinâmica de resultados. Contudo, o banco aponta que as vendas fracas, apesar dos descontos maiores, levantam um sinal de alerta, visto que podem persistir se relacionadas à concorrência.

A XP ressalta que o desempenho inferior da MSSS (vendas nas mesmas lojas maduras) deve gerar preocupações entre os investidores, especialmente porque deve enfrentar outro ciclo de CMED (reajuste no preço dos medicamentos) pressionado (em +3,9%) a partir do próximo trimestre. Quanto à 4Bio, o crescimento das vendas desacelerou para +14% na base anual (versus +20% no 4T), como esperado, já que a RD se concentra na margem em detrimento do crescimento.

Para a XP, a margem bruta foi outro ponto baixo, mas as vendas também cobram seu preço. Em termos de lucratividade, a margem bruta foi o principal destaque, com queda de 60 pontos-base, impactado pelo mix, investimentos em preços/promoção e maiores perdas (30bps). No entanto, a margem Ebitda ajustada caiu 100 pontos-base devido a uma pressão esperada das despesas de vendas.

“Aqui, a empresa observou que isso deve permanecer como um vento contrário de cerca de 50 pontos-base até o 3T25. Como resultado, o lucro líquido caiu 17%, enquanto o FCF [fluxo de caixa livre] foi negativo em R$ 124 milhões, com uma dinâmica de capital de giro ligeiramente mais fraca (+2 dias), principalmente em fornecedores (-3 dias)”, apontam os analistas.

A RD, ressalta a XP, espera retomar seu nível de crescimento usual nos próximos trimestres. A empresa observou que espera que a margem bruta melhore daqui para frente com base em ganhos de estoque, sazonalidade, menores perdas e ganhos comerciais, enquanto observou uma convergência entre o crescimento das categorias no trimestre.

A Genial Investimentos ressalta que a combinação de vendas mais fracas, pressão na margem bruta e custos mais elevados continua dificultando uma retomada mais consistente da rentabilidade.

Cabe destacar ainda que, em teleconferência de resultados, a companhia ressaltou a sinalização da administração de um volume crescente de furtos (também mencionado por um par do setor) nas lojas, o que tem gerado perdas de estoque maiores do que o normal. Com isso, há efeito da alta dos roubos no nível de perdas por lojas, com efeito nas margem bruta da rede.

Neste sentido, iniciativas estão sendo implementadas para conter essa tendência, com redução do estoque em loja para produtos-alvo essenciais e alguma proteção nas prateleiras, conforme ressaltou o JPMorgan em relatório com os principais destaques do evento. Além disso, tem colocado só certos itens no mostruário, que também é um foco de furtos constantes em farmácias.

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Menor receita

O JPMorgan aponta o crescimento menor do que o esperado na receita e também a compressão significativa da margem bruta (-60 pontos-base ano a ano), o que, na opinião do banco, foi a principal surpresa negativa.

“Diante de um ambiente volátil e orientado para o curto prazo, acreditamos que as ações provavelmente estarão sob pressão, com potenciais revisões para baixo do LPA [lucro por ação] sendo desencadeadas pelos resultados”, apontam os analistas do banco.

Ainda assim, apesar do alto nível de ceticismo dos investidores neste momento, dada uma sequência de resultados fracos, a administração inferiu no comunicado que o 1T25 provavelmente seria o fundo da margem e sinalizou que: (1) há esforços contínuos para recuperar o nível de crescimento nos próximos trimestres, principalmente por meio de melhorias na execução relacionadas à experiência do consumidor e preços; (2) e que a margem bruta no 1T25 representa o ponto mais baixo do ano e deve aumentar nos trimestres seguintes com os ajustes anuais de preços, menores perdas de estoque e ganhos comerciais de parcerias com fornecedores (para financiar uma postura promocional mais forte); e que (3) em abril de 2025, a empresa realizou amplos ajustes em sua estrutura corporativa, o que deve aumentar a eficiência e a diluição das despesas gerais e administrativas.

Dito isso, o discurso da administração, juntamente com a granularidade incremental em torno do 1T25 e os resultados iniciais de iniciativas em andamento, bem como declarações prospectivas, podem ajudar a atenuar uma reação materialmente negativa do preço das ações, aponta o JPMorgan. O banco ressalta que, apesar da volatilidade esperada do preço do ativo, permanece com recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra).

De acordo com consenso LSEG, de 12 casas que cobrem o ativo RADL3, 6 possuem recomendação de compra, 4 de manutenção e 2 de venda, mostrando a divisão do mercado sobre o ativo.

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