Pulso: Explicamos o final da 1ª temporada da série da Netflix

Ambientada no Maguire Medical Center, em Miami, Pulso apresentou em sua primeira temporada um olhar cru sobre o cotidiano hospitalar e as relações entre médicos, internos e pacientes. Misturando tensão profissional com conflitos emocionais, a série caminhou para um desfecho carregado de drama, com uma sucessão de eventos que redesenharam o futuro de seus personagens.

No centro de tudo está Danny Simms, residente do terceiro ano que, logo no início da trama, apresenta uma queixa de assédio sexual contra o então chefe dos residentes, Xander Phillips, com quem ela se envolveu.

A acusação, por si só, abala a estrutura da equipe. Xander sempre foi visto como talentoso e carismático, o que faz com que muitos colegas duvidassem da versão de Danny. A situação piora ainda mais quando ela assume interinamente a liderança da residência, cargo que desperta olhares de reprovação e cobranças.

Furacão, pressão e um retorno inesperado

Quando o furacão Abby atinge Miami, o hospital entra em estado de alerta. Com o fluxo de pacientes crescendo rapidamente, a direção decide convocar Xander de volta, mesmo que temporariamente. Trabalhar ao lado dele em meio à crise aprofunda ainda mais os conflitos entre Danny e seus colegas.

A presença de Xander reabre feridas e fortalece o julgamento contra a protaginista, que se torna alvo de olhares desconfiados, inclusive de pessoas próximas, como seu melhor amigo Sam Elijah e sua irmã Harper. O apoio que ela esperava encontra barreiras em ressentimentos antigos e interesses pessoais, agravando seu isolamento dentro da equipe.

Apesar de toda a pressão, Danny consegue se destacar em meio ao caos. Sua conduta durante a passagem do furacão impressiona a chefia, principalmente a Dra. Natalie Cruz. O desempenho dela, no entanto, gera conflitos de bastidores que redefinem o futuro da liderança no hospital e reforçam um retrato infeliz, mas real.

Decisões políticas e disputas internas

A mãe de Xander, uma das principais financiadoras do hospital, pressiona a direção pela demissão de Danny. Cruz se recusa a ceder, mas sofre as conseqüências. A estrutura administrativa toma uma decisão radical: os departamentos de Cirurgia e Emergência, antes sob o comando de Cruz, são separados, e a emergência fica nas mãos de outro profissional, com visões divergentes.

Essa mudança de poder serve como retaliação. Danny, mesmo após ter demonstrado competência, é preterida. O novo chefe opta por nomear Sam, melhor amigo e concorrente direto dela, para o cargo. A decisão impacta não apenas Danny, mas também Cruz, que agora precisa lidar com a perda de influência e com a possibilidade de represálias futuras.

Do outro lado da trama, Xander não apenas retorna ao trabalho como é promovido, mesmo após a acusação. A promoção reflete uma estrutura de poder desequilibrada, onde relações e apadrinhamentos falam mais alto do que condutas. O contraste entre o reconhecimento de Xander e a penalização informal de Danny expõe a dinâmica desigual no Maguire Medical Center.

Mesmo reconhecendo os erros cometidos, Xander segue privilegiado. Seu retorno sem consequências reais reforça a sensação de impunidade. Para ele, a promoção é acompanhada de pressões e responsabilidades maiores, mas é Danny quem permanece no centro da instabilidade, com sua posição profissional ameaçada e seu futuro em aberto.

Enquanto tenta se reerguer após as derrotas, a protagonista enfrenta o desafio de seguir em frente num ambiente hostil. A relação entre eles, marcada por uma mistura de dependência emocional e desequilíbrio de poder, passa a ser vista sob nova luz.

Consequências inesperadas e romances proibidos

Em paralelo ao drama principal, a série explora outras relações marcadas por escolhas questionáveis. Tom Cole, um residente arrogante, desenvolve um vínculo com a paramédica Nia, o que acaba comprometendo sua conduta. A relação entre eles ultrapassa os limites do profissional e culmina em uma crise quando ela se fere gravemente durante o furacão.

Tom insiste em acompanhar o caso de Nia, mesmo sendo contra as normas do hospital. Quando a situação de Nia piora, ele abandona um evento social para acompanhá-la, mas não consegue conduzir a cirurgia devido ao abalo emocional. Ao saber que os dois estavam envolvidos, a chefia o afasta do caso e inicia uma investigação.

Enquanto isso, Sophie, uma interna, ganha destaque ao se aproximar de Camila, estudante de medicina. O relacionamento das duas cresce em meio ao caos, oferecendo momentos de leveza e conflito. Camila pensa em deixar o hospital por causa do ambiente tóxico, mas muda de ideia após se sentir valorizada por Cruz e pelas pequenas ações da equipe.

O desfecho emocional vem quando Sophie quase beija Camila, mas recua ao descobrir que ela está noiva. A cena, no entanto, deixa em aberto a possibilidade de um sentimento recíproco, abrindo caminho para novos desdobramentos.

O que esperar a partir daqui

A primeira temporada de Pulso termina com um balanço amargo para suas protagonistas. Danny perde o cargo, Cruz é colocada de lado e as estruturas do hospital são redesenhadas com base em interesses que vão muito além da meritocracia.

A série deixa claro que, mais do que salvar vidas, os personagens precisam constantemente salvar a si mesmos em um ambiente que nem sempre recompensa os justos. Se houver uma segunda temporada, a tendência é que o foco se intensifique nos jogos de poder e nas escolhas que moldam essas carreiras.

Além disso, a série traz a tona diversos debates importantes como assédio, misoginia e impunidade para aqueles que estão em uma maior posição financeira e de poder. Ao longo dos episódios, de forma sutil, mas clara, Pulso explora essas dinâmicas de forma crível e realista.

A série fecha seu primeiro ano de forma contundente, colocando as peças em posição para um novo ciclo. Em um hospital onde as relações são tão complexas quanto os diagnósticos, nada parece simples, e tudo pode mudar a qualquer instante.

Pulso está disponível na Netflix.

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