Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) têm fôlego para pagar bons dividendos, mas só uma delas oferece perspectiva de ganho de capital, diz analista da Empiricus
No podcast Touros e Ursos desta semana, Ruy Hungria fala sobre impacto do tarifaço de Donald Trump no lucro de duas das maiores empresas do Ibovespa e diz o que o investidor deve esperar dos proventos The post Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) têm fôlego para pagar bons dividendos, mas só uma delas oferece perspectiva de ganho de capital, diz analista da Empiricus appeared first on Seu Dinheiro.

Falou em dividendos, falou em Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4). Ambas são pagadoras de proventos bilionários e, não à toa, fazem parte dos rankings internacionais das chamadas vacas leiteiras da bolsa.
A geração de caixa das companhias é tão forte que nem mesmo o tarifaço de Donald Trump deve mudar a perspectiva de bons dividendos em 2025, segundo Ruy Hungria, analista da Empiricus Research e convidado do podcast Touros e Ursos desta semana.
No entanto, ele alerta que os pagamentos não devem chegar nos exorbitantes 60% de dividend yield que a Petrobras já apresentou no passado, ou nos 20% recordes da Vale em 2022 — está mais para os volumes de companhias tradicionais, na faixa dos 9% a 10%.
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A guerra comercial de Trump criou um cenário de incerteza global que tende a diminuir a atividade econômica no mundo, e isso tem um impacto direto na demanda por commodities como o petróleo e o minério de ferro, as matérias-primas de Petrobras e Vale.
E justamente por isso, a expectativa de Hungria é de que o caixa de ambas as empresas não seja tão farto esse ano. Mas nem tudo está perdido para as estrelas da B3. Concorrentes internacionais de Petrobras e Vale devem ter mais dificuldade do que as brasileiras — com chances de paralisar suas operações.
“Petrobras e Vale estão na categoria de produtoras eficientes, que têm menor custo de produção”, disse o analista no podcast.
Ele explica que as duas brasileiras conseguem manter a produção mesmo com o preço da commodity em níveis menores, enquanto as concorrentes começam a queimar caixa e rever a operação muito antes da petroleira e mineradora.
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Atualmente, o preço do petróleo Brent, que é referência de valor para a Petrobras, está na faixa dos US$ 63 o barril. Nos Estados Unidos, alguns CEOs de petroleiras afirmaram na última temporada de balanços que começaram a apresentar dificuldades de operação com esse preço.
Para a Petrobras chegar nesse nível de preocupação, o preço do petróleo teria que cair para a casa de US$ 50 o barril — e este é um cenário que a Empiricus não vê acontecendo, graças à famigerada oferta e demanda.
“Muitos players internacionais não conseguem gerar caixa com o petróleo em US$ 60 e preferem fechar as portas do que queimar caixa. Isso gera um cenário de menor oferta internacional, em que os preços tendem a se equilibrar e subir novamente”, diz o analista.
Segundo Hungria, a mesma dinâmica se aplica para a Vale.
Confira o episódio completo do Touros e Ursos da semana:
Tem dividendos, mas tem dificuldades
Mas isso não significa que 2025 não apresenta desafios para Vale e Petrobras.
Começando pela mineradora, Hungria diz que apresenta questões internas e externas, que tem se refletido nas ações justificadamente.
A começar por questões próprias: problemas com as barragens, produtividade, licenciamento e a divisão de metais básicos, que tem deixado a desejar há algum tempo.
“São todas questões intrínsecas que pesam nos múltiplos, nos resultados e se somam à questão interna”, diz o analista.
O externo se resume à China.
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“A China é o maior cliente da Vale e não vem apresentando um cenário brilhante há algum tempo. Agora vemos o mercado revendo a projeção de atividade e não sabemos qual o impacto que as tarifas do Tump terão. Mas certamente terá algum impacto”, diz Hungria.
Esse combo desanimador tem feito as ações da Vale negociarem a menos de 4x o valor da firma sobre o Ebitda (EV/Ebitda), o que o analista considera um múltiplo muito baixo, porém “justificável”.
Petrobras também tem seus problemas. Para Hungria, o histórico da empresa depõe contra e será o balizador do humor do mercado na apresentação dos resultados do primeiro trimestre.
A queda na receita e no lucro está dada, segundo o analista. Na comparação anual, o preço do petróleo entre janeiro e março do ano passado era maior do que o preço neste ano, o que por si só significa uma queda de, pelo menos, 10% da receita e do lucro.
Mas o mercado está de olho em outro indicador: o capex.
Nos resultados do quarto trimestre, a Petrobras apresentou um volume de investimentos maior do que o guidance para o ano em US$ 2 bilhões. Isso acendeu o alerta entre os investidores, que tiveram um déjà vu com aportes insatisfatórios do passado.
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“Agora, o mercado quer entender onde está sendo colocado esse capex. Se é realmente em exploração e produção, se é no pré-sal”, diz Hungria. “Se for um investimento no campo de Búzios, como a companhia falou, realmente deveria dar um retorno positivo olhando para a frente, porque é um campo com produtividade muito boa e custo de produção bom.”
Mas até que isto seja esclarecido, a dúvida está posta — e a memória pesa.
Que tal trocar Petrobras e Vale por …
Quando se trata de dividendos, ambas as empresas estão no mesmo patamar, segundo Hungria.
O dividend yield deve ficar entre 9% e 10% neste ano, considerando o preço das commodities menor no mercado internacional.
Porém, uma delas apresenta uma chance maior de ganho de capital: a Petrobras.
“Não é uma vantagem certa. Depende de eventuais cortes de produção de petróleo pela Opep, questões de capacidade interna, pontos imponderáveis que não é possível antecipar”, diz Hungria.
Já para a Vale, não há gatilhos no horizonte, de acordo com o analista. Nem mesmo os estímulos anunciados pelo governo chinês têm sido capazes de dar tração para a ação e Hungria explica a razão.
“As ações VALE3 sobem 2%, 2,5% no dia do anúncio [de estímulos do governo chinês], mas depois devolvem. O investidor prefere um cenário de estímulo natural, embora seja melhor ter estímulo do que deixar o setor ruir”, diz.
Considerando que o cenário é negativo para ambas as empresas, que dependem muito do contexto internacional, Hungria avalia que há empresas domésticas que apresentam o mesmo potencial de dividendos para 2025, mas também oferecem mais estabilidade nas negociações em bolsa.
Ouça o podcast completo e veja quais são essas empresas. Saiba também quais são os Touros e Ursos da semana, com Jerome Powell, Vigilantes do Peso e Beyoncé entre as escolhas.
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