“Onde o direito à habitação é tipo jogo”: Bordalo II transforma Cais do Sodré em Monopólio

A mais recente obra do artista plástico Bordalo II é uma crítica à crise da habitação que se vive em Portugal. Está no chão da Praça Duque da Terceira.

Mai 2, 2025 - 19:36
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“Onde o direito à habitação é tipo jogo”: Bordalo II transforma Cais do Sodré em Monopólio
“Onde o direito à habitação é tipo jogo”: Bordalo II transforma Cais do Sodré em Monopólio

Bordalo II transformou a Praça Duque da Terceira, no Cais do Sodré, num tabuleiro gigante do Monopólio. A intervenção, intitulada “Provoc”, foi revelada esta sexta-feira, 2 de Maio, pelo próprio artista, através das redes sociais.

“Onde o direito à habitação é tipo jogo”, lê-se na publicação partilhada no Instagram, acompanhada por imagens da obra. O artista plástico de 38 anos é conhecido por usar materiais reciclados e peças de grandes dimensões para chamar a atenção para temas sociais, políticos e ambientais.

A instalação cobre parte da praça com uma estrutura em lona que recria, em escala aumentada, a estética do clássico jogo de tabuleiro. Cada “casa” traz o nome de uma zona de Portugal, como Campo Grande, Rossio ou Avenida de Fernão de Magalhães, no Porto, acompanhada de valores que variam entre os 6 mil e os 40 mil.

A intenção do artista era reflectir o sentimento generalizado de que o mercado imobiliário funciona mais como um jogo especulativo do que como um direito essencial.

Esta não é a primeira vez que Bordalo II se manifesta contra a crise habitacional. Em Setembro de 2024, instalou quatro tendas pintadas como casas no Miradouro de São Pedro de Alcântara, em Lisboa, numa acção chamada “Desalojamento Local”.

Nos últimos anos, o artista tem utilizado intervenções de grande impacto visual para abordar temas como a crise climática, a corrupção, a guerra e o fascismo. Por exemplo, em Abril do ano passado, cobriu a campa de Salazar com uma caixa de medicamentos gigante, intitulada “Liberdade – Probiótico Antifascista”.

Durante a Jornada Mundial da Juventude, em 2023, instalou uma passadeira feita com notas de 500 euros, criticando o dinheiro público gasto no evento, intitulando-a de “Walk of Shame”.