O que são “roles” na Holacracia?

Na holacracia, “roles” (ou papéis) são um dos elementos fundamentais da estrutura organizacional. Eles representam funções específicas dentro de uma organização, substituindo a ideia tradicional de cargos fixos. Ao invés …

Fev 18, 2025 - 04:04
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O que são “roles” na Holacracia?

Na holacracia, “roles” (ou papéis) são um dos elementos fundamentais da estrutura organizacional. Eles representam funções específicas dentro de uma organização, substituindo a ideia tradicional de cargos fixos. Ao invés de uma pessoa ser vinculada a um cargo amplo e muitas vezes impreciso, como “gerente de marketing”, ela desempenha vários papéis bem definidos, cada um com objetivos e responsabilidades claras.

Principais características dos papéis na holacracia:

  1. Propósito: Cada papel tem um propósito específico, que orienta suas atividades dentro da organização.
    • Exemplo: Um papel chamado “Gestor de Redes Sociais” pode ter o propósito de “aumentar a presença da marca nas redes sociais”.
  2. Responsabilidades: São as atividades contínuas esperadas daquele papel.
    • Exemplo: Publicar conteúdos regularmente, monitorar métricas de engajamento, responder a mensagens.
  3. Domínios: São os recursos ou áreas que o papel controla, com autonomia para tomar decisões.
    • Exemplo: Controle sobre as senhas de contas de redes sociais ou orçamento para anúncios.
  4. Autoridade clara: Cada papel tem autoridade para tomar decisões dentro de seu domínio e responsabilidades, sem precisar de aprovação hierárquica, promovendo autonomia e eficiência.
  5. Flexibilidade: Um indivíduo pode desempenhar vários papéis diferentes em uma organização, dependendo de suas habilidades e disponibilidade.

Estrutura dos papéis dentro de círculos

Na holacracia, os papéis são agrupados em círculos (grupos de papéis que compartilham um propósito maior). Cada círculo tem:

  • Papéis de governança: Definem os papéis, responsabilidades e domínios dentro do círculo.
  • Papéis operacionais: Executam o trabalho do dia a dia.

Um círculo pode conter outros círculos menores (subcírculos), formando uma hierarquia organizacional dinâmica.

Diferença entre papéis e cargos tradicionais

  • Papéis são dinâmicos: Eles podem ser alterados, ajustados ou realocados conforme as necessidades da organização mudam.
  • Papéis focam na função, não na pessoa: Um papel não é “propriedade” de um indivíduo, mas algo desempenhado por quem tem as competências e disponibilidade para ele.
  • Maior autonomia: Papéis são independentes e têm autoridade para tomar decisões dentro de seus limites.

Exemplo prático de papéis em uma empresa fictícia

Uma empresa que segue a holacracia pode ter o seguinte círculo chamado “Marketing”:

  • Papel: Criador de Conteúdo
    • Propósito: Atrair novos clientes por meio de conteúdos relevantes.
    • Responsabilidades: Escrever blogs, produzir vídeos, revisar textos.
  • Papel: Analista de Métricas
    • Propósito: Garantir que os esforços de marketing sejam eficazes.
    • Responsabilidades: Monitorar tráfego, engajamento e ROI.

Os mesmos indivíduos podem desempenhar papéis diferentes em outros círculos, como “Vendas” ou “Produto”.

Falar sobre holacracia é especialmente relevante no momento atual devido às mudanças na forma como trabalhamos. O crescimento do trabalho remoto e híbrido tem desafiado as estruturas hierárquicas tradicionais, enquanto a necessidade de maior autonomia e flexibilidade nunca foi tão evidente. Além disso, em um mercado cada vez mais dinâmico, as empresas precisam ser ágeis e inovadoras para se adaptarem rapidamente às transformações. A holacracia, ao descentralizar o poder de decisão e clarificar responsabilidades, oferece uma abordagem eficaz para enfrentar esses desafios.

A importância desse modelo organizacional também se destaca na resolução de conflitos dentro das empresas. Problemas como burocracia, lentidão nos processos e falta de clareza sobre quem é responsável por determinadas atividades são comuns, e a holacracia fornece ferramentas para lidar com essas questões de forma estruturada. Mais do que isso, ela atende a uma demanda crescente de profissionais por ambientes de trabalho colaborativos, nos quais suas ideias sejam valorizadas e onde possam atuar com mais autonomia e responsabilidade. Ao promover a colaboração saudável e eliminar o micromanagement, a holacracia melhora o bem-estar dos colaboradores, aumenta o engajamento e cria um ambiente mais alinhado com o futuro do trabalho.

Mesmo para quem não trabalha em uma empresa que adote o sistema, é possível aplicar princípios da holacracia no dia a dia profissional. Um bom começo é definir propósitos claros para as funções ou projetos em que está envolvido e compartilhar esses objetivos com colegas. Dividir responsabilidades também é essencial; criar pequenos papéis dentro da equipe, com tarefas e objetivos específicos, pode trazer mais clareza para o trabalho coletivo. Outra prática útil é tomar decisões dentro do que se considera seu domínio, sem esperar aprovações desnecessárias, o que aumenta a autonomia.

Reuniões objetivas também são um ponto forte da holacracia, e algo que pode ser implementado facilmente. Estruturar encontros para discutir tensões ou desafios com foco em soluções ajuda a manter a produtividade e prioriza o que realmente importa. Além disso, ser flexível nos papéis desempenhados dentro de projetos pode ampliar habilidades e contribuir para o dinamismo do grupo. Por fim, adotar ferramentas colaborativas, como Trello, Asana ou Notion, pode facilitar a organização de tarefas, responsabilidades e fluxos de trabalho, refletindo os princípios da holacracia de maneira prática.

Ainda que o sistema completo não seja aplicado, compreender e adotar seus fundamentos pode trazer grandes benefícios para a produtividade, comunicação e satisfação no ambiente de trabalho, preparando tanto profissionais quanto equipes para os desafios do presente e do futuro.

Você já parou para pensar em quantos papéis você executa mesmo dentro de um único “cargo”? Vale a pena.