O que são “roles” na Holacracia?
Na holacracia, “roles” (ou papéis) são um dos elementos fundamentais da estrutura organizacional. Eles representam funções específicas dentro de uma organização, substituindo a ideia tradicional de cargos fixos. Ao invés …

Na holacracia, “roles” (ou papéis) são um dos elementos fundamentais da estrutura organizacional. Eles representam funções específicas dentro de uma organização, substituindo a ideia tradicional de cargos fixos. Ao invés de uma pessoa ser vinculada a um cargo amplo e muitas vezes impreciso, como “gerente de marketing”, ela desempenha vários papéis bem definidos, cada um com objetivos e responsabilidades claras.
Principais características dos papéis na holacracia:
- Propósito: Cada papel tem um propósito específico, que orienta suas atividades dentro da organização.
- Exemplo: Um papel chamado “Gestor de Redes Sociais” pode ter o propósito de “aumentar a presença da marca nas redes sociais”.
- Responsabilidades: São as atividades contínuas esperadas daquele papel.
- Exemplo: Publicar conteúdos regularmente, monitorar métricas de engajamento, responder a mensagens.
- Domínios: São os recursos ou áreas que o papel controla, com autonomia para tomar decisões.
- Exemplo: Controle sobre as senhas de contas de redes sociais ou orçamento para anúncios.
- Autoridade clara: Cada papel tem autoridade para tomar decisões dentro de seu domínio e responsabilidades, sem precisar de aprovação hierárquica, promovendo autonomia e eficiência.
- Flexibilidade: Um indivíduo pode desempenhar vários papéis diferentes em uma organização, dependendo de suas habilidades e disponibilidade.
Estrutura dos papéis dentro de círculos
Na holacracia, os papéis são agrupados em círculos (grupos de papéis que compartilham um propósito maior). Cada círculo tem:
- Papéis de governança: Definem os papéis, responsabilidades e domínios dentro do círculo.
- Papéis operacionais: Executam o trabalho do dia a dia.
Um círculo pode conter outros círculos menores (subcírculos), formando uma hierarquia organizacional dinâmica.
Diferença entre papéis e cargos tradicionais
- Papéis são dinâmicos: Eles podem ser alterados, ajustados ou realocados conforme as necessidades da organização mudam.
- Papéis focam na função, não na pessoa: Um papel não é “propriedade” de um indivíduo, mas algo desempenhado por quem tem as competências e disponibilidade para ele.
- Maior autonomia: Papéis são independentes e têm autoridade para tomar decisões dentro de seus limites.
Exemplo prático de papéis em uma empresa fictícia
Uma empresa que segue a holacracia pode ter o seguinte círculo chamado “Marketing”:
- Papel: Criador de Conteúdo
- Propósito: Atrair novos clientes por meio de conteúdos relevantes.
- Responsabilidades: Escrever blogs, produzir vídeos, revisar textos.
- Papel: Analista de Métricas
- Propósito: Garantir que os esforços de marketing sejam eficazes.
- Responsabilidades: Monitorar tráfego, engajamento e ROI.
Os mesmos indivíduos podem desempenhar papéis diferentes em outros círculos, como “Vendas” ou “Produto”.
Falar sobre holacracia é especialmente relevante no momento atual devido às mudanças na forma como trabalhamos. O crescimento do trabalho remoto e híbrido tem desafiado as estruturas hierárquicas tradicionais, enquanto a necessidade de maior autonomia e flexibilidade nunca foi tão evidente. Além disso, em um mercado cada vez mais dinâmico, as empresas precisam ser ágeis e inovadoras para se adaptarem rapidamente às transformações. A holacracia, ao descentralizar o poder de decisão e clarificar responsabilidades, oferece uma abordagem eficaz para enfrentar esses desafios.
A importância desse modelo organizacional também se destaca na resolução de conflitos dentro das empresas. Problemas como burocracia, lentidão nos processos e falta de clareza sobre quem é responsável por determinadas atividades são comuns, e a holacracia fornece ferramentas para lidar com essas questões de forma estruturada. Mais do que isso, ela atende a uma demanda crescente de profissionais por ambientes de trabalho colaborativos, nos quais suas ideias sejam valorizadas e onde possam atuar com mais autonomia e responsabilidade. Ao promover a colaboração saudável e eliminar o micromanagement, a holacracia melhora o bem-estar dos colaboradores, aumenta o engajamento e cria um ambiente mais alinhado com o futuro do trabalho.
Mesmo para quem não trabalha em uma empresa que adote o sistema, é possível aplicar princípios da holacracia no dia a dia profissional. Um bom começo é definir propósitos claros para as funções ou projetos em que está envolvido e compartilhar esses objetivos com colegas. Dividir responsabilidades também é essencial; criar pequenos papéis dentro da equipe, com tarefas e objetivos específicos, pode trazer mais clareza para o trabalho coletivo. Outra prática útil é tomar decisões dentro do que se considera seu domínio, sem esperar aprovações desnecessárias, o que aumenta a autonomia.
Reuniões objetivas também são um ponto forte da holacracia, e algo que pode ser implementado facilmente. Estruturar encontros para discutir tensões ou desafios com foco em soluções ajuda a manter a produtividade e prioriza o que realmente importa. Além disso, ser flexível nos papéis desempenhados dentro de projetos pode ampliar habilidades e contribuir para o dinamismo do grupo. Por fim, adotar ferramentas colaborativas, como Trello, Asana ou Notion, pode facilitar a organização de tarefas, responsabilidades e fluxos de trabalho, refletindo os princípios da holacracia de maneira prática.
Ainda que o sistema completo não seja aplicado, compreender e adotar seus fundamentos pode trazer grandes benefícios para a produtividade, comunicação e satisfação no ambiente de trabalho, preparando tanto profissionais quanto equipes para os desafios do presente e do futuro.
Você já parou para pensar em quantos papéis você executa mesmo dentro de um único “cargo”? Vale a pena.