Onda de calor sufoca o Rio de Janeiro às vésperas do carnaval

A metrópole de 6 milhões de habitantes atingiu pela primeira vez o quarto dos cinco níveis de alerta de calor estabelecidos pelas autoridades municipais

Fev 18, 2025 - 04:04
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Onda de calor sufoca o Rio de Janeiro às vésperas do carnaval

Em pleno auge que antecede o Carnaval, o Rio de Janeiro enfrentou nesta segunda-feira (17) temperaturas superiores a 40 ºC, enquanto as autoridades se preparam para o "verão mais quente dos últimos anos" na cidade.

A metrópole de 6 milhões de habitantes atingiu pela primeira vez o quarto dos cinco níveis de alerta de calor estabelecidos pelas autoridades municipais.

Segundo esse sistema, implementado em junho passado e baseado tanto na temperatura quanto na umidade do ar, o nível 4 se caracteriza por temperaturas entre 40 e 44 °C que devem se manter por pelo menos três dias consecutivos.

As autoridades devem disponibilizar para a população locais climatizados ou sombreados, além de pontos de distribuição de água, e recomendam, por exemplo, a suspensão da atividade física nas escolas.

O Alerta Rio informou uma temperatura máxima de 44 graus no bairro de Guaratiba, na zona oeste da cidade, um recorde desde o início das medições, em 2014.

O recorde anterior datava de 18 de novembro de 2023 (43,8 ºC), também em Guaratiba. Foi no dia seguinte à morte de uma fã de Taylor Swift durante um show da cantora americana no Rio, devido a um "esgotamento térmico", segundo as autoridades locais.

"A gente está esperando o verão mais quente dos últimos anos", disse à AFP Daniel Soranz, secretário de Saúde do Rio.

No fim de semana, as praias do Rio ficaram lotadas de banhistas em busca de refresco, enquanto a escola de samba Beija-Flor cancelou um ensaio programado para ocorrer em Copacabana.

No centro da cidade, José Ricardo Rodrigues, um vendedor ambulante de lanches, posicionou a barraca em frente à entrada de um prédio comercial.

"Estou aproveitando o ar-condicionado do prédio e bebo muita água. Está muito quente, não aguento mais", disse à AFP.

- O Carnaval continua -

Eduardo Paes, prefeito do Rio, disse no domingo que nenhum evento será cancelado devido às altas temperaturas durante o Carnaval, que atrai milhões de turistas e gera receitas bilionárias para a cidade.

"Mas é óbvio que podemos chamar a atenção dos participantes para dizer: 'Bebam mais água, se hidratem melhor, tomem cuidados...'", acrescentou.

Nas semanas anteriores ao Carnaval, que em 2025 ocorrerá no início de março, a capital fluminense é tomada pelos tradicionais blocos.

O calor se intensifica nas favelas, bairros de blocos e concreto com pouca vegetação, geralmente localizados em colinas, cujos habitantes estão especialmente expostos às ondas de calor.

Na favela Bateau Mouche, na zona oeste do Rio, seus habitantes se refrescavam no domingo com jatos de mangueira, e um jornalista da AFP viu um idoso desmaiar devido às altas temperaturas.

Em janeiro, mais de 3 mil pessoas foram atendidas pelos serviços municipais de emergência devido ao calor intenso, em particular por casos de queimaduras na pele causadas pela exposição ao sol ou desidratação, explicou Soranz.

"É quase o dobro de número de atendimentos dos anos anteriores. A gente tem uma média de 1.600, 1.700 atendimentos dos anos anteriores", acrescentou.

Nos últimos anos, o Brasil tem sido muito afetado por eventos climáticos extremos, desde inundações até secas e incêndios, muitos dos quais são atribuídos ao aquecimento global.

bur-fb/rsr/app/llu/jb/am