O debacle financeiro da Tesla de Elon Musk

Tesla abandona previsão de crescimento nas vendas após lucro cair ao menor nível em quatro anos.

A Tesla deixou de prever uma recuperação nos negócios de veículos elétricos para este ano, culpando a incerteza tarifária, após seus lucros trimestrais caírem para o nível mais baixo desde o final de 2020.

As vendas caíram, enquanto as intervenções políticas do presidente-executivo Elon Musk prejudicaram a Tesla em mercados importantes. A empresa também alertou que tarifas impostas pelos EUA poderão prejudicar sua cadeia de suprimentos.

Musk enfrenta pressão de investidores para lidar com sua ausência da Tesla, além dos danos à marca, resultado de sua relação próxima com o presidente dos EUA, Donald Trump, e seu papel polêmico como chefe do chamado Departamento de Eficiência Governamental (Doge).

O lucro líquido ajustado do primeiro trimestre ficou abaixo das expectativas dos analistas, recuando 39% em relação ao ano anterior, para US$ 934 milhões, segundo um documento divulgado pela empresa de Austin, no Texas, na terça-feira. O lucro líquido reportado caiu 71%, para US$ 409 milhões.

Os resultados representam o menor lucro reportado pela Tesla desde o quarto trimestre de 2020.

Embora a Tesla monte todos os veículos vendidos nos EUA localmente, ela ainda é vulnerável às tarifas e interrupções na cadeia global de fornecimento automotivo, pois obtém componentes de outros mercados, incluindo células de bateria da China.

“É difícil medir os impactos das mudanças nas políticas comerciais globais sobre as cadeias de fornecimento automotivo e de energia, nossa estrutura de custos e a demanda por bens duráveis e serviços relacionados”, afirmou a Tesla em seu documento de resultados. A empresa acrescentou que a queda tarifária terá impacto ainda maior em seus negócios de armazenamento de energia, que dependem de baterias importadas da China.

Diante da incerteza causada pelas políticas comerciais de Trump, a Tesla afirmou que sua taxa de crescimento neste ano dependerá de vários fatores, incluindo o ritmo de lançamento de veículos autônomos. No trimestre anterior, a empresa havia previsto que seu negócio de veículos voltaria a crescer em 2025.

A Tesla aposta em uma recuperação da demanda após a atualização recente de seu carro principal, o Model Y. A empresa também afirmou que os planos para iniciar a produção de modelos mais acessíveis até junho continuam no cronograma.

A receita caiu 9%, para US$ 19,3 bilhões, abaixo da média de US$ 21,4 bilhões estimada por analistas, segundo a S&P Capital IQ.

No início deste mês, a Tesla informou que suas entregas caíram 13% nos primeiros três meses do ano, em comparação ao mesmo período de 2024, registrando seu pior trimestre desde 2022. A empresa também perdeu a liderança como maior fabricante mundial de veículos elétricos para a rival chinesa BYD.

As ações da Tesla permaneceram estáveis no pós-mercado após o anúncio dos resultados, tendo já perdido metade de seu valor desde o pico registrado em meados de dezembro.

Nas últimas semanas, a Tesla criticou abertamente a guerra comercial de Trump, alertando que poderia ser alvo de tarifas retaliatórias e que os custos de produção nos EUA poderiam aumentar.

Musk também entrou em conflito com Peter Navarro, o arquiteto das políticas comerciais de Trump, e a Casa Branca afirmou que o cargo de Musk no governo, inicialmente previsto para continuar até 2026, poderá ser encerrado antes do previsto, assim que seu trabalho com o Doge for concluído.

A margem operacional da Tesla no primeiro trimestre caiu para 2,1%, ante 5,5% no ano anterior.

Autores: Kana Inagaki é correspondente em Londres e Stephen Morris é correspondente em San Francisco.
Data de publicação: 22 de abril de 2025
Fonte: Financial Times

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