Novos data centers aumentarão PIB em 1,5 p.p., diz CEO da CPFL

Gustavo Estrella estima investimentos de R$ 500 bilhões em 10 anos para empreendimentos com 15 vezes o consumo atual

Abr 12, 2025 - 12:01
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Novos data centers aumentarão PIB em 1,5 p.p., diz CEO da CPFL

O CEO da CPFL Energia, Gustavo Estrella, 51 anos, declarou que a instalação de data centers no Brasil tem potencial de elevar o PIB brasileiro em 1,5 ponto percentual. Os data centers existentes consomem 1 GW (gigawatt) de energia. Novos projetos poderão somar 15 GW. O investimento estimado é de R$ 500 bilhões em 10 anos levando-se em conta construção, equipamentos e serviços.

A CPFL Energia tem concessões no Rio Grande do Sul e em São Paulo. Também em pequenos lotes de Minas e Paraná. As áreas de concessão estão entre as mais favoráveis do país para os data centers por causa da proximidade de centros urbanos e da disponibilidade de terrenos disponíveis para novos empreendimentos.

Está todo mundo olhando para o potencial de investimento. [É preciso ter] a capacidade de acelerar o processo de conexão para atender à demanda da indústria e conseguir atraí-la antes de outros países”, disse Estrella.

Assista (32min23s):

Os principais itens favoráveis aos datas centers no Brasil são:

  • energia limpa – é uma cobrança da sociedade. A matriz de produção no Brasil é 89% renovável, a maior entre as grandes economias;
  • regras estáveis – estão consolidadas há décadas na área de energia;
  • conectividade – o acesso às redes de dados nos centros urbanos equipara-se às maiores economias;
  • transmissão – o sistema elétrico é quase totalmente interligado, compensando altas pontuais de demanda.

As maiores dificuldades são:

  • carga tributária – os impostos são mais altos do que economias semelhantes, sobretudo no caso de equipamentos;
  • tempo de análise – o prazo entre a apresentação de um projeto e a aprovação pelos órgãos reguladores em geral passa de 1 ano.
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Abaixo, trechos da entrevista:

  • mudança climática – “Nos traz um desafio muito grande de operação de rede. Há vários eventos [por causas climáticas] em São Paulo e no Rio Grande do Sul”;
  • digitalização – “Tenho quase 90% dos atendimentos em canais digitais. E a digitalização dá mais poder de saber o que está acontecendo em tempo real na rede. Consigo automaticamente religar boa parte da rede”;
  • carga tributária“Está em torno de 40%. Há países com 10%, 12%”;
  • interrupções no fornecimento – “[Temos] praticamente 100% de rede aérea. Isso traz exposição maior a eventos climáticos. [O custo de] enterrar 100% da rede [na área de concessão] passaria de R$ 300 bilhões em 10 anos. Não é uma solução viável. A boa notícia é que temos conseguido, com a tecnologia, melhorar muito a qualidade, mesmo mantendo a nossa rede aérea”;
  • substituição de árvores – “[Com] eventos climáticos cada vez mais extremos, é um dos grandes desafios. Para cada árvore que removemos, plantamos 5. São espécies adequadas, nos lugares corretos. Vão crescer sem interferir na rede. Intensificamos esse programa. Fazíamos em torno de 1.500, 2.000 [substituições] por ano. Em 2024, foram quase 15.000”;
  • furto de energia – “Está em 2% [do faturamento]. Outras regiões [do país] têm números substancialmente maiores. Hoje, conseguimos controlar. Entra muita tecnologia. Monitoro o padrão de consumo do cliente. Se ele consome determinado volume e de repente cai muito, faço uma inspeção”;
  • inadimplência – “Está em torno de 1%. Antes da pandemia, estava em 0,6%”;
  • energia solar – “A geração distribuída [em que se recebe de volta o excedente de energia de painéis solares] já é o maior subsídio da tarifa de energia. Veio do zero há 5 anos e cresceu muito rapidamente. Quem coloca [o painel] é o cliente de alta renda e quem paga o subsídio é o cliente que não teve dinheiro para colocar o painel solar”.