Nokia: De fábrica de papel que transformava aparas de madeira em papel higiénico ao mundo dos telemóveis

A trajetória da Nokia é um exemplo de transformação empresarial, destacando-se pela arte da reinvenção corporativa enquanto marca. Fundada em 1865 como uma fábrica de papel na Finlândia, a empresa entrou em diversos setores, garantindo resistência à passagem do tempo.

Abr 12, 2025 - 21:31
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Nokia: De fábrica de papel que transformava aparas de madeira em papel higiénico ao mundo dos telemóveis
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A trajetória da Nokia é um exemplo de transformação empresarial, destacando-se pela arte da reinvenção corporativa enquanto marca. Fundada em 1865 como uma fábrica de papel na Finlândia, que transformava aparas de madeira em produtos do quotidiano, como papel higiénico, a empresa diversificou as suas operações ao longo do século XX, tendo entrado em diversos setores. ​

A primeira grande diversificação surgiu no início do século XX: em 1902, a empresa entrou no setor da energia elétrica, e dois anos depois passou a produzir artigos de borracha, incluindo pneus e botas. Anos mais tarde, nas décadas de 1930 e 1990, a marca demonstrou uma impressionante agilidade industrial, fabricando desde respiradores até máscaras de proteção – produtos que acabariam por ganhar um novo simbolismo e significado décadas depois, em plena pandemia de 2020.

O ponto de viragem deu-se em 1967, com a fusão de três empresas que deram origem à Nokia Corporation. A nova entidade operava em áreas tão diversas como cabos, eletrónica, produtos de borracha e madeira, que abriram caminho para a entrada da marca no universo das redes e comunicações.

Do domínio nos telemóveis à reinvenção digital

A ascensão da Nokia no setor das telecomunicações tornou-se evidente em 1998, quando assumiu uma posição de liderança no mercado global de telemóveis (quem não se lembra do Nokia 3310?). Nesse ano, a empresa registou vendas de 20 mil milhões de dólares e lucros na ordem dos 2,6 mil milhões, impulsionada por inovações como um dos primeiros modelos de telemóvel com acesso à internet.

Contudo, o novo milénio trouxe desafios significativos. Apesar de lançar o seu primeiro telemóvel com câmara em 2001, a Nokia começou a sentir os efeitos da crescente concorrência. Em 2007, um recall de 46 milhões de unidades coincidiu com a chegada do iPhone ao mercado – que desvalorizou –, marcando o início de uma fase particularmente difícil.

Em 2009, a faturação atingiu o pico histórico de 57,1 mil milhões de dólares. Mas a tendência inverteu-se rapidamente nos anos seguintes: de 56,3 mil milhões em 2010 para 16,8 mil milhões em 2013, segundo dados da Macrotrends.

Com a queda de participação de mercado e faturação, em 2014, a empresa tomou uma decisão estratégica: vender a sua divisão de telemóveis à Microsoft por 5,6 mil milhões de dólares, passando a operar sob a marca Microsoft Mobile. A operação revelou-se um passo decisivo para a sustentabilidade a longo prazo da empresa.

Hoje, a multinacional finlandesa mantém-se como um dos nomes mais relevantes no setor global da tecnologia, provando que a capacidade de adaptação continua a ser o seu maior trunfo para resistir ao teste do tempo.