‘Novela atômica’ sobre as obras de Angra 3 pode ganhar nova temporada
Conselho Nacional de Política Energética vai se reunir na próxima terça com pauta determinante para o futuro da usina termonuclear

Os representantes do Ministério da Fazenda e da Casa Civil no Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) devem pedir mais um adiamento da definição do preço da tarifa de Angra 3 na reunião do colegiado marcada para a próxima terça-feira.
Na prática, a decisão é o que determina se é viável ou não retomar as obras da usina de energia nuclear. Defensor da conclusão de Angra 3, o deputado federal Julio Lopes (PP-RJ) lembra que, parada, a usina custa 100 milhões de reais por mês ao erário.
Como pano de fundo para a resistência dos ministérios de Fernando Haddad e Rui Costa está a ação movida pelo presidente Lula no STF contestando a redução do poder de voto da União no conselho da Eletrobras depois da privatização da empresa.
É que o tamanho da influência da União no conselho da antiga estatal pode fazer a diferença para a Eletrobras seguir ou não investindo na Eletronuclear e, consequentemente, na usina em Angra dos Reis (RJ).
Em 18 de dezembro de 2024, o ministro Nunes Marques, do STF, atendeu à AGU e à Eletrobras e deu mais 60 dias para o governo e a empresa chegarem a um acordo sobre o poder de voto da União.
A Eletrobras é fiadora dos empréstimos de Angra 3 junto à Caixa Econômica Federal e ao BNDES. O deputado Julio Lopes apoia uma proposta do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, para resolver o imbróglio.
“O ministro Silveira disse: ‘a Eletrobras paga esses 5 bilhões de reais e deixa de ter obrigação com o sistema nuclear brasileiro’. O governo assume e toca para frente”, diz o parlamentar.
Lopes alerta para a saturação da oferta das fornecedoras da cadeia produtiva de energia nuclear diante do crescimento da demanda global por essa matriz.
“Lamentavelmente, o governo está tomando sucessivas decisões de adiamento da retomada de Angra 3 sem contar com a cadeia de suprimentos, sem contar com a estrutura logística de construção dessa obra, que é uma obra de porte”, alerta o deputado.