Negociações entre EUA e Rússia e bom desempenho de gigantes chinesas: veja os destaques do mercado nesta quarta-feira (26)

Os mercados globais ainda processam dados fracos da economia amerciana enquanto Trump e Zelensky arriscam aproximações. Confira. O post Negociações entre EUA e Rússia e bom desempenho de gigantes chinesas: veja os destaques do mercado nesta quarta-feira (26) apareceu primeiro em Empiricus.

Mar 1, 2025 - 02:36
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Negociações entre EUA e Rússia e bom desempenho de gigantes chinesas: veja os destaques do mercado nesta quarta-feira (26)

Sem um vetor claro para os mercados globais, os investidores seguem digerindo os dados fracos da economia americana, que causaram nervosismo ontem (25), enquanto o noticiário geopolítico ganha força. O grande destaque é a aproximação entre Trump e Zelensky, com sinais cada vez mais evidentes de que a Ucrânia fechou um acordo com Washington envolvendo minerais raros, petróleo e gás – um movimento que a Casa Branca enxerga como um primeiro passo rumo a um cessar-fogo com a Rússia. No vácuo de uma agenda relevante no exterior, essa narrativa tende a dominar as notícias.

Na Ásia, o desempenho dos mercados foi positivo, impulsionado por relatos de que as gigantes chinesas China International Capital Corp. e China Galaxy Securities estão em negociações para uma fusão. Caso confirmada, a operação criaria a terceira maior corretora do país, sinalizando um esforço coordenado de Pequim para fortalecer o setor financeiro doméstico. Além disso, as ações da Alibaba continuam em alta.

Já na Europa, o apetite por risco segue elevado, com os índices negociando próximos às máximas históricas. A razão? O já mencionado acordo entre EUA e Ucrânia, que o mercado europeu interpretou como um possível divisor de águas no conflito de três anos. Os futuros americanos acompanham essa maré otimista, sugerindo uma abertura positiva para Wall Street. Se a política externa está puxando os mercados para cima, os dados macroeconômicos ainda são um fator de preocupação – mas, por ora, o otimismo parece estar vencendo a batalha. Resta saber até quando…

· 00:58 — O flerte eleitoreiro

No Brasil, os holofotes se voltam ao resultado da Petrobras (PETR4), que será divulgado após o fechamento do mercado. Ontem, o IPCA-15 de fevereiro trouxe o esperado rebote após a distorção artificial de janeiro causada pelo bônus de Itaipu. Ainda assim, a prévia da inflação oficial ficou abaixo das expectativas, sinalizando algum alívio nas métricas mais relevantes para a condução da política monetária. Mas antes que alguém se empolgue, a batalha contra a inflação está longe de ser vencida. O patamar continua elevado e tudo indica que vamos, mais uma vez, estourar o teto da meta em 2025.

Sim, é verdade que um dado como esse, combinado com sinais de desaceleração econômica, abre espaço para um Banco Central menos agressivo no aperto monetário. O problema? O governo segue determinado a despejar mais estímulos na economia para tentar recuperar a popularidade de Lula. A MP do FGTS, que será apresentada na sexta-feira (28), deve injetar R$ 12 bilhões no mercado – um movimento clássico de quem tenta pisar no acelerador enquanto mantém o freio de mão puxado.

E o discurso de que a atividade já estaria enfraquecendo também não se sustenta por completo. O Caged de janeiro, antecipado pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho, deve mostrar a criação de mais de 100 mil empregos formais, reforçando a percepção de que a economia ainda tem força – o que torna a insistência do governo em gastar mais ainda mais preocupante. É a equação perfeita para prolongar a inflação.

No front político, o governo começa a se movimentar para salvar o que resta da governabilidade. Ontem, a ministra da Saúde caiu, dando início a uma reforma ministerial que promete ser pautada por mais do mesmo: distribuir cargos para agradar o Centrão e viabilizar as pautas populistas de Lula. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, já circula nos bastidores como possível próxima baixa caso novas ideias heterodoxas ganhem espaço – o que, para o governo, seria uma oportunidade perfeita para negociar mais um ministério. Enquanto isso, as pesquisas continuam a mostrar a deterioração acelerada da popularidade de Lula. A CNT/MDA revelou que a avaliação negativa do presidente saltou de 31% para 44%, e a Genial/Quaest desta manhã seguiu na mesma direção. O desgaste político é evidente e, embora o nível de rejeição deva encontrar um fundo em algum momento, não há sinais de recuperação estrutural.

Parar de cair é uma coisa. Voltar a subir é outra completamente diferente. Mesmo que Lula consiga estancar a sangria com medidas populistas, a janela para uma reversão significativa parece fechada. O problema é que, por mais que a mudança do pêndulo político pareça inevitável, o caminho até 2026 será turbulento e repleto de armadilhas. A eleição ainda está longe, mas, por ora, a simples expectativa de mudança já serve de sustentação para o mercado. Resta saber o que Lula fará no desespero.

· 01:47 — Dado duro

Nos Estados Unidos, o mercado de ações enfrentou um dia sombrio ontem, com o S&P 500 registrando sua quarta queda consecutiva, recuando 0,5%. Mas há um detalhe curioso: a rotação setorial segue em curso. Mais ações do índice subiram do que caíram (297 contra 202, com uma inalterada), mas o problema é que as quedas vieram justamente dos gigantes da tecnologia, cujos pesos desproporcionais arrastaram o índice para baixo. O mesmo padrão se refletiu nos outros principais índices. O Nasdaq Composite, altamente concentrado em tecnologia, despencou 1,4%, enquanto o Dow Jones, menos dependente desse setor, conseguiu subir 160 pontos (+0,4%).

Hoje, a tensão gira em torno do aguardado balanço da Nvidia (NVDC34), que será divulgado após o fechamento do mercado. Ontem, as ações da queridinha da inteligência artificial já recuaram quase 3%, refletindo o nervosismo dos investidores. Parte desse pessimismo vem do temor de novas restrições à exportação que o governo Trump pode impor, atingindo diretamente o setor. A outra parte reflete a percepção de que, após anos de euforia impulsionada pela IA, uma correção pode estar se aproximando.

Além da Nvidia, teremos hoje os dados de novas vendas residenciais, um termômetro importante do setor imobiliário, especialmente depois da confiança do consumidor ter desabado ao menor nível desde agosto de 2021, evidenciando o crescente pessimismo sobre as perspectivas da economia americana. Pelo menos uma dor de cabeça foi temporariamente evitada: a Câmara dos Representantes conseguiu aprovar uma resolução orçamentária, ainda que com dificuldade. Menos um problema…

· 02:32 — Vai investir

Os planos da Apple (AAPL34) de despejar mais de US$ 500 bilhões na expansão de sua capacidade de fabricação nos Estados Unidos não são apenas um aceno nacionalista — são um movimento estratégico para driblar o impacto das tarifas do governo Trump. Afinal, a gigante de Cupertino ainda produz a maior parte de seus iPhones na China e sabe que, para escapar das tarifas, precisa jogar conforme as regras do jogo político.

A jogada de Tim Cook segue um roteiro já testado. O CEO da Apple pretende dobrar o Fundo de Manufatura Avançada, com o objetivo de financiar a produção de semicondutores nos EUA — incluindo nas novas instalações da Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) no Arizona. Como parte da ofensiva doméstica, a empresa também vai realocar a fabricação de servidores para seu sistema de IA, Apple Intelligence, transferindo a montagem para Houston, que antes era feita no exterior.

Mas Cook não para por aí. Para tornar a Apple uma queridinha do discurso político, a empresa abrirá uma nova escola de formação em Detroit, voltada para auxiliar empresas na implementação de inteligência artificial e na qualificação da força de trabalho industrial. Além disso, planeja contratar 20 mil novos funcionários nos EUA para atuar em pesquisa, engenharia de semicondutores e desenvolvimento de IA, ampliando seu impacto em um ecossistema que já sustenta 2,9 milhões de empregos americanos (diretos e indiretos, incluindo fornecedores).

Se essa movimentação parece familiar, é porque já vimos esse filme antes. Durante o primeiro mandato de Trump, a Apple prometeu investir US$ 350 bilhões nos EUA e, mais tarde, deixou que o então presidente assumisse publicamente o crédito por uma fábrica de MacBooks no Texas — que, ironicamente, já existia desde 2013. A lição? Tim Cook sabe que, em Washington, agrados compram favores. E, com Trump novamente no jogo, a Apple já está reforçando sua estratégia de sobrevivência política.

· 03:25 — Muita calma nessa hora

A China, como de costume, quer projetar serenidade enquanto enfrenta uma tempestade de desafios internos e externos. O presidente Xi Jinping ecoou essa postura em seus comentários recentes, sinalizando que Pequim pretende adotar uma abordagem mais cautelosa diante das novas restrições comerciais e de investimentos impostas pelo governo Trump. Mas por trás do discurso controlado, a realidade se impõe: a economia chinesa está fragilizada e precisará de uma injeção massiva de dinheiro para evitar um cenário ainda mais turbulento.

No próximo mês, o governo pretende despejar ao menos US$ 55 bilhões em seus principais bancos, podendo chegar a impressionantes US$ 140 bilhões. A justificativa oficial? Reforçar o sistema financeiro e garantir a continuidade do crédito. Mas o subtexto é claro: Pequim está recorrendo a uma dose cavalar de estímulos para tentar reanimar uma economia em dificuldade, que mesmo após sucessivas rodadas de incentivos no ano passado — incluindo cortes nos juros — não conseguiu engrenar.

O problema é que o setor bancário chinês já está no limite. Após anos sendo usado como ferramenta do governo para turbinar a atividade econômica, os grandes credores agora enfrentam margens de lucro nas mínimas históricas, lucros em queda livre e um volume crescente de dívidas inadimplentes. Com a bolha imobiliária ainda sangrando e o consumo patinando, a China tenta conter a crise com uma enxurrada de liquidez. Mas, como já sabemos, somente dinheiro sozinho não consegue arrumar fundamentos podres, apenas posterga o problema.

· 04:14 — Depois de três anos…

Nesta semana, completaram-se três anos desde que a Rússia lançou sua invasão em grande escala contra a Ucrânia — um conflito que, à época, parecia um divisor de águas na geopolítica global, mas que agora se desenrola em um cenário bem diferente. Em 2025, os EUA não apenas romperam com seus aliados europeus, mas deixaram de culpar a Rússia pela guerra, um giro de 180 graus que redefine o equilíbrio de forças no tabuleiro internacional. A guinada ficou evidente já na segunda-feira, quando a Assembleia Geral da ONU votou resoluções para pôr fim ao conflito. Pela primeira vez, os EUA se aliaram à Rússia e votaram contra uma proposta que exigia a retirada completa das tropas russas da Ucrânia. Como contrapartida, os americanos apresentaram sua própria resolução, pedindo um fim rápido para a guerra e uma paz duradoura — um eufemismo diplomático para “aceitem um acordo e sigam em frente”.

Enquanto isso, os líderes europeus correm para não perder o pouco prestígio que ainda têm em Washington. Emmanuel Macron já desembarcou nos EUA para bajular Trump, enquanto o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, tem um encontro agendado com o presidente americano nesta quinta-feira (27). A nova ordem mundial está sendo desenhada diante dos nossos olhos, e os europeus sabem que a relevância do Velho Mundo depende de sua capacidade de adaptação ao novo jogo de forças.

Mas o grande ponto é: o mundo está à beira de um realinhamento econômico e estratégico, e a questão central não é apenas quem sai ganhando, mas se essa transição será ordenada ou caótica. Se o protecionismo e o isolacionismo americano se aprofundarem, o risco de desestabilização econômica global aumenta exponencialmente. Por outro lado, se a nova estratégia de Washington for bem-sucedida, poderemos ver um mundo com menos atritos geopolíticos e menores custos para o comércio internacional. Não é o fim do mundo… Ainda…

· 05:01 — Se organizando para uma nova ordem mundial

O terceiro aniversário da Guerra na Ucrânia veio e foi embora, mas a mudança na postura dos EUA sobre o conflito não passou despercebida. Ao romper com seus aliados europeus e votar contra a resolução que condenava a agressão russa, Washington deixou um recado claro: a Europa está por conta própria. O realinhamento geopolítico escancara …

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