Nana Caymmi morre aos 84 anos no Rio de Janeiro

Filha de Dorival Caymmi, cantora estava internada há nove meses e enfrentava problemas cardíacos desde 2024

Mai 2, 2025 - 01:17
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Nana Caymmi morre aos 84 anos no Rio de Janeiro

Internada há nove meses, cantora não resistiu a complicações cardíacas

A cantora Nana Caymmi morreu nesta quinta-feira (1/5) aos 84 anos, em decorrência de complicações cardíacas. Ela estava internada há nove meses na Clínica São José, no Rio de Janeiro. A informação foi confirmada por seu irmão, o músico Danilo Caymmi, no início da noite.

Em 2024, a artista já enfrentava uma arritmia que exigiu a implantação de um marcapasso. Ela também tratou um câncer de estômago em 2015.

Filha de Dorival Caymmi, voz marcante da MPB

Filha de Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris, Nana nasceu no Rio de Janeiro com o nome Dinahir Tostes Caymmi. Incentivada pela família, estudou piano clássico e estreou em estúdio em 1960 ao gravar “Acalanto”, composta para ela pelo pai.

Ainda nos anos 1960, se casou com o médico venezuelano Gilberto Aponte Paoli e teve três filhos. Com a maternidade, ela se afastou da música, mas ao ser convidada a gravar um disco com o pai e os irmãos, decidiu voltar ao Brasil, o que gerou a separação e o acolhimento pelo irmão Dori, que compôs “Saveiros” para sua participação no I Festival Internacional da Canção — vencido por ela sob vaias.

Da Tropicália ao Clube da Esquina

Na sequência, ela viveu um breve casamento com Gilberto Gil, com quem dividiu os palcos e gravou a música “Bom Dia”. Nesta época, envolveu-se com a Tropicália e participou também de trabalhos com Os Mutantes e Caetano Veloso.

Em 1975, lançou o LP que a consagraria: “Nana Caymmi”, em que mergulhou no repertório do Clube da Esquina, com “Ponta de Areia” (com participações de Milton Nascimento e de Tom Jobim) e “Beijo Partido” (com o guitarrista Toninho Horta, sucesso na trilha da novela “Pecado Capital”), além de recriar de forma definitiva uma das canções do pai: “Só Louco”.

Repertório sofisticado e sucesso na Globo

Nana gravou regularmente ao longo das décadas de 1970 e 1980, reunindo repertório sofisticado de autores como Tom Jobim, João Donato e Chico Buarque. Também voltou a colaborar com Milton Nascimento em 1977 em uma gravação de “Cais” para seu LP “Nana”. A música foi incluída na trilha sonora da novela “Sinal de Alerta”, exibida pela TV Globo em 1978, ampliando seu alcance. Ela devolveu a gentileza em 1980 ao participar da faixa-título do LP “Sentinela”, de Milton.

Em 1998, ganhou nova projeção com a música “Resposta ao Tempo”, tema de abertura da minissérie “Hilda Furacão”, da Globo. Antes disso, quase teve “Vem Morena” na abertura de “Tieta”, mas a canção foi trocada de última hora. “Fiquei esperando minha música tocar e aparece o Luiz Caldas dizendo que a lua estava cheia de tesão”, reclamou à imprensa.

Últimos anos e despedida da música

Nos anos 2000, passou a revisitar a obra do pai com discos como “O Mar e o Tempo” (2002) e “Caymmi” (2013), ao lado dos irmãos Dori e Danilo. Seus últimos álbuns foram “Nana Caymmi Canta Tito Madi” (2019) e “Nana, Tom, Vinicius” (2020).

Nana também participou do documentário “Dorival Caymmi – Um Homem de Afetos”, lançado em 2019, onde prestou tributo ao pai com um emocionante depoimento e interpretação à capela de “Não Tem Solução”. Sua última participação musical se deu em 2024 na faixa “A Lua e Eu”, gravada com Renato Brás. Já doente, sua voz foi captada em casa.