Motta propõe solução para pautar PL da Anistia na Câmara; oposição pressiona por urgência

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), sugeriu criar uma comissão especial para tratar do PL da Anistia. A solução, no entanto, não foi aceita pelo PL. O partido quer pautar o projeto em regime de urgência diretamente no Plenário, já na próxima semana. Os deputados cobram a conta do apoio a Motta na eleição para a Presidência, e alegam que esse foi o único pedido para a aliança. Motta está retornando da viagem à Ásia e deve se encontrar nesta terça-feira (1º) com líderes de partidos que apoiam a discussão da proposta. Além do PL, PSD, PP e Novo já assinaram ofícios pedindo que o projeto seja pautado. PL diz ter votos para aprovar o projeto da anistia O PSD e o PP fazem parte da base do governo Lula e ocupam cadeiras na Esplanada dos Ministérios. Tradicionalmente, o PSD tem posicionamentos mais próximos do governo, mas o descontentamento da bancada é muito grande porque o partido nunca recebeu o espaço prometido em uma possível reforma ministerial, que não ocorreu. Por seu posicionamento mais governista, o líder Antonio Brito (PSD-BA) não assinou o ofício e foi representado pelo vice-líder do partido Reinhold Stephanes (PSD-PR), de perfil mais bolsonarista. Já o PP chegou a informar ao PL que mais de 90% da bancada apoia a proposta. O presidente do partido, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), está ligando para os outros 10% para que o partido vote em peso pela anistia aos presos pela tentativa de golpe. Ciro Nogueira é considerado, nos bastidores, mais próximo de Hugo Motta até mesmo do que de Arthur Lira (PP-AL), que é do seu partido. Reunião para bater o martelo Nos próximos dias, as bancadas do União Brasil, do Republicanos, do Podemos e da Federação PSDB-Cidadania vão se reunir para deliberar sobre o apoio à inclusão da proposta na pauta. O PL tem avisado que, se Motta não pautar a anistia, o partido continuará em obstrução. Com 92 deputados, a obstrução dificultaria a vida de Motta para votar projetos no Plenário e líderes de diversos partidos já andam incomodados com uma certa lentidão no andamento das pautas. Deputados reclamam que o novo presidente obrigou a frequência presencial às quartas sem votar nada importante até agora. PT em alerta O PT se preocupa com a possibilidade de o tema ir a Plenário. O partido faz contas e avalia que a proposta tem votos suficientes para ser aprovada. Por outro lado, o combinado do partido para apoiar Motta é o apoio da Câmara ao nome do deputado Odair Cunha (PT-MG) para a vaga no Tribunal de Contas da União que será aberta com a aposentadoria de Aroldo Cedraz. Um desgaste com o PL ou o não-cumprimento do acordo com o lado de lá pode gerar reações. A criação de uma comissão especial proposta por Motta seria uma solução salomônica: daria uma resposta à demanda do PL e, ao mesmo tempo, evitaria que o projeto andasse de maneira acelerada e criasse uma crise institucional da Câmara com o Supremo. No ano passado, Arthur Lira chegou a criar o colegiado, mas ele nunca foi instalado. O PL da Anistia está na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Ele precisa ser aprovado nela e ainda precisa passar por outras cinco comissões antes de ir a Plenário. As outras possibilidades são a criação de uma Comissão Especial ou a aprovação do requerimento de urgência.

Mar 31, 2025 - 22:23
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Motta propõe solução para pautar PL da Anistia na Câmara; oposição pressiona por urgência
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), sugeriu criar uma comissão especial para tratar do PL da Anistia. A solução, no entanto, não foi aceita pelo PL. O partido quer pautar o projeto em regime de urgência diretamente no Plenário, já na próxima semana. Os deputados cobram a conta do apoio a Motta na eleição para a Presidência, e alegam que esse foi o único pedido para a aliança. Motta está retornando da viagem à Ásia e deve se encontrar nesta terça-feira (1º) com líderes de partidos que apoiam a discussão da proposta. Além do PL, PSD, PP e Novo já assinaram ofícios pedindo que o projeto seja pautado. PL diz ter votos para aprovar o projeto da anistia O PSD e o PP fazem parte da base do governo Lula e ocupam cadeiras na Esplanada dos Ministérios. Tradicionalmente, o PSD tem posicionamentos mais próximos do governo, mas o descontentamento da bancada é muito grande porque o partido nunca recebeu o espaço prometido em uma possível reforma ministerial, que não ocorreu. Por seu posicionamento mais governista, o líder Antonio Brito (PSD-BA) não assinou o ofício e foi representado pelo vice-líder do partido Reinhold Stephanes (PSD-PR), de perfil mais bolsonarista. Já o PP chegou a informar ao PL que mais de 90% da bancada apoia a proposta. O presidente do partido, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), está ligando para os outros 10% para que o partido vote em peso pela anistia aos presos pela tentativa de golpe. Ciro Nogueira é considerado, nos bastidores, mais próximo de Hugo Motta até mesmo do que de Arthur Lira (PP-AL), que é do seu partido. Reunião para bater o martelo Nos próximos dias, as bancadas do União Brasil, do Republicanos, do Podemos e da Federação PSDB-Cidadania vão se reunir para deliberar sobre o apoio à inclusão da proposta na pauta. O PL tem avisado que, se Motta não pautar a anistia, o partido continuará em obstrução. Com 92 deputados, a obstrução dificultaria a vida de Motta para votar projetos no Plenário e líderes de diversos partidos já andam incomodados com uma certa lentidão no andamento das pautas. Deputados reclamam que o novo presidente obrigou a frequência presencial às quartas sem votar nada importante até agora. PT em alerta O PT se preocupa com a possibilidade de o tema ir a Plenário. O partido faz contas e avalia que a proposta tem votos suficientes para ser aprovada. Por outro lado, o combinado do partido para apoiar Motta é o apoio da Câmara ao nome do deputado Odair Cunha (PT-MG) para a vaga no Tribunal de Contas da União que será aberta com a aposentadoria de Aroldo Cedraz. Um desgaste com o PL ou o não-cumprimento do acordo com o lado de lá pode gerar reações. A criação de uma comissão especial proposta por Motta seria uma solução salomônica: daria uma resposta à demanda do PL e, ao mesmo tempo, evitaria que o projeto andasse de maneira acelerada e criasse uma crise institucional da Câmara com o Supremo. No ano passado, Arthur Lira chegou a criar o colegiado, mas ele nunca foi instalado. O PL da Anistia está na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Ele precisa ser aprovado nela e ainda precisa passar por outras cinco comissões antes de ir a Plenário. As outras possibilidades são a criação de uma Comissão Especial ou a aprovação do requerimento de urgência.