Looney Tunes – O Filme: O Dia Que A Terra Explodiu | Crítica
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O cinema, por vezes, é palco de resgates necessários. Em meio a um mercado saturado de franquias que miram o realismo fotográfico e o CGI de última geração, Looney Tunes – O Filme: O Dia Que A Terra Explodiu surge como uma lufada de ar fresco e nostálgico, quase como um grito de resistência da animação 2D tradicional. O projeto dirigido por Peter Browngardt chega às telonas brasileiras envolto em polêmicas e decisões corporativas questionáveis da Warner Bros., incluindo o lamentável cancelamento do longa do Coiote – uma atitude que gerou revolta entre fãs e artistas. Ainda assim, este novo filme consegue romper essa maré turbulenta e aterrissar nos cinemas com uma proposta clara: celebrar os personagens que moldaram gerações inteiras, em um formato que honra sua essência cartunesca e anárquica.
A trama é tão absurda quanto deliciosa: Patolino e Gaguinho, duas das figuras mais icônicas e caóticas dos Looney Tunes, tornam-se improváveis heróis quando descobrem uma conspiração alienígena de controle mental escondida sob a fachada de uma inocente fábrica de chicletes. Se o enredo parece saído de um roteiro escrito às pressas numa sala de roteiristas dos anos 90, isso é justamente o seu charme. A lógica aqui nunca foi prioridade — e nem precisa ser. O que importa é o ritmo, o humor e a maneira como o nonsense é conduzido com energia e irreverência, exatamente como nas melhores esquetes dos curtas clássicos da Warner.
Browngardt, conhecido por seu trabalho em Looney Tunes Cartoons, entende profundamente o DNA desses personagens. Sua direção opta pelo exagero visual e pelas gags físicas, mas nunca sacrifica a narrativa. O longa é pontuado por momentos que misturam o riso fácil com uma doce melancolia — aquela sensação de reencontrar velhos amigos que, apesar do tempo e das mudanças tecnológicas, continuam os mesmos. A animação 2D, com traços vibrantes e movimento expressivo, é uma carta de amor ao legado da Warner Animation. Há uma textura no traço, uma fisicalidade na movimentação, que nenhuma animação computadorizada moderna consegue replicar com a mesma alma.
É verdade que a montagem em certos trechos entrega sua origem híbrida — entre um especial televisivo e um longa de cinema. Há cenas que lembram episódios avulsos, como se o roteiro tivesse sido costurado a partir de esquetes independentes. Isso, no entanto, não chega a comprometer a experiência. Pelo contrário: há um certo prazer em acompanhar essas pequenas vinhetas de caos que se entrelaçam, conferindo ritmo e variedade à narrativa. Patolino, com seu ego inflado e ganância incontrolável, e Gaguinho, com sua inocência frenética e timidez explosiva, formam uma dupla dinâmica que raramente erra o tom. Juntos, conduzem a trama com o mesmo timing cômico que os tornou lendas do entretenimento.
Looney Tunes – O Filme: O Dia Que A Terra Explodiu não apenas diverte — ele reafirma o valor da animação tradicional como linguagem artística e como ferramenta narrativa. Em tempos em que a indústria parece cada vez mais avessa ao risco, é revigorante ver um estúdio apostar naquilo que já foi sua maior fortaleza: personagens icônicos, animação artesanal e humor atemporal. O filme pode não ser revolucionário, mas é uma ode sincera ao passado e, ao mesmo tempo, um convite para um futuro onde a irreverência e a criatividade possam voltar a guiar as decisões artísticas.
No fim, a esperança que fica é que este lançamento seja o ponto de partida para uma nova era dos Looney Tunes, seja nos cinemas ou nas plataformas da Max. Browngardt entrega não apenas um filme, mas um manifesto pela continuidade desse universo maluco, barulhento e absolutamente encantador. Uma grata surpresa de 2025, que relembra ao público — e, quem sabe, aos executivos da Warner — por que esses personagens merecem mais espaço, mais telas e mais risadas.
Com distribuição da Paris Filmes, Looney Tunes – O Filme: O Dia Que A Terra Explodiu estreia nos cinemas brasileiros em 24 de abril. É um lembrete de que o riso, quando bem desenhado, nunca sai de moda.
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