Jerónimo Martins e Sonae sobem 8 posições no ranking dos 250 maiores retalhistas globais
Este valor representa um crescimento de 3,6% face ao período anterior, sendo, no entanto, o mais baixo registado em mais de dez anos.


As 250 maiores empresas de retalho a nível mundial geraram mais de 6 biliões de dólares em receitas no ano fiscal de 2023 (terminado a 30 de junho de 2024), segundo o estudo “Global Powers of Retailing 2025” da Deloitte. Este valor representa um crescimento de 3,6% face ao período anterior, sendo, no entanto, o mais baixo registado em mais de dez anos.
O relatório, que traça um retrato do setor do comércio retalhista, grossista e de distribuição, sublinha o impacto das pressões inflacionistas, da cautela dos consumidores, da instabilidade geopolítica e da necessidade de adaptação tecnológica nas estratégias das empresas. “Os últimos anos têm sido desafiadores para os retalhistas devido a pressões inflacionistas, à maior cautela por parte dos consumidores, aos avanços tecnológicos e à instabilidade geopolítica – fatores que levaram a um
crescimento mais moderado dos principais retalhistas em comparação com períodos anteriores”, afirmou João Paulo Domingos, Partner e Líder da indústria de Consumer da Deloitte, em comunicado de imprensa.
A liderança do ranking mantém-se norte-americana, com a Walmart no topo, apresentando receitas de aproximadamente 650 mil milhões de dólares e um crescimento anual de 6%. Seguem-se a Amazon.com, com quase 252 mil milhões de dólares, e a Costco, com cerca de 240 mil milhões. A presença internacional continua a ser relevante: 31,8% das receitas da Walmart, 31,2% da Amazon.com e 27,1% da Costco provêm de mercados fora dos EUA.
O top 10 das empresas representa uma fatia de 34,9% das receitas globais, mais de 2 biliões de dólares, com um crescimento agregado de 4,9%. Sete destas empresas são norte-americanas, duas alemãs (Grupo Schwarz e Aldi) e uma chinesa (JD.com).
Há ainda duas empresas portuguesas entre as 250 maiores. A Jerónimo Martins ocupa agora a 37.ª posição, subindo oito lugares, com um crescimento de 20,6% e receitas superiores a 33 mil milhões de dólares. Já a Sonae ascendeu igualmente oito posições para o 138.º lugar, com um crescimento de 8,9% e receitas de 9.134 mil milhões de dólares.
O estudo revela ainda que os setores com maior crescimento foram o diversificado (8,3%), seguido do vestuário e acessórios (7,9%), desporto e lazer (6,7%) e bens de consumo rápido (5,6%).
O setor encontra-se num momento de transformação, impulsionado pela busca de eficiência operacional, adoção tecnológica, enfoque na sustentabilidade e diversificação das fontes de receita.
A Deloitte destaca que “62% das empresas de retalho reconhecem a sustentabilidade como uma via para aumentar as receitas”, e que o chamado recommerce — programas de troca, recompra e upcycling — está a ganhar terreno. Só nos EUA, este mercado é avaliado em mais de 188 mil milhões de dólares e deverá atingir 276 mil milhões até 2028.
Quanto ao futuro, as previsões são moderadas: o crescimento global estimado para os próximos cinco anos é de apenas 3,1%, o mais baixo das últimas décadas. O estudo aponta para um foco crescente na utilização de dados dos consumidores e em soluções de publicidade no ponto de venda como novas fontes de receita. Tecnologias como inteligência artificial, realidade aumentada, metaverso e Internet das Coisas são vistas como forças transformadoras para impulsionar a eficiência e a personalização no retalho.