Japão se irrita com Trump diante da pressão para cortar laços comerciais com a China
O governo do Japão pretende manter a relação econômica com a China, apesar de pressões dos Estados Unidos para formar um bloco comercial alinhado contra Pequim, conforme informações da Bloomberg. A posição japonesa foi confirmada por autoridades atuais e ex-integrantes da administração, que destacaram a importância da parceria com a China para a economia do […] O post Japão se irrita com Trump diante da pressão para cortar laços comerciais com a China apareceu primeiro em O Cafezinho.

O governo do Japão pretende manter a relação econômica com a China, apesar de pressões dos Estados Unidos para formar um bloco comercial alinhado contra Pequim, conforme informações da Bloomberg.
A posição japonesa foi confirmada por autoridades atuais e ex-integrantes da administração, que destacaram a importância da parceria com a China para a economia do país.
O tema surge em meio às negociações entre Tóquio e Washington para garantir alívio definitivo das tarifas impostas durante o governo do ex-presidente Donald Trump.
O Japão busca um acordo antes do fim do prazo de 90 dias de suspensão tarifária, e uma das apostas é concluir as negociações durante a próxima cúpula do G7, prevista para junho. As informações foram repassadas por fontes ligadas ao governo japonês, sob condição de anonimato.
Segundo essas fontes, o Japão se mantém atento a qualquer tentativa dos Estados Unidos de envolver aliados em uma estratégia de restrição comercial contra a China.
A posição de Tóquio é priorizar seus próprios interesses econômicos, mantendo a cooperação com Pequim, que permanece como maior parceiro comercial japonês e fornecedor relevante de matérias-primas.
Embora o governo americano não tenha feito solicitações diretas ao Japão para adotar medidas contra a China, autoridades japonesas indicam que qualquer proposta nesse sentido seria analisada com cautela.
Uma das fontes da Bloomberg afirmou que Tóquio já comunicou repetidamente à China que não pretende alinhar-se integralmente com Washington em temas como a restrição à exportação de semicondutores.
O Ministério das Relações Exteriores do Japão não comentou as informações divulgadas pela agência Bloomberg.
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, tem liderado as negociações comerciais com o Japão e outros países aliados. No início do mês, Bessent declarou que Washington buscava estabelecer acordos com nações parceiras antes de tratar diretamente com a China, sugerindo a intenção de formar uma frente coordenada para negociar com Pequim.
A Bloomberg reportou que os Estados Unidos planejam exigir de países que buscam alívio tarifário uma redução nos laços econômicos com a China, em uma tentativa de ampliar a influência americana nas tratativas comerciais.
O negociador-chefe do Japão, Ryosei Akazawa, deve retornar em breve a Washington para uma nova rodada de discussões com autoridades americanas.
Paralelamente, o governo chinês advertiu na segunda-feira que se opõe a qualquer acordo firmado entre outros países e os Estados Unidos que envolva prejuízo aos interesses de Pequim.
A mensagem foi divulgada após o governo Xi Jinping afirmar que “se opõe firmemente a qualquer parte que chegue a um acordo às custas dos interesses da China”.
Em entrevista à Bloomberg TV, o parlamentar japonês Kono Taro, ex-ministro das Relações Exteriores e integrante do Partido Liberal Democrata, ressaltou a necessidade de atenção redobrada quanto à segurança econômica e à cadeia de suprimentos em relação à China.
Enquanto resiste às pressões externas, o Japão mantém esforços para reabrir mercados chineses para seus produtos. Tóquio tenta convencer Pequim a retomar as importações de frutos do mar e carne bovina, suspensas por motivos sanitários. Delegações japonesas estão viajando ou planejando viagens à China para tratar da questão e preservar o diálogo bilateral.
Na quarta-feira, Tetsuo Saito, líder do Partido Komeito, integrante da coalizão de governo, entregou uma carta do primeiro-ministro Shigeru Ishiba ao dirigente chinês Wang Huning. Após o encontro, Saito afirmou que Japão e China concordaram em apoiar o sistema multilateral de comércio e em pressionar separadamente os Estados Unidos pela retirada das tarifas.
A presença das empresas japonesas no mercado chinês continua expressiva. Nesta semana, a Toyota Motor Corp. anunciou planos para construir uma nova fábrica em Xangai até 2027, com um investimento estimado em US$ 2 bilhões.
Atualmente, cerca de 20% do comércio exterior japonês envolve a China, percentual superior ao registrado nas relações comerciais com os Estados Unidos.
No entanto, em 2023, os Estados Unidos ultrapassaram a China como principal destino das exportações japonesas, tendência que se manteve no ano seguinte.
Apesar disso, muitas empresas japonesas têm revisto seus investimentos na China devido ao enfraquecimento da economia chinesa e à redução das receitas.
O histórico de tensões comerciais entre Japão e China inclui episódios como a restrição chinesa à exportação de terras raras em 2010, durante uma disputa política.
O episódio levou a indústria e o governo japoneses a buscar alternativas de fornecimento em países como a Austrália. Mais recentemente, a China incluiu sete terras raras em sua lista de controle de exportações, medida adotada em resposta às tarifas americanas.
Em declarações à imprensa, Saito relatou ter solicitado às autoridades chinesas que ajam de maneira responsável na gestão das exportações de terras raras.
A posição japonesa reflete a complexidade das relações entre os Estados Unidos, seu principal aliado em defesa e segurança, e a China, seu maior parceiro comercial.
O Japão abriga a maior base militar americana fora dos Estados Unidos, e recentes declarações de Trump voltaram a cobrar de Tóquio um aumento nas contribuições para a manutenção dessas instalações.
Especialistas apontam que a exigência de Washington para que o Japão reduza seus vínculos econômicos com a China representaria um desafio considerável.
“Será muito, muito ruim para o Japão se houver uma queda no comércio tanto com os EUA quanto com a China”, avaliou Yu Uchiyama, professor de ciência política da Universidade de Tóquio. “Se os formuladores de políticas disserem para abandonarmos a China, os empresários, é claro, se oporão.”
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