Intel prepara corte massivo no quadro de funcionários e anuncia reestruturação

A Intel Corp. deve anunciar nesta semana uma redução de mais de 20% no número de funcionários como parte de uma estratégia de reestruturação voltada para simplificar a gestão e fortalecer a área de engenharia.

A informação foi divulgada por uma fonte do site Bloomberg, que pediu anonimato por se tratar de um plano ainda não formalmente comunicado pela empresa.

A medida será a primeira grande reestruturação sob a liderança de Lip-Bu Tan, que assumiu o cargo de diretor executivo da companhia no mês passado.

A Intel, que no final de 2024 contava com 108.900 empregados — número inferior aos 124.800 registrados no ano anterior — já havia realizado outra rodada de demissões em agosto do ano passado, quando anunciou o corte de aproximadamente 15 mil postos de trabalho.

Procurada, a Intel não comentou sobre os planos de demissão. No entanto, os movimentos da empresa têm sido acompanhados de perto pelo mercado financeiro.

Antes da abertura das bolsas de Nova York na quarta-feira, as ações da Intel apresentaram alta de até 3,5% no pré-mercado, embora tenham acumulado uma queda de cerca de 43% nos últimos 12 meses, encerrando o pregão da terça-feira cotadas a US$ 19,51.

Segundo a fonte ouvida pela imprensa, o objetivo da reestruturação é eliminar processos considerados excessivamente burocráticos e reposicionar a companhia, que enfrenta dificuldades em recuperar espaço diante de concorrentes no setor de semicondutores.

A empresa, com sede em Santa Clara, Califórnia, tem registrado queda nas vendas por três anos consecutivos e acumula prejuízos em meio à perda de competitividade tecnológica, especialmente frente à Nvidia Corp., líder em soluções voltadas para inteligência artificial.

Lip-Bu Tan, que anteriormente atuou na Cadence Design Systems Inc., tem sinalizado a intenção de promover uma série de mudanças internas para retomar o crescimento da fabricante de chips. Entre as ações previstas estão o desmembramento de ativos considerados não essenciais e o foco no desenvolvimento de produtos com maior potencial de mercado.

Na semana passada, a Intel anunciou a venda de uma participação de 51% em sua unidade de chips programáveis, a Altera, para a Silver Lake Management, movimento alinhado à estratégia de reestruturação.

Durante sua participação na conferência Intel Vision, realizada no mês passado, Tan afirmou que a companhia precisa recompor seu time de engenheiros, melhorar o balanço financeiro e ajustar os processos produtivos para atender de forma mais eficiente às demandas dos clientes. O executivo ressaltou que esses fatores são fundamentais para viabilizar a recuperação da empresa.

O anúncio dos resultados financeiros do primeiro trimestre, previsto para esta quinta-feira, deverá ser a oportunidade para que Tan apresente novos detalhes sobre os próximos passos da Intel. Apesar das expectativas de que o pior momento da queda nas receitas já tenha passado, analistas de mercado avaliam que a companhia não conseguirá retomar, no curto prazo, os níveis de vendas registrados em anos anteriores.

A nomeação de Tan como CEO ocorreu após a saída de Pat Gelsinger, que deixou o comando da Intel no ano passado. Gelsinger havia apostado em uma estratégia de ampliação da capacidade fabril da empresa, incluindo planos para a construção de uma unidade no estado de Ohio que chegou a ser projetada como o futuro maior centro de produção de chips do mundo. A iniciativa, no entanto, foi adiada em meio às dificuldades financeiras e à revisão de prioridades da companhia.

A Intel também figurava entre as principais beneficiárias do Chips and Science Act de 2022, programa que prevê subsídios para o setor de semicondutores nos Estados Unidos.

Entretanto, a continuidade desse programa passa por mudanças sob a atual administração do presidente Donald Trump, o que pode influenciar os investimentos previstos para a expansão da rede de fábricas da empresa.

Outro ponto de incerteza envolve uma possível parceria de fabricação com a Taiwan Semiconductor Manufacturing Co. (TSMC), tema que foi alvo de especulação nos últimos meses. O CEO da TSMC, CC Wei, declarou recentemente que a companhia continuará concentrada em suas próprias operações, o que diminui as perspectivas de uma colaboração entre as duas fabricantes.

Nos últimos anos, a Intel perdeu participação em segmentos estratégicos da indústria de semicondutores, incluindo o mercado de processadores para inteligência artificial, que tem registrado crescimento acelerado. A demora na resposta à expansão desse setor permitiu que a Nvidia se tornasse a empresa de chips com maior valor de mercado, superando a receita da Intel.

Na gestão anterior, Gelsinger reconheceu que a Intel havia perdido capacidade de reação diante das transformações do setor e declarou que não recebeu o tempo necessário para implementar sua proposta de recuperação. Em sua primeira aparição pública como CEO, Tan destacou que o processo de reestruturação demandará tempo e que o caminho para a recuperação será desafiador.

A empresa não detalhou até o momento quais áreas ou regiões serão mais afetadas pela nova rodada de demissões. O mercado aguarda a divulgação dos resultados trimestrais e eventuais atualizações sobre o plano estratégico da nova gestão.

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