China anuncia operação bem-sucedida de reator nuclear experimental movido a tório no Deserto de Gobi
Pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências confirmaram a operação de um reator nuclear experimental movido a tório, localizado no Deserto de Gobi. O projeto alcançou a chamada “operação em potência máxima” em junho do ano passado e, mais recentemente, realizou o processo de recarga do reator enquanto ele permanecia em funcionamento. A informação foi divulgada […] O post China anuncia operação bem-sucedida de reator nuclear experimental movido a tório no Deserto de Gobi apareceu primeiro em O Cafezinho.

Pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências confirmaram a operação de um reator nuclear experimental movido a tório, localizado no Deserto de Gobi.
O projeto alcançou a chamada “operação em potência máxima” em junho do ano passado e, mais recentemente, realizou o processo de recarga do reator enquanto ele permanecia em funcionamento.
A informação foi divulgada durante uma reunião privada realizada no início deste mês, segundo o jornal South China Morning Post.
O reator faz parte de uma iniciativa de pesquisa que utiliza o tório como alternativa ao urânio. De acordo com a Associação Nuclear Mundial, o tório oferece uma opção menos suscetível à utilização para fins bélicos, uma vez que combustíveis derivados desse material são considerados fontes inadequadas para a fabricação ilícita de artefatos explosivos.
A unidade instalada no Deserto de Gobi tem capacidade de dois megawatts e foi desenvolvida no formato de um reator de sal fundido (MSR, na sigla em inglês).
Nesse tipo de tecnologia, o combustível e o refrigerante utilizados são compostos por sais fundidos, que permitem a operação do sistema em pressões inferiores às de reatores convencionais baseados em água. Esse modelo reduz o risco de acidentes graves associados a fusões nucleares.
O conceito do reator de sal fundido prevê que, em caso de rompimento de tubulações ou de qualquer outro componente do sistema, o combustível seja dispersado e resfrie até atingir um estado sólido, o que contribui para a contenção do material no próprio local da ocorrência.
Essa característica foi descrita em relatório elaborado por órgãos vinculados ao governo dos Estados Unidos, que analisaram as vantagens operacionais e de segurança dos MSRs.
No documento, os pesquisadores afirmam que o combustível dos reatores de sal fundido tem tendência ao congelamento quando exposto ao ambiente, o que favorece a dispersão e o resfriamento em situações de emergência.
O relatório aponta que, nesse tipo de reator, a possibilidade de explosão de vapor, como a verificada no acidente de Chernobyl, é consideravelmente menor devido à ausência de grandes pressões internas.
A tecnologia dos reatores de sal fundido não é recente. O conceito foi desenvolvido nos Estados Unidos entre as décadas de 1940 e 1950, durante um programa que previa o uso de propulsão nuclear para bombardeiros militares.
O projeto, financiado durante a Guerra Fria, recebeu investimentos próximos a US$ 1 bilhão, mas foi interrompido pelo Congresso norte-americano em 1961. A preferência pelo urânio como combustível se consolidou naquele período, em razão de seu potencial de aplicação militar.
Após o encerramento do programa, os resultados das pesquisas sobre os MSRs foram disponibilizados em domínio público, o que permitiu que outras nações utilizassem os dados para novos estudos e desenvolvimentos tecnológicos. A equipe responsável pelo projeto no Deserto de Gobi utilizou parte desse material para viabilizar o reator chinês.
O cientista-chefe do projeto, Xu Hongjie, comentou sobre o avanço alcançado pela equipe, destacando que o conhecimento produzido pelos pesquisadores norte-americanos foi fundamental para o desenvolvimento do reator na China. Segundo Xu, “os EUA deixaram sua pesquisa disponível publicamente, aguardando o sucessor certo”.
O projeto chinês insere-se em uma estratégia mais ampla da indústria nuclear do país, que tem investido em tecnologias alternativas para diversificar suas fontes de energia.
A escolha pelo tório e pelos reatores de sal fundido representa uma tentativa de reduzir a dependência de combustíveis nucleares tradicionalmente utilizados e de buscar soluções consideradas mais seguras para o setor energético.
Além da menor possibilidade de uso militar, o tório apresenta características que facilitam sua obtenção em comparação ao urânio, o que pode contribuir para a ampliação da viabilidade econômica de reatores desse tipo.
A pesquisa chinesa também explora o potencial de os MSRs oferecerem maior estabilidade operacional e capacidade de operar em ciclos mais longos, com menor necessidade de intervenções para manutenção ou recarga.
A confirmação da operação bem-sucedida do reator no Deserto de Gobi ocorre após a divulgação, meses atrás, de imagens de satélite que indicavam a existência de uma instalação de fusão nuclear na província chinesa de Sichuan. A revelação da atividade no setor de fissão amplia o escopo das pesquisas nucleares em andamento no país.
O desenvolvimento de reatores alternativos integra o esforço da China para aumentar sua capacidade energética e reduzir emissões de carbono, além de representar um movimento em direção ao uso de novas tecnologias nucleares que possam operar com menor risco de acidentes graves e com impacto reduzido sobre o meio ambiente.
O projeto no Deserto de Gobi segue em fase de pesquisa, com foco em aprimorar o desempenho do reator e avaliar a viabilidade de aplicações em escala maior. Até o momento, o governo chinês não informou se há planos para a construção de unidades comerciais baseadas nessa tecnologia.
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