Felipe Miranda responde: Quem assumir a presidência do Brasil em 2027 pegará o país quebrado?

O próximo presidente do Brasil assumirá um país quebrado? Como os brasileiros podem aproveitar o cenário caótico da economia americana com Donald Trump? Existe oportunidade de compra na curva de juro dos EUA?

Essas são algumas das perguntas respondidas pelo CIO da Empiricus, Felipe Miranda, durante o último episódio do programa semanal Blink!. Veja as opiniões: 

Quem assumir a presidência do Brasil em 2027 pegará o país quebrado?

Felipe Miranda: “Não sei se necessariamente quebrado, mas o próprio Ministério da Fazenda admitiu que falta dinheiro para as despesas discricionárias já em 2027. 

Há um aumento em alta velocidade das despesas obrigatórias, movimentada por uma série de pisos constitucionais e indexações – como aposentadoria com salário mínimo, pisos constitucionais para saúde e educação, e outros gastos obrigatórios que crescem já numa velocidade grande.

Como há uma trava na despesa total a partir do arcabouço fiscal e uma parte do orçamento que cresce muito rápido, as despesas discricionárias tem que ficar negativas, causando um problema.

Quebrado é quando não tem dinheiro para pagar. Na verdade, o Brasil tem a dívida em moeda local, não em dólar, e tem o dinheiro para pagá-la. Porém, isso gera inflação. Inevitavelmente, não há escapatória de um grande ajuste fiscal. 

Simone Tebet falou que haverá uma janela pós-eleição 2026 em que o ajuste fiscal será necessário. Talvez algo em que o STF libere alguma forma de pagamento de precatório fora da meta também em 2027 ou de um processo inflacionário grande.

No final, quem sofre mesmo com a inflação é o pobre. Nós estamos protegidos da NTN-B, mas para quem tem a renda inteira e o patrimônio consumidos pelos gastos, a inflação é um grande problema”.

Como nós brasileiros podemos aproveitar financeiramente este cenário caótico que o Trump está trazendo para a economia americana? 

FM: “Em termos líquidos, o Brasil tem sido um ganhador quando comparado aos outros países. O dinheiro sai dos EUA e vai comprar outras coisas. 

Esse processo de fortalecimento do dólar e o excepcionalismo americano vem desde 2010. Então, para reverter um processo de 15 anos, deveria ser algo mais longevo. 

Existe uma sobreposição das pessoas em dólar. O dinheiro tem que sair do dólar e ir para outros lugares do mundo, entre eles, para o Brasil. Então já temos nos beneficiado”. 

Curva de juros de 10 anos nos EUA está dando oportunidade de compra?

FM: “Acredito que tem duas forças nessa questão. O Fed, no mandato duplo dele, está dando mais peso à recessão do que a uma alta da inflação neste momento. Christopher Waller, membro do Fed, foi explícito nessa direção. 

Por outro lado, diante de tanta incerteza do Trump, o term premium – o prêmio pelo tempo – deveria aumentar. Então, não é tão óbvio que acontece com a curva de juro de 10 anos. Eu acho que já dá uma oportunidade. Mas deve haver cuidado com os trades na renda fixa americana. É um mercado bem arbitrado”.

Além disso, Miranda também dá recomendações de livros e fala sobre o movimento que pode auxiliar quem está começando a investir. Você pode conferir o episódio completo no bloco abaixo: 

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